BREGA LÍRICO (Sombra e Refresco)

A importância que está  no pronunciar 

A beleza será  do que se diz

O que importa

Antes do   desejar 

É esperar que outro venha feliz.

A amargura 

O amargurar 

Nesse caminho

Não vai passar 

Sabendo que aqui terás 

Sombra e refresco 

Um cafuné pra você se acalmar 


Tiveres frio

Pra aquecer-te tenho calor

Cesse a tristeza 

Esquece a dor 

Não tenha pressa

Desespero não é forma de amor


A qualquer hora 

A qualquer dia

Sempre serás 

Minha poesia 


SE ACASO FOR

Já faz algum tempo

Que no canto, encostado 

Mantenho distância do meu violão 

Naquela madrugada 

Chegando,  não mais estava

Levou a poesia 

Secou minha fonte de inspiração

 

A cama ficou vazia 

A vida ficou vazia

Em cada canto  dessa casa

O silêncio da solidão 

Nunca mais um minuto de alegria 

A tristeza instalada 

Dentro do meu coração.

 

O poeta vai a procurar 

Nem tão certo se deva

Mas vai lhe procurar 

Nem sei se devo

Mas se ela não voltar 

Pelo menos um bolero eu escrevo.

 

Se acaso for

(Ah!  Se acaso for )

Se ela voltar 

Volta o amor

Volta a alegria

(volta meu amor)

Volta o nós dois

(volta meu amor)

 

Volta a poesia


VOA MILONGUEIRO

 Meu milongueiro predileto, a anos luz de qualquer outro é Bebeto Alves, que é milongueiro mas mistura com rock, com reggae, popeia a chala.

Fui iniciado na sua obra pelo Tio Nego, um gaúcho radicado na Bahia há quase 40 anos ( o conheço há mais de 30. Negão Neri é de Canelas e curte e conhece som pra caralho, digitalizei mais de 100 discos da sua discoteca e é parceiro forte esse Neri Clademir, mais que parceiro, camarada mesmo. E ter conhecido essas milongas através dele me facilitou pois, além de falar sobre os artistas, as músicas, a história daquelas bandas pampeadas, ele me traduziu as letras, pois, pra um nordestino dos cafundós da caatinga, o gauchês é um dialeto que embaralha, tem termos peculiares de abrangência regional; mas ele, até hoje, é meu consultor informal sobre esse dialeto e demais coisas do rio Grande.
Mesmo que não entendesse as letras por completo,a música me bastaria para curtir a obra de Bebeto, os arranjos são primorosos, notadamente os violões, tocados de uma forma que não estamos acostumados em outras regiões do país. Deve ser a influência das Missões, a forma de tocar do berço do violão que se situa pela Andaluzia, Córdoba regiões de influência árabe pois os Maometanos já foram senhores dessas terras até o final do século XV, aprendemos isso quando estudamos a união dos reinos de Aragão e Castela que deram origem ao núcleo inicial da pátria espanhola.
Só sei que gosto, escuto muito, dou maior valor, viajar nos acordes dessas cordas de aço é maravilhoso.
Bebeto Alves foi um dos primeiros artistas que eu vi disponibilizar na internet tudo sobre a carreira com toda a discografia pra se escutar.
Lá por 2006 eu já era frequentador da sua página .
Foi com ele que tio Nego aprendeu e me repassou a origem da milonga, termo originário dos africanos escravizados que aqui foram trazidos à força, bem como as diferenças da milonga tocada no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
VOA MILONGUEIRO!
Valeu Tio Nego!, Valeu Bebeto!!!


O MOLEQUE VEM COM TUDO

Sou um dos maiores jogadores de dama que conheci, a modéstia não me impede de dizer. Aprendi a jogar dama em casa, meu pai me ensinou e com 11 anos "peguei a mão" do jogo dele e no dia que ganhei a primeira, ganhei várias, algumas foram até fáceis mas né faltou modéstia; ele não tinha facilitado e eu também não entendia que nas correrias de pai ele podia não tá num bom dia; desdenhei do Velho e ele, nervoso, quebrou a dama traçada com pincel atômico num isopor de uns  40X60 cm.
Mas eu não jogava só em casa, vários colegas também jogavam e tinham dama em casa e na Barbearia de Seu Nelson, pertinho de casa, tinha vários jogos de tabuleiro onde ele deixava a gente jogar mesmo quando não ia cortar o cabelo. Além de dama, tinha ranzinza, dominó, ludo e um totoxinho onde os jogadores eram pregos na madeira e a bola era uma nica (moeda) de CR$ 0,01 ( 1 centavo de cruzeiro) .
Já rapaz dos seus 18 anos quando fui morar em Salvador, aos poucos fui perdendo a timidez e  andei disputando partidas no ninho das cobras dos dameiros no Relógio de São Pedro; eu já não me concentrava no jogo como antes mas não fazia feio não, quando virava na riúna fazia a banca. Na hora do rango na firma demore tinha uma daminha também.
Em São Paulo fiquei afastado da dama, acho que nem joguei; muitos anos depois no Sul da Bahia, fui numa ocupação do Sem Terra e lá tinha um Maro muito afamado na dama, reinava e brincava com a galera, não perdia uma. Aí, eu na minha nem intenção de jogar tava e o povo no Barracão jogando na melhor de 3; quem perde, sai. Maro era 2X0 direto até que ele disse que tava cansado de tanta facilidade, ficou tatuando e me chamou pra jogar uma rodada, topei. Facilidade quem encontrou fui eu, 2X0; vamos outra? Fui, 2X0 novamente, jogamos uma 15 partidas, ganhei todas. Maro ficou meio envergonhado e o povo danou a zuar ele.
Nesses tempos de internet antes eu jogava online nas várias regras, nivel Mestre, gostava na não é a mesma coisa. Esse ano fizemos uma dama na casa da minha mãe lá no Roçado mas meus sobrinhos não conseguiram me ganhar uma, André também não. 
Ontem ele chegou com uma dama e me desfiou na hora di almoço, só dei pra jogar 1 rodada pois tinha que voltar pro trabalho, 2X0 e lhe disse que estava sempre 3  jogadas à frente dele.  À noite, outra rodada e logo na primeira o moleque me ganhou, o menino copiou meu jogo, veio com 3 jogadas â frente também, manteve a primeira linha sem mudanças e partiu pra cima com 6 pedras agrupadas em 3 duplas e consegui fazer um corredor pra que uma sétima virasse dama; ele perderá as 6 mas ficou com a dama por trás do meu jogo, me empurrando pro paredão intacto; fui perdendo pedras no avanço até que o moleque destruiu meu jogo e ganhou. Analisando fui perceber que ele utilizará sei conhecimento de jogador de xadrez, um bloco 3 pedras ele fez tipo de pião enviesado, a pedra que virou dama ele fez um caminho de cavalo Estupefato e orgulhosao fiquei, reconheci, elogiei e descrevi o que ele haverá feito. Acelerei pra 5 jogadas na frente e ganhei as 2 partidas seguintes e virei a rodada porque o coroa aqui agora tá esperto mas sei que em poucos dias estarei passando o posto, a diferença neuronal é grande, ele é obstinado e eu sempre fui um jogador indisciplinado, sempre fui um improvisador no tabuleiro, só que sempre tive velocidade de jogo (por isso, dama melhor que xadrez) e essa é, ainda, a minha vantagem no jogo mas já estou preparado pra passar o bastão. Mas o pulo do gato inda é meu.

