OFERECIDOS

Chupo-te
Tal que uma manga suculenta
Bebo-te
Quero esse sumo
Minha sede é sedenta
Provo-te
Prato bem quente
Com ardência de pimenta

E tu me repete
Eu sou teu prato
Oferecida, me ofereço
E te amando
Eu agradeço



PISANDO INCERTO

Nosso último sexo foi oral
Mas não foi legal
Tava de cólica
Despedida melancólica
Foste minha vida e aquele momento
Hoje é lamento
Pedaço de mim separado
Um pra cada lado
E eu me perdi
A caminhada não deu tão certo
Nos atalhos aprendi
Pisando em piso incerto
Quem já  teve aqui por perto
Longe em sua jornada
Nem pode saber de nada
Caminhando seu caminho
Nem sabe que fiquei sozinho

CAMINHO DOS TABULEIROS (Moda pra Viola)

Era no Caminho dos Tabuleiros
Chapada dos Oitizeiros
Minina pra onde eu ia
Logo que amanhecesse o dia
Chorando por te deixar
Contando as horas para voltar
Quando eu ia ia sem querer
Voltava na correria não tinha tempo a perder
No Entroncamento tu lá estava
Bonita e perfumada
Sabia que me esperava
Oi lá.......
Eu desmontava ligeiro
Faminto eu lhe beijava
Caminho dos Tabuleiros
Chapada dos Oitizeiros

NA MUNGANGA

Arregaça esse zabumba 
Faz derreter esse ganzá
Mais quente que esse forró
Quem souber diga onde há
Arregaça esse zabumba 
Faz derreter esse ganzá
Mais quente que esse forró
Quem souber diga onde há

Só falta você neguinha
Quem souber diga onde tá
Estou lhe esperando
Espero que venha cá
A tempos que te paquero
Não encontro colher de chá
Hoje tiro o atraso
No forró do seu Vavá

Arregaça esse zabumba 
Faz derreter esse ganzá
Mais quente que esse forró
Quem souber diga onde há
Arregaça esse zabumba 
Faz derreter esse ganzá
Mais quente que esse forró
Quem souber diga onde há

RIO DO PEIXE - A LUTA CONTINUA

Um açude que, quando cheio, tem 3 léguas de lâmina d’água, obra do governo federal nas ações contra a seca. No tempo em que foi construído ficava entre os municípios de Jacobina e Queimadas, hoje Capim Grosso emancipado de Jacobina absorveu a maior parte da área. Nós anos 60 no maior dos povoados, o Rio do Peixe, na Cabeceira da Ponte da beira do Açude tinha uma grande feira na Vila que contava mais de 300 casas.

Nas proximidades do lago terra boa para o plantio e pra criação também, nas margens tomate, pimentão, melancia, hortaliças, pequenas irrigações. Peixe pra dar de pau! Enquanto os ribeirinhos prosperaram em minifúndios e áreas comuns pras criações, pelas bandas de Queimadas avançou com imensa violência e usura um empresário e deputado estadual, um tal de Theócrito, proprietário de uma fábrica de colchões com incentivos governamentais lá pras bandas da capital. Anexando posses e expulsando as pessoas auxiliado pela rede de poder local, estadual e federal, a força do seu mandato e as relações políticas de um partidário da ditadura militar, o dinheiro que comprou escrivães, juízes, delegados, a jagunçagem particular e policial, a engrenagem opressiva sufocou a resistência camponesa. A posse não foi retirada passivamente, homens valentes tombaram, ignoraram os perigos e a desvantagem e peitaram mas a luta sempre foi desigual, era o mundo contra aquele povo

Estive lá pela primeira vez no ano de 2000 numa reunião pra discutir a desapropriação da área, tinha mais de 500 pessoas interessadas: remanescentes que moravam próximo em Capim Grosso mas gente de Caen, Jacobina, Capela do Alto Alegre, Nova Fátima, São José, Gavião e Quixabeira. Na assembleia a minha proposta de ocupação imediata foi derrotada, a proposição da CPT através de um padre era que o certo seria seguir os caminhos legais, encaminhar documentação pro Incra e esperar o decreto.

O tempo mostrou o erro dessa decisão, nessa demora surgiram coisas escabrosas no processo, inclusive o recebimento de notificação pelo finado, certidões suspeitas e corpo mole do governo.

Depois de certo tempo o pessoal organizou um acampamento na Cabeceira da Ponte por um tempo, houve uma curta ocupação mas o resultado final foi a desmobilização.

Mas, o caso nunca foi esquecido, para algumas pessoas é questão de vida, resgatar a luta dia seus antigos e vez por outra, tem umas conversas sobre o assunto.

Estou sempre a apoiar, uma luta que também é minha.

