CLARA DOS ANJOS, a literatura militante de Lima Barreto

Lima Barreto em seu romance Clara dos Anjos retrata assuntos delicados como o preconceito racial, a obrigação social do casamento e o papel das mulheres na sociedade fluminense durante o princípio do século XX.
Clara dos Anjos foi o último livro escrito por Lima Barreto. O trabalho foi concluído em 1922, ano da morte do autor. O romance que carrega como título o nome da protagonista foi lançado apenas postumamente, em 1948.
Em termos literários, a obra pertence ao pré-romantismo.
Lima Barreto foi, sobretudo, um militante em defesa da gente "mulata", da sua gente, dos negros suburbanos da, então, capital da República. Denunciou aqueles que historicamente sempre se favoreceram da condição subjugada dos negros.
E sua arma era um extraordinário conhecimento literário e político com os quais ele não arredava do seu radicalismo.
Esse Romance é uma visceral denúncia da discriminação racial com a conivência social das instituições e da "opinião pública". O li quando tinha uns 13 anos, me marcou profundamente o destino de Clara, iludida e abandonada por um branco protegido pela sua situação de classe.
Um romancista de qualidade, meu predileto entre os contistas

CRIME E CASTIGO DE FIODOR DOSTOIEVSKY

Um dos romances mais impactantes na história da literatura mundial, escrito por um, podemos considerar, pré psicodélico
Crime e Castigo é um daqueles romances universais que, concebidos no decorrer do romântico século XIX, abriram caminhos ao trágico realismo literário dos tempos modernos. Contando nele a soturna história de um assassino em busca de redenção e ressurreição espiritual, Dostoiévski chegou a explorar, como nenhum outro escritor de sua época, as mais diversas facetas da psicologia humana sujeita a abalos e distorções e, desse modo, criou uma obra de imenso valor artístico, merecidamente cultuada em todas as partes do mundo. O fascinante efeito que produz a leitura de Crime e castigo — angústia, revolta e compaixão renovadas a cada página com um desenlace aliviador — poderia ser comparado à catarse dos monumentais dramas gregos

COSSA DE COICE

Eis que  por fora tá boa a viola 
Se acha bateno uma grande bola
Por dentro é excremento
Um pão bolorento
Desandou a massa
Apodreceu o fermento 
Tá cheio de sarnas
Um cão lazarento
Não se faça de tonto
Que eu num tô  disatento
Nessa remandiola
Eu te arrebento
Eu vou passar, saia do caminho
A minha trincheira é de quiabento
Num pague de brabo,  te deixo mansinho 
A cossa é de coice tal qual um jumento

Repente valente
Tambor, tamborete
A cossa é de   coice 
Palavra é porrete
Versos que cortam mais  de que foice
Armado com eles ninguém me faz mal
Minha caneta é faça, peixeira
Afiado punhal

NO BAR DE VADO

O nome da bicha é quebra facão
A casca que vai pra cachaça
Que foi fermentada na infusão
O xarope forte é diluído
Pra ser servido no pé do balcão
Peço uma dose, tomo de gole
De 10 indiante, eu fico   doidão.

Tô na Lagoinha, no Bar de Vado
Bebo sem dinheiro
E num fica fiado
Fui na Lagoinha, no Bar de Vado
Tomei cachaça, voltei lombrado

Uma dandà, outra Carqueja
Valeu coligado, pela gentileza
Tá dispensada a sua cerveja
Afaste de mim, esse cálice de vinho
3 Jatobás, mais 2 Milomes
Zui num tá mais, inda tem Luizinho
Escutano Carlito Gomes.

Tô na Lagoinha, no Bar de Vado
Bebo sem dinheiro
E num fica fiado
Fui na Lagoinha, no Bar de Vado
Tomei cachaça, voltei lombrado

Menino vadio falando macio
Jogando pra frente
Plantou a semente do amor
Ou. Ou. Ou....
Pode ser...
Pisando em pedras. 
Ou.  
Espinhos.....