O TIIÚ DA LAGOA SOTERRADA

Percurano uma sombra pra bater o bandeco e tirar uma boresta encontro amigo Tiiú que de tão zangado  se retirou sem me cumprimentar esse seu velho admirador 
Bicho valente, enfrenta e vence árduas batalhas com  cascavéis pois é mandingueiro e conhece uma batata na mata que anula o veneno da peçonhenta quando ferido; no mais o cabo vira um potente chicote que vai golpeano, do chucaio pra venta não perde um açoite.
Mas, dessa vez o amigo Tiú divia de tá infezado pur causa do aterramento final da lagoa, bateram laje de entulhos, gravilhão, cascalho e pedras transformando o que já foi um  riacho que entrava e saia da lagoa rumo pra desaguar no, hoje também morto e soterrado,  Itapicuru Mirim. Só restará um canal de esgoto coberto  de concreto em cima do lago. Farão uma obra que vai dar dinheiro pros empreiteiros, cartaz pro prefeito, renda pros permissionarios e o povo da cidade acha que vai ser bom por causa que vai ter uma arena pra jogos, festas, eventos e assaltos .
Talvez nesta cidade só eu o o Tiiú achemos que sepultar a lagoa não é bom pra ninguém, em nenhuma hipótese enterram peixes, cágados d'água, girinos e tabuas.
Volto pra jornada de pião desconfiado, quase na certeza, que o réptil caatingueiro não conseguirá escapar pra algum lugar seguro pois a lagoa já tava rodeada de civilização por todos os  lados e não há corredor seguro pra ele se refugiar se mandando lá pras bandas da Pingadeira.

COCADE DE LICURI

É coco, coquinho, cocada
Licuri, licurizeiro 
É coco, coquinho, cocada
Licuri, licurizeiro 
O doce mais gostoso
De todos que eu já vi
Não foi goiabada nem marmelada
Não foi de banana nem se murici
Não foi de cajá nem de jaca
Não foi de amora nem de kiwi
Nao foi de lima  nem de limão 
Não foi de pitanga nem de caqui
Não foi de manga, nem de mamão
Não foi de cacau nem de açai
Não foi de jabuticaba nem de sapoti
Não foi de batata doce
O doce mais doce que eu comi 
Foi o doce que fez na cocada
Do coco de licuri 
É coco, coquinho, cocada
Licuri, licurizeiro 
É coco, coquinho, cocada
Licuri, licurizeiro 

Pedro Sertanejo

 
Nascido em 26/04/1927, no município de Euclides da Cunha/BA, região onde sertanejos cristãos se rebelaram em obediência do beato contra a autoridade republicana. Pedro de Almeida e Silva, o Pedro Sertanejo, uma lenda do forró!

Grande tocador de fole de botão, ótimo compositor, afinador de sanfonas, produtor de discos e radialista, foi dono da gravadora Cantagalo e de uma casa de forró: Forró de Pedro Sertanejo.

Em 1966 fundou o forró que levava seu nome, ali no Brás, na Rua Catumbi, 183, passagem obrigatória da nação forrozeira em SP. Fundou a gravadora para dar voz aos nordestinos talentosos que não tinham vez nas grandes gravadoras. Dominguinhos, Camarão, Zé Gonzaga, Geraldo Correia, Clemilda, Zenilton, Ary Lobo e Anastácia também fizeram discos com Pedro e, mesmo, Jackson do Pandeiro gravaram sob o selo da Cantagalo, dos nomes mais conhecidos, somente Gonzagão e Marinês não fizeram parte do casting.

Compôs mais de quinhentas músicas, dentre essas Rato Molhado e Roseira do Norte (parceria com Zé Gonzaga) figuram entre as instrumentais mais tocadas pelos sanfoneiros e gravou mais de 100 discos.

Faleceu aos 69 anos em 1997

 

Abdias, Sanfoneiro Derna de Menino.


      Nascido em Taperoá em 13 de dezembro de 1933 e batizado por José Abdias de Farias, filho de Alípio Maria da conceição e Cecília Maria de Farias, Abdias foi sanfoneiro, compositor e produtor musical borboremense, nordestino, brasileiro e latinoamericano.
Seu pai era um dos mais afamados sanfoneiros do sertão paraibano que também era mecânico e afinador de sanfonas, foi dele que o primogênito Abdias recebeu os primeiros ensinamentos musicais pra pilotar a sanfona.
Aos  12 anos já era um craque no acordeon fazendo vez de solista na Radio Difusora de Alagoas; ele fora descoberto por um radialista da capital em  Palmeira dos Índios para onde fugira correndo da seca e da fome na Borborema. Ganhando um concurso nesta Rádio escolheu como premio uma viagem à sua terra natal recebendo em troca a obrigação de se apresentar na coirmã radiofônica em Campina Grande aonde veio a conhecer Marinês, então uma garota de 14 anos que cantava escondida do pai em programas de calouros. Ela, então, tornou-se companheira e parceira de vida e música por mais de 20 anos. Estando a dupla em Propriá, Sergipe, Luiz Gonzaga assistiu e se agradou do casal os convidando para se juntarem a sua comitiva, Abdias passou a dar “descanso” na sanfona pra seu Luiz. Por muito insistir Marinês, Abdias seguiu carreira solo tocando 8 Baixos e a diva continuou como estrela do Marinês e sua Gente. Sussuanil, ritmista e irmão de Marinês, completava o trio.
Em 1960 lançou seu primeiro disco pela Columbia gravando Quadrilha do Arraiá, de sua autoria e Roedeira do Amor de Ari Monteiro e ainda gravaria mais 3 naquele ano.
     Teve grande atuação como diretor da CBS por 28 anos, produzindo muitos dos artistas nordestinos no sul maravilha como : Jacinto Silva, Oswaldo Oliveira, João do Pife, Banda de Pífano Zabumba Caruaru, Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste, Coronel Ludugero, Jacinto Limeira, Messias Holanda, Elino Julião, Jackson do Pandeiro, Genário do Acordeon, Edson Duarte, Marlene Vidal, Dominguinhos  e tantos outros, foi responsável por muitas inovações nas técnicas de gravações em estúdios buscando sempre uma melhor qualidade dos registros musicais, muitas até hoje utilizadas. Foi demitido a pedido da SonyMusic que extinguiu o seu Departamento.
   Como artista solo gravou muitos discos entre compactos, LP’s em 33, 45 e 78 rpm’s, ao sais  da ingrata CBS gravou entre 78 e 88 8  discos nas Gravadoras Uirapuru (4), Copacabana (3) e Chantecler (1). Também produziu outros artistas nessas gravadoras. Gravou samba, choro, xote baião, coco, merengue e vários outros ritmos, sendo constantes as experimentações em seus trabalhos, sempre regidos e arranjados pelo inseparável sanfoneiro gaúcho Maestro Chiquinho do Acordeon.
Faleceu 7 meses antes de completar os 60 anos de idade em 1991

60 ANOS DO FORRÓ PÉ-DE-SERRA

      Tentam ocultar a importância do forró na música brasileira.

A historiografia oficial registra que foram os tropicalistas que abriram o caminho para a geração setentista do pessoal do Ceará, Pernambuco e Paraíba, sobretudo, divulgar a música nordestina.

O movimento forrozeiro que começou com Zé do Norte, Manezinho Araújo, Jararaca e Ratinho nos anos 40; a década de 50 teve na primeira metade Gonzagão, Gordurinha, Venâncio e Corumba e Jackson do Pandeiro e na segunda veio de mangote: Gerson Filho, Abdias, Marinês, João do Vale, Zé Calixto, Trio Nordestino, Antônio Barros, Zito da Borborema, Dominguinhos, Onildo Barbosa e outros que reforçaram ainda mais o terreno pra vida de Noca do Acordeon, Jacinto Silva, Elino Julião, Messias Holanda, Toinho da Sanfona, Pedro Sertanejo, Tororó do Rojão, Zé Paraíba, Luiz Vieira, Trio Mossoró. Esses que citei são todos de antes da onda Tropicalistas.