 

 

 

 

 

 

 

 

FICANDO DE BOA

Não vou mais acreditar
Na sua promessa
Não me interessa
Nem queira falar
Não venha com essa
Estou fora dessa
Não quero escutar
Não vou mais acreditar
Na sua promessa
Não me interessa
Nem queira falar
Não venha com essa
Estou fora dessa
Nem quero escutar

Estou muito bem sem a sua pessoa
Arranjei alguém que me quer
Me faz bem essa outra mulher
Deixei dessa vida de atoa
Cansei de quem não me quer
Só quero agora quem me quiser
Se não, vou ficando de boa
Estou muito bem sem a sua pessoa
Arranjei alguém que me quer
Me faz bem essa outra mulher
Deixei dessa vida de atoa
Cansei de quem não me quer
Só quero agora quem me quiser
Se não, vou ficando de boa

Não vou mais acreditar
Na sua promessa
Não me interessa
Nem queira falar
Não venha com essa
Estou fora dessa
Não quero escutar
Não vou mais acreditar
Na sua promessa
Nem queira falar
Não venha com essa
Estou fora dessa
Nem quero escutar

QUILOMBOLAS

Um negro reaça
É um traidor
Envergonha sua raça
Renega sua cor
Esquece que um dia
Chicote estralou
Trabalho forçado
Que o branco forçou
Em nome de Deus
Papa abençoou
Em cruéis senzalas
Meu povo chorou
Fugiu pros Quilombos
Com bravura lutou

Um negro reaça
É um traidor
Envergonha sua raça
Renega sua cor
Em nenhum Quilombo
Pode morar
Mata dos Crioulos, Vargem do Inhaí
Mucambo dos Nego, Mangau, Mata Verde, Ilha do Paty
Coqueiro, Cinzento, Cabula e Dandá
Rio dos Macacos, Parateca, Iguape e Jatobá
Salamina Putumuju, Lagedo dos Nego e Tijuaçu
Bananeiras, Praia Grande, Porto dos Cavalos, Martelo e Ponta Grossa na Ilha de Maré
Guarany, Burnil Chifre do Bode e Sapé
Trindade dos Pretos, Maruanun, Ilha Redonda, Macacoari
Mel da Pedreira, Igarapé do Lago, Todo Matapi
Jibóia, Gaioso,  Jurema, Juá
Capão da Areia, Batalha,  Caimbongo e no Carobá

Um negro reaça
É um traidor
Envergonha sua raça
Renega sua cor
Esquece que um dia
Chicote estralou
Trabalho forçado
Que o branco forçou
Em nome de Deus
Papa abençoou
Em cruéis senzalas
Meu povo chorou
Fugiu pros Quilombos
Com bravura lutou

DARK GIRL'S

Ontem saí com umas garotas góticas
Coisas eróticas
Sexo sombrio
Garoto vadio
Carlito Gomes na voz de Ronnie James Dio
Elas estavam eufóricas
Teses exóticas
Qual desafio
Uma galera no cio
Querendo mudar esse mundo vazio

NUNCA MORREU

Quando você me telegrafou 
pedindo pra lhe fazer  uns versos de amor
Sem nenhum pudor
Me pego fazendo o que você  demandou
Confesso quão surpreso fiquei
Meu projeto era esquecer que te amei
Maldita seja essa hora
Lembrar que você foi embora 
Queria esquecer aquele dia
O estrago que fez na minha poesia
Impossível que  saias de mim
Mesmo querendo não poderia
Diga que sim, diga que sim!
Diga que não me esqueceu
Inda posso ser, inda sou todo seu
Apesar de toda  essa dor
Posso dizer que aquele amor
Nunca morreu, nunca morreu
Eu e você, você e eu
Na rua, na praça, na cachoeira
Daquela maneira
Roçando seus pelos por cima da saia
Na Beira da praia
Na Beira do mar
Te amar, te amar, te amar
Em meus versos, na cama em qualquer lugar
Te amar, te amar, te amar

GUARAPIRANGA LOVERS

Na beira da Represa
A chama acesa
Ando desnorteado
Acendo um baseado
E nesse momento
Invade meu pensamento
A lembrança em nós
Deu saudades 
De estarmos a sós
Pra conversar, fazer amor e sonhar
E querer mais
Viver mais
Tudo que a gente sonhou
E tragando aqui eu estou
Já nem sei mais quem sou
Só não sabe a dor da partida
A pessoa que nunca amou
E com seu love
Um baseado fumou




JORGIALTINIANA n°2

Meu coração já foi laçado por alguém
Ela já sabe e não contamos pra ninguém
Ao lado dela é tudo que me convém
Estamos juntos, não abrimos nem pro trem
Dessa vez eu acertei
Eu acho que nunca amei 
Uma pessoa assim
Me traz desejo 
Inda cuida de mim
O amor na cama
Parece nunca ter fim
Meu coração coração foi laçado por alguém
Ela já sabe e não contamos pra ninguém
Ao lado dela é tudo que me convém
Estamos juntos, não abrimos nem pro trem

ASSIM CAMINHA O PROLETARIADO

Sábado de meiã
O dinheiro da feira tá no bolso
Mas não posso esquecer, seu moço
Daqueles que não tem
Pois eu não tenho garantido
Na semana que vem
Não sei se vou ter
Semana passada eu não tive
Sei como sobrevive
Quem num tem o que comer
Nem onde comprar fiado
Fora do mercado de trabalho
Carta fora do baralho
Assim caminha o proletariado
De cabeça baixa
Vivendo na caixa
Pisando em brasa
Tem que pôr a mesa em casa
Procurar trabalho fora
Aguentar a opressão da rua
E ter que ficar na sua
Nunca que faz sua hora
Oferece o seu pescoço
Para quem lhe alugue o passe
Age como indivíduo
Padece por ser da classe

ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...