O BONDE DO PIRÃO

Tchutchuca, vem aqui pro seu pião
Gás tá caro, vai no carvão
Taco fogo na panela
Vai pegar muita pressão
Pega o caldo põe farinha
A sustança tá no pirão
O que sobrar vai pro cachorro
No quintal tá sem ração

PF DE POBRE

Burguês que dita a lei
Chegará tua desgraça
Sobras não comerei
Passo fome de pirraça
Pra ceiar o que  sonhei
Escalpo de reaça

FILOSOFIA DA MARRETA

Seu $ilvano 
Faça o favor
Me forneça uns mantimentos fiado
Pago, não sei o dia
Ando endividado
Chorano, fazeno, poesia
Tô passano apurado
E a sua  Mercearia
É onde posso ser saciado
Não me negue isso
Passei o dia batendo marreta
Mas não terminei o serviço
Não pude receber
Uma parte vai ter que cavar
Purisso, eu queria saber
Falta fazer uma valeta 
E, se o amigo pudesse fornecer
Uma pá, uma enxada e a picareta
Terminano, venho trazer
Vou usar na empreita
Pois num tem lá na obra
Pago sua caderneta
Com o dinheiro que sobra
Se precisar, depois peço mais
Se esse fim de semana acabar
Me confie um botijão de gás

Fé, Swing, Votos e Morte - Um conto familiar pelos bons costumes

Que flor deslize para ser apedrejada
Sofrer tão cruel castigo?
Matou o parceiro trapaceiro e amigo
Fingiu seu amor
Pra fazer o casal 
Titulou de pastor
Um bucado de filho pra ser pai
Altos love em Dubai
Swing até de manhã
Domingo antes do culto
Ver o Flamengo no Maracanã
O filho comia a mãe,
O pai comia a irmã 
Família toda devota
Na sacanagem feliz
Comandando com a xoxota
Lá estava Fodí Liz
Aquela carinha safada
De quem gosta da putaria
Acabou virando deputada
 Federalizou a orgia
Comandada pela pastora
Uma das mais afamadas
Na bancada conservadora
Mais o pastor se insurgiu
Flor passou a trepar
Com pessoas mais importantes
A relação ficou abalada
Os 2 ficando distantes
Ele a acusava
De colecionar mais amantes
Ela disse fuleiro
Tome vergonha na cara
Quem lhe sustenta é meu dinheiro 
E bom ficar esperto
Deixe de se assanhar
Saia logo de perto
Senão te mando matar.
Assim mesmo ela cumpriu
Coligada com os filhos
O conjo tinha saído dos trilhos
Botara as unhas de fora
Foi o fim do pastor
No inferno tá agora.
A Muié tá em Brasília
Na Câmara dos deputados
Defendendo nossa família
Pensando que somos bobos
Brasil acima de tudo
Deus acima de todos.

A ilustração se chama A Meretriz da Babilônia, na Briba representa a falsa religião e tá no Livro de Apocalipse, cap. 17 e 18

SUTAQUE BAIANO

Na regra gramatical
A desinência modo temporal
Indica que no verbo o tempo com o modo tem que estar combinando
O gerúndio indica uma ação  que o tempo vai prolongando
Termina em n-d-o
Mas pra quê o D?
Da minha janela eu vou perguntando
Encurtamos a palavra engolimos o D 
Por isso que em SP
Costumam dizer
Que todo baiano
Fala cantando.

Janela abrino
A vista vai longe
Horizonte sumino
Nela pensano
Fumaça subino
Veno ela
Da minha janela
Nel'eu pensano
Veno 2 mundos
Na grota tá garoano
Pros lados do sertão
Nem siná de chuva formano 
Tefone toca 
Mainha chamano 
Me lembra que essa sumana
Eu troco de ano 
Desde quano nasci
Eu sigo lembrano
Bem na procissão
Binidito lovano
Surgiu contração
As dô aumentano 
Cadê seu Wilso 
Povo perguntano
Chegou pôs no carro
E pro ispritá foro ela levano
De  madrugada
Chutei avisano 
Esquenta tambô
Que eu tô chegano 
A bolsa rompeu
Minino chorano 
Dei um soluço 
Inguli o D
Fui pra casa cantano
O tempo passou
O mundo rodano
Fui pras Quebradas
Gíria dos mano
Dichavano a letra
As ideia eu ia trocano
Os truta já reparavam
Que cerol daora
sutaque baiano.