Aliás, Carcará que deve ter sido a primeira gravação da turma na voz de Maria Bethânia é composição nordestina e sobre os nordestinos de João do Vale e José Cândido que teve no Trio Mossoró seu primeiro registro e os irmãos Oséas Lopes, Hermelina e João Mossoró gravaram também, de Luiz Vieira, com temática nordestina Carcará de Botina e Chapelão.

Só pra ilustrar dizendo que existia uma cena musical nordestina antes do som universitário, muitos artistas e um grande público formado por imigrantes, trabalhadores longe da sua terra natal, muitos salões e muitas festas onde o pessoal se apresentava. Mas era som de pobre, gente sem estudo, sem o glamour pequeno burguês da MPB.

Era o pé-de-serra

Considera-se 1962 como a data de nascimento do forró pé-de-serra. Foi o ano que Pedro Sertanejo, afamado tocador, concertador e afinador de sanfonas rumou de Euclides da Cunha no alto sertão baiano para São Paulo de matulão, família e sanfona e lá se estabeleceu formando um polo de aglutinação do forró nordestino em torno dos sanfoneiros e músicos estabelecidos, principalmente, na Grande São Paulo. Pedro Sertanejo formou conjunto, abriu casas de show, produziu e empresariou músicos, gravou discos e abriu até gravadora para poder registrar a produção desse pessoal.

A PÉ-DE-BODE – Do pé da Muralha ao pé-de-serra

 

Primeiro veio a sanfona e, muito tempo depois veio o forró.

Um instrumento de sopro que gerava som a partir da vibração de palhetas foi inventado pelos chineses três mil anos antes de J.C. É dele que surgiu o acordeon que no ano Em 1829, na teve a primeira patente registrada na Europa iniciando sua produção artesanalmente enquanto ia sendo aperfeiçoado a cada unidade até que no ano de 1872 surge na Itália a primeira fábrica que industrializou a produção.

A partir do início do século XX as sanfonas começaram a se espalhar pelo mundo e apareceram no Brasil através dos imigrantes alemães e italianos e devido a sua versatilidade, rapidamente se popularizou e foi incorporada aos ritmos musicais aqui já existentes. Após o final da 2ª Guerra Mundial, em 1947, foi fundada a primeira fábrica no país.

Aqui no nordeste, a sanfona se tornou sinônimo de forró, embora fosse muito utilizada para execução de choros e boleros. Uma versão das mais simples, de menor preço, porém complexa, a de oito Baixos, também conhecida pelo nome de pé-de-bode se espalhou que nem rastio de pólvora pelo sertão nordestino, principalmente nos enclaves da Borborema e no Pajeú onde encontrou com o samba de coco.

O teclado, com até quatro oitavas, e o campo de registros para timbres de diferentes instrumentos fica do lado direito; o fole responde pela dinâmica da interpretação através da sua abertura e fechamento, e do lado esquerdo ficam os botões, os baixos distribuídos de acordo com o círculo das quintas. O intervalo entre o baixo e o contrabaixo é de uma terça maior. Na diagonal os acordes apresentam-se nessa ordem: maior, menor, sétima e diminuta.

Existem dois tipos o diatônico ou piano e o cromático apresentando botões dos dois lados, sendo que no lado direito a disposição dos botões segue a ordem das escalas cromáticas.

Pra tocar 8 Baixos não existe escola, Luizinho Calixto há poucos anos publicou um Método de Aprendizado, mas os tocadores em quase sua totalidade aprendem “de ouvido”, vendo os Mestres tocarem.


A PARENTAIA DA PAIA

De cantador e poeta
Me arvoro um pouco
Embolar coco é o remédio
Pra que eu não fique louco

Licuri na caatinga
É coco miúdo 
Catolé 
Licuri graúdo 
                        É 
E o ariri
É o mirim licuri
Babaçu é coco açu
Babaçu é coco açu

O GENRO SEM SORTE

(uma toadinha de Vaquejada lembrando de Kara Véia)

Gostaria de chamar de meu sogro
Zeca de Sinobilino 
Me conhece derna de minino
Lá da Várzea das Forquilhas
Ele tem é 4 filhas
Belos tipos de mulher
Me casaria com qualquer uma
Mas nenhuma me quer

A mais nova é Severina
Negra da  boca carnuda 
E o gênio bem tinhoso 
Imagino aquele beijo
Deve ser muito gostoso.
Catarina joga bola
Estudou na minha escola
Marquei em cima do lance 
Cavalinho sai da chuva
Ali tu num vai ter chance
Roquilina é avançada 
Muito louca eu pirada 
Ia pro rio comigo 
Queixei ela em namoro 
Mas me quer só como amigo.
Roquilina é avançada
Não come reagge de nada
Compromisso ela tá fora
Se falar em casamento 
Tá mandando ela embora.

Gostaria de chamar de meu sogro
Zeca de Sinobilino 
Me conhece derna de minino
Lá da Várzea das Forquilhas
Ele tem é 4 filhas
Belos tipos de mulher
Me casaria com qualquer uma
Mas nenhuma me quer

NUNCAMENTE

Sei que existem
Paixões
Que resistem 
A separações
Sem que nunca mais voltem a ser vividas 
E não fiquem parecidas
Com taras ou obsessões
Embora nunca sejam esquecidas

Tampouco a distância 
 Ou o tempo conseguiram
Fazer esquecer
Então vivo sonhando
Com o que nunca vai ser
O verbo que rima com a gente 
Nunca vai acontecer 
Eu e você, juntos novamente
Que nem antigamente
No indicativo do futuro 
Conjungamos nuncamente

Trancei uma esteira  
Com palhas de licurizeiro
Pensando em você nela deitada
Caprichei o mês inteiro
No outro mês foi desmanchada
Pode parecer besteira 
Sem você qualquer esteira
Terá sempre o valor de nada

Tampouco a distância 
 o tempo conseguiram
Fazer esquecer
Então vivo sonhando
Com o que nunca vai ser
O verbo que rima com a gente 
Nunca vai acontecer 
Eu e você, juntos novamente
Que nem antigamente
No indicativo do futuro 
Conjungamos nuncamente

DAS 30 LEIS DO CANGAÇO

Resquícios da violência
Das 30 leis do cangaço
Lajedos do Caldeirão
Debaixo da pedra um degredo 
A foice afia na dúvida 
No açoite seco do ingaço
Despenca de lá cima
Se plante tenha medo
A dor por cima do ombro
Enverga o espinhaço
Não vá desistir agora
Ainda é muito cedo
A carne cortada quente
Na ponta do estilhaço
Antes de perder o anel
Conserve inteiro o dedo
Moendo e remoendo
Cuspino fora o bagaço
Aquilo que se ripuna
Sempre tem gosto azedo 
Se acaba a munição
Retalha na ponta do aço 
Chega de enrolação
Quebre logo esse segredo
Desamarre o nó nas pontas 
Libere o aperto do laço
Nos carrascais desse sertão
Quem espera tempo ruim
É lajedo, é lajedo 

COCO DOS LICURIZAIS (Rabisco do livro VI - )

“Eu sou eu, licuri é coco pequeno”, mais que um ditado nordestino é a afirmativa de exatidão, pra tirar a curva da conversa, não deixar dúvidas. Pois é certo que o licuri é um coco e o licurizeiro é uma palmeira nativa e muito corrente na mata branca da caatinga. Licuri é no dialeto do sertão norte da Bahia, de onde venho, mas o Syagrus Coronata em outras regiões recebe outros nomes como: dicuri, adicuri, ouricuri, alicuri, aricuí, aricuri, butiá, butiazeiro, coco-cabeçudo, coqueiro-cabeçudo, iricuri, nicuri, urucuriba, nicuri-de-caboclo e urucuri. Teve muita importância para a sobrevivência do sertanejo fornecendo alimentação não pros viventes, fibra pra artesanato, palha para fechar e cobrir ranchos, fonte de renda extrativista; licuri mata a fome e maduro pra chupar é doce que nem mel.
• Um antigo descendente dos nativos de pele vermelha sabia que seus antepassados mais avançados imaginavam que antes do mundo ser mundo era tudo licurizal, somente bem depois, e mesmo assim dentro do palmito de um licurizeiro, ocorreu uma explosão de um morotó que agigantou a sua poeira cósmica, esse relógio que chamam de Waldir Serrão; nisso veio o verbo, o pó, a carne, o sangue e a mentira que separou as coisas e o mundo foi viver o seu mundinho da civilização e o licuri ficou no sertão resistindo despretensiosamente encarcerado entre cercas da repartição gananciosa do latifundio sob a condição espinhosa do semiárido nordestino junto dos mandacarus, dos juazeiros, icós, quixabas, juremas, quiabentos, sertanejos e toda a flora do sertão. Apoiou e protegeu quem quis ficar na caatinga com ele, homens e bichos; deu abrigo para que os gravatás pudessem guardar de beber pros passarinhos, abelhas, borboletas e marimbondos; alimentou gado, porco e cabras. Pro povo do sertão deu dicumê, abrigo, artesanato, óleo pra frigir as coisas, o leite pra temperar o peixe, o frango, o cortado de verdura e o arroz; sendo coco dá doce, faz cocada, faz paçoca. Grande parceiraço do povo dos Quilombos.
Nos dias de hoje licuri vive esquecido em meio à devastação da caatinga, o mais agredido dos biomas e a sociedade moderna o considera dispensável para o seu modelo de desenvolvimento econômico dessa derradeira etapa do capitalismo, ultra estágio da degradação humana.
Os licurizais sempre estiveram postados e plantados dignificando seu papel ao longo da existência do que ficou conhecido como sertão nordestino, sempre estiveram e a cada dia são menos numerosos e quando não mais os houverem não existirá mais sertão, o haverão destruído assim como o que houvera sido chamado por vida criada nos licurizais.
O licuri foi uma referência muito importante pra mim pelo impacto que tinha naquele tempo e pela gratidão que minha vó tinha pelo que o licuri fez pelo pobre na seca de 32, ela tinha 7 anos e o licurizeiro fornecia o coco, o palmito e o bró pra fazer cuscuz e dar um refrigero na fome daquela seca. Dona Almerinda, Dona Nega, minha vó, por nós chamada de Mãe, pelo muito que me transmitiu da sabedoria de nordestina que também foi nômade sobrevivente pelas veredas caatingais.
-Ç’á Mãe..

LICURI E ICÓ

Sou licuri e icó
Sou icó e licuri
Quando no tempo da seca
Seca tudo por aqui
Tristeza de fazer dó
Que de verde só se vê
Licuri e icó 
Sou licuri e icó
Sou icó e licuri
Coco que bate na pedra
Tira o leite e o azeite
Por ser coco, dá cocada
Faz colar vira enfeite 
Geme a gema da jurema
Galho de juá mirim
Quem geme é porque sofre
Como a dor fosse sem fim
É doído o sofrimento 
Eu tiro isso por mim
Se num fosse tal pessoa
Eu não sofreria assim
Triste e vivendo só
Carregando a tristeza
Bocapiu, cofo e aió
Alegria já perdi
Essa tal felicidade
É coisa que nunca vi
Onde a vista alcança 
Só vejo icó e licuri 
Sou licuri e icó
Sou icó e licuri
Quando no tempo da seca
Seca tudo por aqui
Tristeza de fazer dó
Que de verde só se vê
Licuri e icó 
Sou licuri e icó
Sou icó e licuri
 
Licuri, icó
Icó, licuri,
Licuri, icó...




LÁ ELA POWERZINHA (hit verão tiktokniano)

Lá ela é  bem poderosinha
Faz biquete com a boca
Vem quicando com a bundinha
Lá ela é bem poderosinha
Faz biquete com a boca
Vem quicando com a bundinha
Vagabundo aqui só diz
Mais que mina assanhadinha
Lá ela responde posso ser assim
Porque soy poderosinha 
Que garota mais assanhadinha
Boto de castigo
No meu colo sentadinha
Pra você sentir  
A minha poderosinha 
Que garota mais assanhadinha
Boto de castigo
No meu colo sentadinha
Pra você sentir  
A minha poderosinha
Kkkkk

TEZ CRUEL

Onde não há mais nada
Foi lugar de muita fartura
Escrito tudo e relatado 
No canto oculto da escritura
Onde se escondera
Acuada tal criatura
Em várias imagens
Sempre a mesma figura 
De arcabouço frágil 
E base insegura
O pão indócil amassado
No  amargo fel  da amargura 
O abraço cortante  
Da adaga afiada que fura
Pinga a cor encardida da tinta
Na rasurada pintura
Parada naquela parede, 
É só uma parte da partitura .
Na corda bamba
A engrenagem costura
Tecendo a tez cruel
Que acoberta a vida dura.

LAVANO ROUPA NO RIO

Um poço bom pra lavá rôpa tem que ter uma 1 peda arrudiano a correnteza e de um lado a água tem que tá nazartura do juêi pra mode inxaguá as rôpa istirada.
Separá as rôpa de butão; as sem butão vai batida na pedra, sem butão, isfrega.
Lava as rôpa avessano e enxaguá dizavessano. As lavadeira de ganho antigamente, fazia o contrário pra poder disvirá na hora de ingomá, mais eu num tô passano ferro nem nas nova nem nas véia.
Depois de enxaguá, dá ôto inxague na bacia com alfazema colhida nas gruna, pra ficá cherano as rôpa.
Mas, hoje vai voltá pano insombrado. Quando vc baixa pra torcê a rôpa e passa aquele bafo gelado de frio no pé dizuvido, a rôpa num seca mais hoje não.
Istorano 3 hora, o sol dá tichau puraqui
Carregá mais peso de vorta pra casa

CADA QUAL EM SEU LUGAR

De repente acordei atrasado e sem vontade 
De ir trabalhar 
Uma pessoa que veio no meu pensamento
Esteve em meu sonho
Me fez relembrar
E o lúdico sempre que é melhor que a vida
Meu inconsciente me dizia que ali
Era o melhor lugar pra ficar
Tentava me convencer 
A não levantar 
Escravo do trabalho que sustenta o capitalismo
A conjuntura é mais forte
Sujeição, desengano
A vida tem que girar
No sobressalto acordar
Sinto, mas meu desejo
Era sempre contigo estar
Mas, separados.
Assim se longe
É cada qual em seu lugar

DISTA DA RAZÃO

O meu coração
Dista da razão
Vive de ilusão 
Já não tem mais jeito
Indaga dentro do peito
E me desatina
Reconsidero
Ele reexamina
Pronuncia o nome
De quem tá no seu gostar 
É a mesma mina
O resolveu deixar
Que mandou recado
Para lhe esquecer
Foi semana passada
Perdi a namorada
Não consigo esquecer

PRONTA PRO CRIME

Do verbo querer
Conjugaria
Do Verbo querer, quereria
(Futuro do pretérito condicional)
Estar no seu rolê 
Em sua mesa
Em sua companhia 
Contigo beberia
Com certeza me embriagaria 
Se soubesse em que buteco
Hoje você decidiu beber
Pras desavenças com seu amor resolver
A estas horas já deve tá bem alta
Embriagada não sentirá nenhuma falta
Mesmo sendo uma mulher incrível
Nessas horas se transforma em previsível 
De cara um dose pura de aguardente
Garganta queima
Peito não sente
Com o coração em chamas
Nada gelado
Somente bebida quente
Quando no amor se desentende
Se embriaga, sente o baque
Pra esquecer
Com algumas  doses de conhaque
E fica louca, 
Sobe na mesa
Tira a roupa
Não se reprime
Quando tão doida
Pronta pro crime

FLOR DA QUIXABEIRA

Do lado de fora da janela do barraco
Tá forrado o chão
Flor de Quixabeira
Folha, fruto, madeira
Resistindo no sertão
Rancho, de palha
Pedra que afia, navalha
Corta o corte, facão
Estrovenga, machado, foice
Bicho bruto, acerta coice
Tempo de apartação
Porta aberta, cama vazia
Boca da noite, romper do dia
Morada da solidão

E ela se foi, assim ela se foi
Dizendo que iria embora
Nem sei como se foi
Mas caiu fora
Caiu fora, caiu fora 

UMA FOTONOVELA DIGITAL

Oi sumida
A nossa vida 
Se for resumida 
Uma fotonovela digital
Mediada por essa distância 
Que oculta o real
Tornou a saudade
Uma palavra esquecida
Eu que o diga
Ê vida, ê vida!