Na regra gramatical
A desinência modo temporal
Indica que no verbo o tempo com o modo tem que estar combinando
O gerúndio indica uma ação  que o tempo vai prolongando
Termina em n-d-o
Mas pra quê o D?
Da minha janela eu vou perguntando
Encurtamos a palavra engolimos o D 
Por isso que em SP
Costumam dizer
Que todo baiano
Fala cantando.

GUIZO DE FEDEGOSO

Ao comando do xaxará
Inicia o som da viola
Zabumba começa a marcar 
Compasso da remandiola
Pra acompanhar o ganzá 
Triângulo bate nervoso
Pro groove ficar mais gostoso 
Vou no mato  buscar 
Fazer um guizo e amarrar 
Chuá  de fedegoso.

Chiar do sizeiro no meio do tempo
Sinal de aviso
Chacoalha o chocalho
Zuada do guizo balança no vento
Que sopra o arbusto tocando as bagens depois do orvalho

Se voismicê tiver na vereda
Não vá desatento, perceba a zuada
Corte caminho, e pirigoso
Que a cascavéi vai tá infezada
Um gafanhoto na roça de milho Esfrega  as asas na revoada
Não saia correndo, meu filho
Que não existe perigo de nada

MESTRES DO 7 CORDAS - DOIS FUNDAMENTAIS DE UM INSTRUMENTO FUNDAMENTAL ( DINO 7 CORDAS E RAPHAEL DO 7 CORDAS)

       O Violão de 7 cordas é um instrumento até recente na história musical, foi desenvolvido na Rússia no século XIX, onde era bastante usado na música popular e na cigana e foi introduzido no Brasil através de China, irmão de Pixinguinha e  violonista do grupo os Oito Batutas  ao voltar de uma excursão à Europa encomendou a um luthier que fizesse um para ele.  Outros dizem que o instrumento aqui já estava pelas mãos da pequena comunidade de ciganos oriundos da Rússia que interagiam com a Pequena África - comunidade de negros e nordestinos que se reuniam na Praça Onze, no Rio de Janeiro, por esta via, Tute, um violonista muito conhecido nas rodas de choro cariocas, teria encomendado que seu luthier fizesse um para ele.
          Inicialmente, adotado no choro teve seu uso impulsionado depois que  Pixinguinha, por problemas fisiológicos, trocou a flauta pelo sax tenor, desenvolveu contracantos que eram fraseados de respostas à melodia original em região muito próxima ao 7 cordas que foi incorporado, de vez, na famosa formação que ficou conhecida como Regional: violão de sete cordas, violão de seis cordas, cavaquinho e pandeiro. O Regional também utilizava o acompanhamento de outros instrumentos como: bandolim, flauta, clarinete, trombone,  e de instrumentos rítmicos, como tambor, reco-reco e surdo.
Do choro, o 7 Cordas passou a ser utilizado no samba também onde adquiriu algumas características melódicas diferentes no  seu fraseado.
Hoje, até em formações jazzísticas o 7 é utilizado, sua marcaçação na regiçao grave pontuando as notas de harmonia, ora fraseando em contraponto a elas em muito influenciou o desenvolvimento da música no Brasil.
             E a história deste instrumento aqui pode ser pontuada ente antes e depois de Horondino Silva, mais conhecido como Dino 7 Cordas, reconhecido pélos violonistas como o Mestre maior do instrumento. Embora fosse músico de profissão desde 1936 quando passou a integrar o Regional de Benedito Lacerda como violonista foi , somente  em 1954  que adotou o 7 cordas como instrumento após encomendar um exemplar; de 66 a 96, quando diminuiu o ritmo da sua carreira musical, ele fez parte do conjunto Época de Ouro.
            Dino também acompanhou e gravou com um grande número de artistas sendo um dos mais requisitados músicos durante a sua carreira e foi a influência direta para quase todos os grandes tocadores deste instrumento que vieram depois como Raphael Rabelo, Rogério Caetano, Hélio Dellmiro, Marco Pereira e Yamandu Costa. Faleceu em 2006 aos 88 anos de idade.
         Raphael Rabelo teve uma vida breve, apenas 33 anos, de família musical, sua irmã tocava cavaquinho e seu irmão mais velho havia lhe ensinado a tocar violão mas, influenciado por Dino, adotou o 7 Cordas. Ele tinha apenas 14 anos quando fez sua primeira gravação acompanhando Turíbio dos  Santos em um choro. em 1994 se mudou para os EUA onde foi lecionar música numa Universidade em Los Angeles, voltou no ano seguinte pra gravar um disco em que buscava resgatar a obra do grande Capiba, mas veio a morer antes de terminar e lançar o obra.