Sem estar perto
Pra se aproximar 
Uma garrafa de vinho
Pra compartilhar 
Molhar a saliva 
Minha boca em tua boca
Beijar
Um monte de coisa
Sobre nós dois
Que a gente tem pra contar
Ficar pra depois
Bem depois
De se amar 

Oi sumida
A nossa vida 
Se for resumida 
Uma fotonovela digital
Mediada por essa distância 
Que oculta o real
Tornou a saudade
Uma palavra esquecida
Eu que o diga
Ê vida, ê vida!

EU SEI O O PORQUÊ

E tava aqui pensando
Cada verso por amor intencionado
Que pra ti eu fiz
Era como se um beijo 
Que não pode ser dado
Por culpa sua
Que não quis 
Oh! Minha musa
Lembro do dia que você esqueceu aquela blusa
Fico sentindo o seu perfume 
Dias desse vi você na rede
Senti ciúme 
Praguejando ás paredes
Como é possível?
Então, consulto a sinceridade
E parece impossível 
Está é a grande verdade
Faço planos
Ela pensa o inverso 
Lá se vão anos 
 Que o que faço é reverter no verso
Sobre o dia que mais me dá  saudade
Roubou meu coração
Tirando do meu pensar a liberdade
Do querer, da imaginação
E eu sei o porquê
Porquê?
Estou sempre pensando em você 

SONORA

As ondas sonoras
Variam o seu comprimento
No espectro
Electromagnético
As distâncias são marcadas pelas palavras
Que brotam do meu pensar
Para serem no caderno
Escritas
Elencadas
Digo o que penso
E penso no que vou dizendo
O que sei, o que acho o que preciso saber
Nunca diga aquilo que não queria dizer
Ninguém precisa saber
Nunca faça o que não queira você
Ame, desame, desarme, desande 
Rebele-se, revele o que não poderia
Estar oculto
São sons, são palavras
Que rompem o silêncio
Pra acordar toda e qualquer calmaria

ZÓIO D'ÁGUA

Quem me dera você
Piscasse o zóio pra eu
Pra eu ir lá te queixar
Chamar pra dormir mais eu
Olhar tanto admirado
Quando encontrou o seu
Sei que o papo é manjado
Mas o amor aconteceu
Quem me dera você
Piscasse o zóio pra eu
Pra eu ir lá te queixar
Chamar pra dormir mais eu
A flecha do teu olhar
Mirou no meio do meu
Nao pude me desviar
Agora deu no que deu
Quem me dera você
Piscasse o zóio pra eu
Pra eu ir lá te queixar
Chamar pra dormir mais eu
Fiquei pra ela olhando
O olhar ela me devolveu
Sempre lhe avistando
Até que o zóio doeu
De longe vive chorando
De certo já me esqueceu






COCO SIBERIANO

Um digital trotisquista
De bermuda em seu quiosque
Sente-se um maquinista
Imagina-se ser Trotsky
Mais um arrivista
Durante o tratado de Brest-Litovisky
Teórico simbolista
Não entendeu Maiakóvski
Aquele que não compreende
O quanto dói a dor
Não entendeu Fiódor
Escrito e relatado o tanto que dói
Guerra e Paz, Karenina, Liév  Tolstói
A literatura da cena
A vida escrita na pena
Na prosa de Herzen as meditações de  Elena
O aperto no peito aumenta seu torque
A vida é mãe e a universidade da universalidade de Gorky

ELA NÃO VAI

Adeus Quebrada
A partida é citada
Na hora esperada
Termina a jornada
Idéia bolada
A sorte lançada
Chega de errada
Deixo a Baixada
Opinião formada
Decisão tomada
Viagem marcada
Passagem comprada
Pra hoje datada
Deixei a pousada
Rota tá traçada
Marquei a estrada
De cara lavada
Deixando a pisada
Vou na caminhada
Mala arrumada
Já tá na escada
Na cama deitada
Fica calada
Ela tá ligada
Dá uma olhada
Mas ela é casada
Até foi sondada
Se sente amada 
Gostou da cantada
Mas daqui não sai
Ela vai ficando
E ela não vai
Está terminando
Tudo se acabou
Ela não vai
Só eu que vou
Ela não vai
Sou eu quem vou

Barrocão Velho

Há quantas eras
Que não visito o meu velho Barrocão
Tá invernano o carro só vai até o Angico 
Pegar na foice 
Quanto tempo não pratico
Vamo de pé
Que Tiorino é de fé
Vamo de turma
Ajudar no mutirão
De madrugada
Que é pra roubar o bataião
Pegar o véi
Antes dele levantar
Lavano o rosto
É que vai se interar:
-Chegaro cedo
Vejo que já vão terminar.
Acende o fogo
Pras panela esquentar
Chegamos cedo que foi pra cedo
Essa chula começar
Serviço feito a cuíca vai roncar
Inté de noite
É comer, beber dançar.


EMBOLADA CRUA

Quem tem que chiar é quem sofre
Destrancar os sonhos trancados no cofre
Não pode calar nem emudecer
Tem ser dito o que há pra dizer
O verso só tem serventia se puder protestar
Seu sentido é a  utilidade do gritar
Dá tristeza ver a cozinha
E o dicumê que não tinha
Faz tempo que se comeu
Coçou o bolso, o cobre não deu
A fome atormenta o dia
A dispensa tá vazia
Acabou o dinheiro
Farei o meu próprio pandeiro
Um batuque pra ser escutado
Couro de bode espichado
Esquentado na brasa de angico
Sei que calado eu não fico
O aro é cipó de embira
Cada palavra uma mira
Vou botar o  meu coco na rua
E a embolada crua 
A verdade nua
Debaixo do sol, sob a luz da lua
Sua dor igual a minha
Minha dor igual a sua
Debaixo do sol, sob a luz da lua
A verdade nua
E a embolada é crua
Sua dor igual a minha
Minha dor igual a sua
E a embolada é crua
A embolada é crua

8 DOSES

 Tem 3/;4 de litro de  pinga pura e boa aqui em casa, vou beber à memória de Zé CCalixto que ao lado de Gerson Filho e Abdias formou o tripé fundamental para que a 8 Baixos saísse da roça e adquirisse o respeito como instumento de solo nos discos e nos salõese, se tornasse o meu predileto. ,Minha incompetência, lezeira e falta de iniciativa me impediram de aprender mas é o instrumentop que eu acho mais bonito alguém tocando.

Negrão, Bau, Luizinho, Arlindo e tantos outros...... e Zuza,  sobrinho de Dona Pequena que voltou de são Paulo com um instrumento, vizinho do meu tempo de criança que foi o primeiro tocador de 8 Baixos que vi na vida.