"Ele não tem limitações. Técnica, velocidade, bom gosto harmônico, um artista completo." – Dino 7 Cordas sobre Raphael

18 CANGAIAS

Dúzia  e meia de cangaia
36 cabeçotes tem
Onde anda ela agora 
Só promete e não vem?
É  triste a dor da espera
Aguardando por alguém
A gente sofre de dia
Chora de noite também 
Revira na cama aflito
Caçando o que não tem
Dormir sozinho  é fogo
Pior acordar sem ninguém 
Vou partir em sua busca
É o que me convém
O difícil é a passagem
No meu bolso nenhum vintém
Tô devendo na farmácia
Não paguei  o armazém
O jeito é ir de carona
Ou pongueando no trem
Pois sei se eu não for
Tampouco ela não vem
Se não  teve avemaria
Não espere o amém 
Prometer  de tudo a ela
Ser a única do harém
A dona do meu tudo
Darei todo meu bem
Dúzia e meia de cangaia
36 cabeçotes tem
Onde anda ela agora
Só promete e não vem? 
Hasb Milton

SAMBA DO ALICATE

Essa ferramenta 
Simboliza minha forma de ganhar pão, ô meu ganha pão 
Sou um artista
Pintando e bordando com o alicate na mão 
Especialista 
Em qualquer tipo de instalação 
Eletricista 
Correndo trecho nessa vida de pião.

NO CHÃO BATIDO DAQUELA COZINHA

Não terminei
Digo que tô no começo 
Aquilo que não tem preço 
Para mim é  de valor 
Do meu amor
Sei nome, sei endereço 
Dela jamais  esqueço 

Dei deitava nua
Numa esteira de tabua 
Forrada com edredon (edredon)
No chão batido daquela cozinha 
Eu deitava com minha  neguinha 
Sexo era bom, muito bom.
Ali mesmo a gente dormia
Acordava de madrugada 
E outra vez repetia

Vem cá minha neguinha
Uma chupada no seu neguinho
Te amar é muito bom
Vamos fazer de novo
Mas vamos gemer bem baixinho
Pra não acordar o povo

COCO DO EJA

A vi ao pé do balcão
Tomando 1 cerveja
Eu, logo cheguei chamei Geneci
Pedi uma  cachaça, uma dose de Carqueja 
Pinga que só brabo bebe
De vez, não deixa sobeja
Apontei uma passarinha
Dentro da estufa, numa bandeja
Como dizia Bira
Depende, conforme seja
Ela logo me disse
Que detesta a onda breganeja
Lembrei daquele sonho
A perna chega moleja
Me diga, me ouça, me olhe, me veja
Por você topo o perigo
Por mais brabo que isso seja
Só venho nesse risca faca
Esperando que você esteja

COCO DE MARTELO

Cantadô, ô divagar
Seja humilde, não se assanhe
Vai tirar coco comigo
Duvido que você ganhe
Venha na sua soberba 
Farei com que apanhe
Lhe corto em coco de martelo
Sem deixar que me arranhe
Num venha afobado
Chegue divagazim
Cantadô que se achá invencive 
Pode se achegar a mim
Ei de dá-lhe uma cossa
Pra sair todo tortim
Enquanto ninguém desbancar
Cantarei meu coco assim

Meu coco é firme,  meu coco é  forte
Num tem, nunca teve, medo de nada
É prego batido, é madeira lascada
É aço rompendo, é  ponta virada
Rasgando pra dentro, broca temperada
Cantadô segure a rima, sinta a potência dessa martelada

NUM TE QUERO MAIS

ESSA CHULA VAI PROS  SAMBADORES  DE CAPELA DE ALTO ALEGRE PRINCIPALMENTE PRA ZÉ BURQUIA  SAMBADOR  AFAMADO  QUE ME ENSINOU ESTE  MOTE. 
LEMBRANDO  DELE,  OS VERSOS  VIERAM  NO REPENTE  

Não te quero mais
Não te quero mais
Mesmo que volte chorando
Não te quero mais 
A neguinha foi embora
E agora? 
Que é  que faz 
Pra fazer amor na cama
Dividir o Botijão de gás? 
Sua ausência é  sentida 
A cachaça tá   demais 
Mas mesmo que volte chorando
Eu não quero mais 
Não te quero mais
Não te quero mais 
Mesmo que volte chorando
Eu não quero mais 
O chefe mandou embora
Me deixou endividado 
Mas o novo empregado
O serviço  não satisdaz
O patrão é um safado
Um capeta, o  satanás 
Mesmo que peça pagando
Eu não volto  mais
Não te quero mais
Não te quero mais 
Mesmo que peça  pagando
Eu não quero mais 
Falso amiigo foi embora
Era um dissimulado 
Eu sincero, ele sagaz
Mas a sua nova turma
Agora não lhe quer mais
Se chegar arreberano 
Peço que me deixe em paz
Não te quero mais
Não te quero mais
Se chegar arreberano 
Peço que me deixar em paz 
Não te quero mais
Não te quero mais
Mesmo que volte  chorando 
Não te quero mais 
Mesmo que peça pagando 
Não te quero mais
Se chegar arreberano 
Peço que me deixe m paz 
Não te quero mais
Não te quero mais.. ..

COMPONDO UM BREGA INACABADO

Seria tão diferente
Se eu fosse um Elino Julião
Saberia dizer diretamente
Ao seu coração timtim por timtim
E faria uma canção 
Pra você gostar de mim

Essa música eu cantaria
E nela te diria
Se a  a voz fosse de um Hélio Portinhal
Mas eu nem arriscaria
Porque canto muito mal
E ela sempre foge
Não espera o final

MEU TIME MINHA QUEBRADA

Vamos Caveira,   vamos Caveira
A vida é osso
E não  somos brincadeira
Vamos Caveira, vamos Caveira 
Somos Quebrada 
E não vamos dar bobeira
Onde eu moro é barraco
Vivo na minha Quebrada
Bebo cachaça de dia
Trabalho de madrugada 
O trampo é  cativeiro 
Jornada de condenado 
Corpo só anda quebrado 
Nunca me sobra dinheiro 
Manutenção predial, minha filha
Em obra corporativa 
Um back de meia noite
A mente sempre ativa

Vamos Caveira,   vamos Caveira
A vida é osso
E não  somos brincadeira
Vamos Caveira, vamos Caveira 
Somos Quebrada 
E não vamos dar bobeira
Voltar no primeiro trem
E baldear pro Metrô 
As mãos cheias de calo
Os pés moendo de dor
Domingo no Caveirinha
Ver o meu time jogar
Chego logo cedinho
Pra assumir meu lugar
No banco do fumacê 
Bahia é Nego Véio 
Outro firmeza é  o Gê 
Meu violeiro é  o Guina
O professor é  Nenê 
Vamos Caveira,   vamos Caveira
A vida é osso
E não  somos brincadeira
Vamos Caveira, vamos Caveira 
Somos Quebrada 
E não vamos dar bobeira

O DIA QUE O TREM EMBORCOU NA SUBIDA DOS BAGRES

O trem da grota 
Já saiu de  Bonfim atrasado 
Chegano no Caén
O tempo tava fechado 
O maquinista pereocupado
Inquiriu ao agente 
Se num era  arriscado 
Diante de tanta chuva seguir o itinerário ?
Recebeu como resposta:
-Cumpra  seu horário!
Não quero que me incomodem 
Pode ser que em Jacobina
Vois micê receba outra ordem.