Estupefato! Ou A Garota que Voltou Pra Quem Já Queria Ter Voltado Pra Ela

Feliz que você apareceu
Pouco importa onde você estava
Por muito tempo te procurei
Nem imagina os lugares que passei
Eram incertos os caminhos por onde andei
Cada vez mais até eu mesmo me abandonava
Bebia, era triste, chorava 
Coração ferido pensando que te perdeu
Mas  na memória tava a certeza
De quem nunca esqueceu
Me relembrava de tudo que aconteceu
Uma esperança de, quem sabe,  poder algum dia   reviver tudo que a gente viveu

Eis que de repente
(não mais que de repente),
Chamam meu nome ao portão
Logo de cara, cogitei
Conhecer aquela  voz que escutei 
Tem horas que mesmo vendo a gente dúvida do que vê 
Me levantei, fui atender
Deixei o livreto de cordel que eu lia sobre a mesa
Estupefato!
A mais bela e grata surpresa
Era você, era você, era você 

CARONA DA IMAGINAÇÃO

De carona na imaginação
Irei viajar
Na ponta da sua orelha
Pra ficar perto do seu pensar
Do lado do que você  olhar
Sentindo o respirar
Querendo contigo falar
Digo e repito
Meu amor é infinito
E que você sendo a razão
Desse meu grito
De paixão fico aflito
Nem sei o que fazer
Essa canção pra lhe dizer
Que meu amor é tão bonito
Cultivo-o e acredito
E é para o seu saber
Sempre no meu pensamento
Eu viajo com você

FORROBODÓ (em dó maió)


Siridó, Tororó, Sanharó
Moxotó, Igapó, Chorrochó , Soropó, Mossoró e Bodó
Jericó, Bororó, Caximbó
Piancó, Bodocó e Icó
Cabrobó, Cajapió e Codó
Itororó, Massarandupió, Caicó 

Nos caminho das Quebradas desse sertão
Andei e sem você só me sentia só
Procurei, por tudo, encontrar sua pessoa
Pra dizer que queria um xodó
Eu de por mim nem queria saber
Mas resolvi escutar a minha vó
Que me viu pelos cantos
Só queria saber de tomar goró
Andava triste 
Chega fazia dó
Mandei recado
Te espero pra dançar esse forrobodó
Botar pra moer moer no salão
Panavueiro vai ser de levantar pó
Nosso caso anda muito enrolado
Chegou a hora de desatar o nó

Siridó, Tororó, Sanharó
Moxotó, Igapó, Chorrochó , Soropó, Mossoró e Bodó
Jericó, Bororó, Caximbó
Piancó, Bodocó e Icó
Cabrobó, Cajapió e Codó
Itororó, Massarandupió, Caicó 

TERRA DE NINGUÉM

Eu vou entrar nessa chula  
Que tá  é muito animada
Confesso me empolguei
Vou registrar a palavra
Num quero amar mais ninguém
Pois coração de outrem
É terra que ninguém lavra
Tentei e me estrepei
No tempo da  sequidão
A malva tomou de conta
Lavoura num criou não
Só quem sofre é quem sente
Solidão é uma semente
Largada em cima do chão 
Quem planta o tempo sombrio
Vai passar muito fastio
Alegria não colhe não
No lugar desse roçado
É dor e devastação 
Se for pra plantar nessa roça
Que fique o capoeirão

COCO E BAIÃO

Vivo por essa vida
Cantano coco e baião
Cantano coco e baião
Mesmo com desaforos
Num me aperreio não
Pego o pandeiro
Tiro coco e baião
Tiro coco e baião
A rima sai da titela
Nem sei a explicação
Pediram pra fazer rock
Isso não consigo não
Pois da minha melodia
Só sai coco e baião
Só sai coco e baião
Vendi os meu discos
Tem uns que vendi não
Jacinto, Tororó, Manezinho
Jackson, Marinês, Gonzagão
Esses não tem negócio
Nem outros de coco e baião
Agora pode faltar o dinheiro
Posso passar precisão
Minha sobrevivência
Faço de coco e baião
Pedem pra cantar outra coisa 
Mas isso eu  não sei fazer não
Porquê da minha cachola
Só escapa coco e baião
Só escapa coco e baião

COCO DE DESAFIO - A DIVISÃO SILÁBICA

Têmpera, tempero, temperatura

Amargo, amargor, amargura

Letra, letreiro, literatura

Figo, figueira, figura

Desenvolto, desenvolvido, desenvoltura

Tinta, tinteiro, tintura

Rapa, rapado, rapadura 

Assim, assado, assadura

Gasto, gastado, gastura

Cinto, cintado, cintura

Dente, dentado, dentadura 

Rasgo, rasgada, rasgura

Raso, rasante, rasura

Cara, careta, caricatura

Cantador não me acompanha

Se tiver a língua dura

Seu diploma de embolada 

Falta minha assinatura

Se não desenrolar ligero

Cancelo sua formatura 


Canto, cantor, cantoria

Tem que ter a língua mole

Se não não me desafia

Porque num aguenta um gole

Embolar embolando a embolada

Isso faço todo dia

Se você não me acompanha

Peça licença a moçada

Venha outro cantador

Pois você não canta nada

Manda outro preparado

Mesmo que seja arisco
Vai virar cisco 

O risco é arriscado

Se embolo as palavras

O coco está lavrado

Preste atenção a ele

Se não você está lascado

Pois se não embolar o coco

É você o embolado

Espinhos, espinha, espinheira

Se tiver muito difícil
Fuja do sacrifício

É só tu marcar carreira

Vá pra caatinga e se esconda 

Na moita de Quixabeira

Que é pra quando cantar coco

Voismicê num dá bobeira

Três tragos foram tragados

Traga o trigo e triture

Mistamente misturado

Se a língua não destravar

Não estava preparado

Toste um tostão tostado

Fure o furo do bolso furado

Mude sua matemática 

E também a sua tática 

Entre numa livraria

E pergunte pra chefia

Fale de maneira enfática 

Diga que quer uma gramática

Pois vai ter que treinar muito

Pra melhorar sua prática
Vai ter que praticar

Se quiser acompanhar

Minha divisão silábica


NAS HORAS DA SOLIDÃO

Nas horas de solidão
Alguns pensam em alguém para lembrar
Uma recordação ou foto
Que, por acaso, outrem achou de achar
Nas horas da solidão
Outros refugiam-se na bebida
Pra esconder cicatrizes
Ou aliviar a dor que dói na ferida
Tem sempre uma coisa, ou algo
Que traz um motivo
Ou razão pra recordar
Uma camisa, um anel
Uma carta, um cartã-postal
Um storie, um recorte de jornal
Sei que há, mas não conheço situações
Em que recordar deva ser bom
Mais isso deve ser quando não causa mal
Há outras situações
Que é o meu caso
E quando é assim
O melhor a fazer
É passar a borracha
Ponhar uma pedra em cima
De todo o caso, esquecer
Que seja assim
Para não sofrer

Vou imbolano meu coco
Assim não me sinto só
O meu coco é meu remédio
Combate o amargo gosto do giló

NINÁ PRA BIRITA NANÁ NENÉM

Ele é bonito
Que tão bonito
O mais bonito pra mim
Desde que nasceu
Sempre foi assim
Ele é bonito
De tão bonito
Desde que o senti
Sempre fui afim
Ele é bonito
Mais que bonito
Minha própria vida
Pois saiu de mim
É meu bebê
Que tão bonito
Muito bonito
O mais bonito
Pois saiu de mim
Ele é bonito
Que tão bonito
Desde que nasceu
Sempre foi assim 

CERTO E ERRADO

Eu estou certo
E ao mesmo tempo errado
Acerto, quando insisto em dizer
Que não te quero
Mas, cá pra nós,
Sendo sincero:
Eu quero!
Por isso erro,
Erro como erra um apaixonado;
O certo era ter fugido
Mas tudo errado
O certo não fez sentido
E decidi ter ficado
No erro.
Eu erro,
Erro como erra um apaixonado;
O certo era ter fugido
Mas, todo errado
O certo não fez sentido
E decidi ter ficado 
No erro.

Eu estou certo
E ao mesmo tempo errado
Acerto, quando insisto em dizer
Que não te quero
Mas, cá pra nós,
Sendo sincero:
Eu quero!
Erro,
Erro como erra um apaixonado;
O certo era ter fugido
Mas, todo errado
O certo não fez sentido
E decidi ter ficado 
No erro

RUA DA AMARGURA

Ando sossegado
Com essas coisas do amor
Que só me lembro disso
Quando alguém fala de você 
Aí, a coisa muda de figura
Se ouço falar de voismicê
Lembro da  rua da  amargura
Lá onde você  me abandonou
Deixou sozinho, chorando
Fiquei tão triste nem se importou 
E continua não se importando. 

Inda me dói a insensatez 
Tudo que eu quero é lhe esquecer de vez
Pra ver se essa dor some
E labareda que queima tudo
Um fogo brabo que tudo  consome
Tudo que eu quero  nunca mais ouvir  o seu nome


CANTO DE LAMENTAÇÃO

É fácil descobrir
Que tem sempre um blues
Martelando minha mente
Pensamentos inquietos 
No absurdo um absorto solo de Fuzz


Chove nas minhas pálpebras
Goteja os pingos de uma mágoa
Jorra do peito o sangue que  corre nas veias
Na cachoeira dos olhos
Desce o sangue em água

À noite recolhidos à senzala
Em qualquer quadra de lua
A música pra acalmar
Exorcizando as  dores 
O que o direito não acha na rua

Tão árdua a jornada
O trago seco da dor
Pisando por sobre os espinhos
Sem esconder a tristeza
Por onde quer que se for

Eu sempre tenho comigo
O canto do meu lamento
Um cabedal de canções
Algumas são das antigas
Outras faço na hora
É blues a todo momento

LIBERTADOR

Se acaso fosse eu da classe dos poetas
Um que pudesse ser
À inspiração submetido
Em desejos viveria submerso
Se pudesse amenizar num verso
Esse meu cantar de sofredor
E  mesmo com o coração ferido
Tivesse a  capacidade de falar de amor 
Exteriorizando essa minha intenção
Pra elevar o triste acima da dor
Se compreendesse essa situação
Talvez eu fosse sabedor
Que amar é sempre uma proposta
E o outro também tem que se propor
E o melhor jeito de gostar de quem se gosta 
É responder se e ser correspondido
Ser egoísta nunca é a melhor resposta
Pra poder querer e ser querido
Amor é permitir sentir sentir-se permitido
Sendo capaz de construir e reconstruir a cada  momento
É  ser bem  mais que o sonho de um só sonhador
Só sei que for livre o sentimento
O amor pode ser chamado de libertador.

PÓS HORROR

O mociho e o bandidos
Fuderam a mocinha
E fizeram a dancinha
Pro povão dançar
Chovia a chuva ácida
Na margem plácida
Da cultura ocidental
Sob a ótica militar 
O mal aponta o mal
E quem construiu o dinheiro
Anda nesse paradeiro
Vive anestesiado
Sem saber que vai perder
Sem ao menos ter tentado.
Tudo é quente e é mais quente seu vapor
De tão horrível é maior que o próprio horror

QUASE MATA O VÉI

Quebrou na chula
Lê, lê, lê, lê, ô
Essa garota
O véin chamou
Caiu no samba
O véi penerou
Mãos nos peitinhos
Já lhe agradou
Foi pras cadeiras
Me enfeitiçou
Dedin no imbigo
Foi que me assanhou
Desceu pra coxas
O véin pirou
E no caminho 
Lê, lê, lê, lê, ô
Mostrou a calcinha
O véin topou
Foram pra moita
Cigarrinho fumou
Foi fazer chamego
O véi infartou 

ROSALVO DE DONA BENTA

Início dos anos oitenta
Rosalvo de Dona Benta
Foi pra São Paulo batalhar
78 choveu bem
79 não molhou ninguém
Rompeu 80  sem sinal de trovoar
Rachou barro, secou tudo
Fome e seca,  absurdo
Pareceno que o sertão ia  acabar
Ele era o zabumbeiro
Seu pai era o sanfoneiro
Do Conjunto do lugar
De noite era canturia
Cabo de foice de dia
Forró era só por diversão
Dona Benta lhe dizia 
larga dessa ilusão
Cabra tu vai trabalhar!

São Paulo pela Rodoviária
Uma vida operária
Zona Sul tô pra chegar!
Trabalhando em Construção
Vida dura de pião
Sempre o sonho de voltar
Tanta dor que já nem sente
Seu barraco na enchente
Viu o morro carregar.

ACALANTO

A aranha  nunca arranha
Sua cadeia é a própria   teia 
Canarinho afinando seu canto
Me serve de acalanto
Uma borboleta suga o sumo
Pra viajar no seu rumo
De um caminho belo
Brotou um cogumelo 
Na galha do umbuzeiro
Acima do formigueiro
Pois cigarra que não seja
Não estevre, pode ser que nunca esteja
No passo de algum tango
Na mira de um calango 
Lá de cima do lajedo
Nunca tive, nunca terei medo
Nem da abelha e nem do fel
Nem de jagunço ou coronel
Nem do Deus  persa, nem dos hebreus
Meu ponto fraco nos olhos teus

OS SONS BEM BOLADOS DE EDMAR SILVA (Zapintrevista)

A BemBolado Discos lançou  a coletânea intitulada Super Sons VOLUME I com 15 músicas feitas por gente estremanente talentosa que vive a diária batalha de divulgar seu trabalho sem que virem marionetes da indústria; eles produzem seus sons e fazem a guerrilha de divulgação pelas plataformas digitais, grupos em redes sociais e aplicativos e mensagens, usam todos os meios que a tecnologia permite que sejam usados pra divulgação. 
Também usam os métodos, não diria  que sejam antigos porque em muitas casos não foram superados e aí da são bastante utilizados. Fazem shows, se apresentam em feiras, praças, nos butecos da Quebradas, na quadras, nas escola,  no transporte público, nos encontros, vivemva música, a fazem e a mostram. E sempre foi muito difícil pro artista divulgar o seu trabalho sem o comprometê-lo, sem sujeitá-lo às mediações  do dinheiro, da interferência da ingerência, da modificação da sua proposta.
E foi exatamente na intenção de facilitar esse contato entre o artista e o público que o incansável Edmar Silva, músico com certo tempo de estrada , alguns ótimos discos lançados, articulou uma intera e jogou a BemBolado Discos na fita. Pra gravar e mostrar que existe uma cena ativa, antenada com a realidade, posicionada. Palavras, do próprio Edmar, foi o primeiro álbum lançado pelo selo que agora chega com Super Sons Volume I  trazendo a expectativa de agitar a cena.
E para falar um pouco de tudo isso, trocamos umazideia com Edmar Silva, articulador do Bem Bolado

1-      O que motivou lançar essa coletânea?

 - Com essa nova onda de plataforma digitais e playlist eu senti a necessidade de lançar um material elaborado sem ser algo aleatório, e que fizesse o papel de divulgação, o que realmente é o papel da coletânea, apresentar novos artistas e levar o interesse do público para os trabalhos individuais dos participantes. Até meados da década de 2000 se tinha um volume grande de coletâneas principalmente no cenário independente, e conforme o cd foi ficando de lado e plataformas digitais tomando uma proporção gigante, e se focou muito no individualismo, cada um montando as suas playlist conforme seus gostos pessoais, com isso acredito que o lance de divulgação ficou mais democrático, mas perdeu a essência da coletânea. Por isso estamos trazendo essa formula para ativa novamente, mesmo que seja no formato digital, que é o principal  formato de lançamento hoje.