Pidino nas oração
pela providência divina
Foi sem muito entrevero
Que chegaram a Jacobina
Onde o tempo tava bom
Alegrou o conferente:
Se o tempo ficar decente
Almoço em Miguel Calmon!
E tenho grande esperança 
De lá pra 4 horas
Descansar no França 
Mas o plano deu errado 
A estrada virou lambança 
Nem um palmo se enxergava
O povo muito assustado
Por todo santo chamava 

A chuva ia caindo 
A composição tentando seguir
Vendo a estrada sumir
O freio  se ino imbora
Não se fazia sentir
É o pior daquela hora
Era uma Serra a subir
O fumaça tombou de lado
Os vagões foram  caindo
Tudo descarrilhado
Aumentando aquele drama
Ficando a composição
Enterrada na lama
A caldeira esfriou
Apagou-se sua chama

Foi muito choro e mágoa
Sem saber onde estava 
Estando nos Olhos D'água
Quem tava são ajudava
Os que não podiam levantar
Era hora de agradecer
Nunca de lamentar
O trem de certo virara
Mas estavam vivos pra contar
Eram 7 anos de seca
Que tavam veno encerrar
Não tem dinheiro que pague
Ver a terra encharcar
O trem era  feito de ferro
Na lama  não ia amassar .

NA GINGA DE ABDIAS

(Arreceba!)
Toc, toc, toc
Toc, toc, toc, toc
Toque ABDIAS
Seu fole de 8 BAIXOS
Alegra nossos dias
Toc, toc, toc, 
Toc, toc, toc, toc
Toque  seu Abdias
Teu fole de 8 BAIXOS
Alegra nossos dias
(Arreceba!)
Na Borborema tem samba
Batido na pé de bode
Quem não tem cão e nem tem gato
Caça do jeito que pode
No Caribe tem merengue
Botão fica variado
Tocador disimbesta
Swinga o tarrabufado
Toc, toc, toc
Toc, toc, toc, toc
Toque seu  Abdias
Teu fole de 8 BAIXOS
Alegra nossos dias
(Arreceba!)
Jacobina, Caén, Saúde
Pindobaçu, Itinga, Campo Formoso
Quando chegar em Bonfim
O forró fica mais gostoso
Toc, toc, toc
Toc, toc, toc, toc
Toque seu Abdias
Teu fole de 8 BAIXOS
Alegra nossos dias.

PERDEU MALANDRO (um sambinha nortista que nem os que meu pai gostava)

Chegou tarde meu rapaz
Não encoste, se afaste
Nos deixe em paz 
Ela te disse que nunca mais
Nem vai ser agora e nem depois
Vacilou, coitadinho, perdeu a mulher 
Devia estar vendo, ela não lhe quer
E um arrependido é que sois
A garota  está de partner comigo
Se a  espera vai ficar de castigo
Porque dela eu não vou me afastar
Ela já disse, não quer nada contigo
Pra início de papo eu lhe digo
vamos a noite inteira dançar.
Uma mina assim de presença
Na minha semana já fez diferença 
Nosso amor agora é a crença
Besta foi tu de a desprezar

Amanhã  ela acordará sorridente e feliz
Tomando o café que com amor eu lhe fiz
E fora as promessas que ei de lhe fazer
Reconheça, saia do recinto
Pelo seu choro, eu juro, eu sinto
Seja altivo reconheça o perder
Aproveite o que a vida lhe ensina
Já tá tudo certo
A gente se ama, também se combina
Vai ser só dengo e chamego
Ela dizendo que sou o seu nego
Num love que nunca termina
De hoje em diante, do meu coração
Ela será a bailarina
E tudo farei pra não vê-la sofrer.

SIRIMBÓ DA QUEDA

Meu Tingulinho
Subiu em cima do telhado
Sirimbou,  sambou,  caiu
Sirimbou, sambou,  caiu
Meu Tingulinho
Tava em cima do telhado
sirimbou, sambou caiu

Telha partiu, Tingulinho ruiu
De SAMU pra UPA
Foi liberado, tá em casa, já saiu.
Foi liberado, tá em casa, já saiu.
Telha partiu, Tingulinho ruiu
De SAMU pra UPA
Foi liberado, tá em casa, já saiu.
Foi liberado, tá em casa, já saiu.