2-      O primeiro álbum já traz o aviso de continuação, então o volume 2 já está em gestação, tem prazo, periodicidade?

 - Na construção do primeiro volume muita coisa ficou de fora, que da para completar mais uns 3 volumes. Para os próximos lançamentos quero pesquisar melhor e trazer novos elementos, diversificando mais os ritmos, e olhando mais pra cima do nosso território geográfico, dando uma atenção para o norte, nordeste e centro oeste, onde tem uma galera fazendo um som bacana. Não queremos deixar as nossas coletâneas focada em um só estilo, a nossa cultura é gigante e merece atenção.

3-      Como foi montado o repertório e como foi juntar essa galera, porque canais?

- Quem me deu o toque de montar a coletânea foi o Stevan Zanirati da banda Caminhante Flutuante, eu já pensava em algo mas pensava a longo prazo. Com o toque dele resolvi focar na coletânea. Ele me deu alguns nomes e eu fui fazendo contando com a galera que foi aceitando, teve alguns que fiz contato mas como já tinha selo administrando os lançamentos deles, não quis atravessar e foquei no pessoal que não tem selo. A única exceção foi o Everton Cidade que tem o seu próprio selo, mas fizemos uma parceria.

4-      Quantos  lançamentos do Selo Bem Bolado até agora e  quais os próximos lançamentos?

 - Lançamos 4 discos até agora Palavras (meu) a coletânea Super Sons, o álbum do George Christian e da Iarly Patricio, e o EP Edmar Dub. Estamos já elaborando o segundo volume da coletânea Super Sons, o meu novo álbum Origens, e estamos negociando com alguns artistas. Esse ano pretendemos fechar com pelo menos com 8 bons álbuns no nosso catálogo.


5-      Pra encerrar essa zapitrevista, gostaria de agradecer sua atenção, dizer que sou fã dos seus discos, tenho uma afeição especial pela Orquestra Fantasma mas Salsa Paulistana, o DUB, o Blues, Palavras, o recente e acompanho sua atividade na web e vejo que você conhece muito de música é um bom músico e um ouvinte atento às novidades e pesquisa muito. Poderia citar  um disco que você gostaria de ter produzido ou lançado que não os seus ou o SUPERSONS?

- Eu poderia citar vários álbuns que eu gostaria de ter produzido, mas vou citar o álbum volume 3 do Paulo Sérgio de 1969. Ai longo da minha vida venho ouvindo e acho um álbum perfeito tantos nos arranjos de base e nos arranjos de cordas e metais. O Miguel Plopschi fez uma ótima produção e os arranjos do maestro Perruzi é implacável.

Acho a sua escolha muito próxima a minha. Coração Louco tem arranjos do Maestro Agostinho Silva umas inserções parecidas e com carimbó, funk, jovem guarda, gafieira, rojão. Elino mais tudo bem, pra frente, pra cima, Paulo Sérgio mais introvertido, sentido.


RAULZITANO

Do verbo se fez o palavrear
Do verbo se fez a carne (picanha?)
E a vida boa (na manha?)
O beijo, o queijo ( pra harmonizar?)
Dentre os verbos, Raulzitar e escrevinhar
Eu escrevinho
Que este vinho
Fez mal ao Ed
E o que fala, fede (picanha?)
E a vida boa (na manha?)
O beijo, o queijo ( pra harmonizar?)
Dentre os verbos, escrevinhar
Eu escrevinho
Que este vinho
Fez mal ao Ed
E o que fala, fede
In vino veritas
E eu também vou tomar
Viva a palavra viva!
Viva a Sociedade Alternativa!
Viva, viva!

ARTISTARIA

Nunca foi fácil, a vida sempre foi dura
Aprendiz de ceramista, trabalhando em olaria
Tudo difícil, produção e amargura
Vez inquano invento minha alegria
Pego a caneta, imagino ser da literatura
Em outro mundo é possível a fantasia
Eu sonho alto sem ter medo de altura
Meteno o bico no meio da artistaria
Me sinto como fosse outra figura
Escrevo e finjo que  seja algo parecido com poesia
No aperreio meu coco é quem me segura
Não tem arranjos mas procurano a melodia

Melodia sem arranjo
Sem cavaquinho, saxofone ou clarinete
Nem guitarra,  nem um baixo nem tampouco o dedilhar de um banjo
Mas a pancada é muito forte, aqui dentro parece que bate um porrete
Sai de dentro do peito
Se acalmar pode ser que ele não aceite
Fala a torto e a direito
Cabra que nunca dá leite
Escreveu tá dito e feito
Me despeço por aqui
Sei que sou um falador
Mas só falo o que bate meu tambor
Mas só falo o que bate meu tambor.

LANÇAMENTO DA BEM BOLADO DISCOS A COLETÂNEA SUPER SONS VOLUME I AGITA A CENA INDEPENDENTE DA MÚSICA

OUÇA NO TUBE
As Músicas

1- Ala Mil - Has Pipe
2 - Caminhante Flutuante - Eu Quero Achar 
3 - Os Estilhaços -  Atemporal
4 - O Mormaço Severino - Eu Quero Ver o Pôr do Sol da Sete de Setembro
5 - Robsongs - A Spark Into The Dream - ft. Eramir Neto
6 - Gabriel Lelis - Olhando as Nuvens
7 - Everton Luiz Cidade - Possessão/Esquizofrenia
8 - Jedias Hertz - Maverick Voador
9 - Marina Silva - O Vento é Mulher 
10 - Galberto Mariano - Batom Marrom
11 - Tobarra - Ilusões - ft. Nadja Bandeira
12 - Psiconáuticos - Altarzinho Virtual 
13 - Denilson Carreiro - Vício 
14 - George Christian - Uma Nova Sociedade Phuturista
15 - Stevan Zanirati - Ao Som da Maça



A FICHA TÉCNICA
Produção BemBolado Discos
Seleção de Repertorio - Stevan Zanirati e Edmar Silva
Texto de Apresentação: Hamilton Britto
Arte da Capa: Edmar Silva
Foto da Capa: Estudio Canva
Parceria: Selo Freak Sound e Zica de Deus

O MANIFESTO
A música boa nunca deixou de ser feita nem tocada, nunca morreu como dizem os ouvidos saudosistas. A música sempre foi um registro do seu tempo e o nosso é o agora. E ainda bem que existe a galera decente que faz um som bacana e que são nossos contemporâneos.
O que sempre faltou foram canais pra divulgação pro som feito de forma independente, ou seja, desatrelado do vicioso círculo da indústria fonografica que vai além do lançamento de discos e transforma o artista e sua arte em mera mercadoria exposta ao mercado. Faltam elos de ligação entre o músico que não é, meramente, produto e mercadoria, é, sobretudo, um artista que quer mostrar sua arte, mostrar o seu dizer e o público que sente carência de ouvir essas coisas novas, muitos deles descambam pro reclame de que hoje tudo é ruim e se isolam no saudosismo das boas coisas do passado. E quanta coisa boa não tem o passado?
  Mas nosso tempo é hoje e assim como nós, ouvintes, necessitamos de quem faça música boa; quem faz música boa precisa de ouvintes que prestigiem a coragem, a ousadia e profissionalismo desse povo e ainda bem que o selo Bem Bolado tá chegando pra mostrar o diferente, pra reforçar o trampo da galera que acredita na música e por isso a faz. Divulgar o novo, o tempo presente.
São Super Sons porque são vigorosos de tamanha robustez sonora, não é um sonzinho, é sonzeira, são Super Sons
E que venham os outros volumes pois, nós, cá estaremos ávidos pra fortalecer nossos tímpanos com os revigorantes Super Sons
*por Hamilton Britto 


ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...