Ficou tudo bom
Ficou tudo bem
Foi um susto e só
Foi um susto só
Olha ele no terreiro
Requebrando o sirimbó

Meu Tingulinho

A PELEJA REPORTADA- Cego Aderaldo vence Zé Pretinho do Tucum

É  um dedo, é  um dado, é  um dia
É  um dia, é um dedo é  um dado 
No dia marquei a hora
No dedo butei anel
No dado joguei a sorte
Saí da briga sem corte
Estou de corpo fechado
De tanto o povo atiçar 
O encontro foi marcado 
É um dado, é  um dedo é  um dia
É  um dia, é  um dedo, é um dado
O que conto foi verdade
Nada aqui foi inventado
O Crato inda lembra
Desse dia memoravo
Num lembro se foi na Praça 
Ou na frente do mercado
Tem gente que noticia 
Foi na porta da igreja
Ao pé da escadaria
Pro redor tava lotado 
Uma grande  euforia 
O Coliseu tava formado 
Assim o povo dizia:
Um negro  com a viola de lado
Um cego com rabeca e sem  guia
Na busca de um trocado 
Duelaram na porfia
É  um dia, é um dedo é  um dado 
É  um dado , é  um dedo , é  um dia
No dado joguei a sorte
No dedo butei  anel
No dia marquei a hora
Para quem me desafia
Poder tomar uma surra
De rabeca e poesia
É  um dia, é um dedo é  um dado 
É  um dado , é  um dedo, é  um dia
Se medrou saia correndo
Pique a mula  avexado 
Se topar  me enfrentar 
Vai sair envergonhado
Seu cantar é meia boca
E o repente e meu roçado  
É  um dado, é  um dedo , é um dia
É  um dia, é um dedo é  um dado 
Se eu fosse Zé Pretinho 
Aderaldo não venceria 
Não tinha me apertado 
Ele quem gaguejaria 
Não sairia empolgado
Arrotando  valentia 
É  um dia, é um dedo é  um dado 
É  um dado, é um dedo, é um dia
Mas Zé Pretinho cochilou 
Aderaldo entrou afiado 
Zé  pensou tá  por  cima 
Descambou acidentado 
Aderaldo fez trava língua
E  não foi acompanhado
Se tornando naquele  dia
O cego mais afamado
Seu feito na cantoria
Até hoje é  aclamado 
É  um dado, é  um dedo, é um dia
É  um dia, é um dedo é  um dado

TACITURNO

Acordei taciturno
Nem queria te falar
Ontem à noite aconteceu
Nem sei como explicar 
No sonho estava arrependido
Te pedia pra voltar

Balançar dos teus cabelos
Vento sopra com prazer
Puxo um trago do cigarro
Procurando esquecer
Vira e mexe na lembrança
Precisamos nos rever

MORTE POR MORTE VINGADA

Muitos assuntos eu poderia
Nessa glosa contar
Me alembrei   de um caso 
Vou na memória puxar
No meio da vaquejada 
No França deu de se dar
A praça da feira lotada 
Ninguém podia passar
2 tiros de escopeta
Fez Josenildo deitar

Caiu sem vida no chão 
Foi morte de empreitada
Tanto desprezo pela vida 
Que teve a sua ceifada.
Ligeiro seu pistoleiro 
De estratégia pensada
Passou a mão num rifle 
Já de arma engatilhada 
Pulou em cima do berobo 
Iniciou a caçada 
Quem derrubou seu patrão 
Teria as conta acertada
Uns 50 metros distantes
Jagunço em retirada
De pé em cima dos estrivos
Nuca  da presa mirada
Único tiro certeiro 
Morte por morte vingada.

A CABOCA E O PEIXE

Gosto dos peixes do norte como a  Miraguaia e a Piramutaba, aliás, esse último me inspirou certo dia que eu fui na Rodoviária aqui filar o wi-fi; encontro uma mulher que tinha largado o cara e tava voltando pro Pará, reclamando  Bahia que nem carimbó tinha, eu disse a ela que ia comprar um peixe e se ela resolvesse ficar ( rolou um flerte) eu faria uma muqueca e lhe mostraria meus mp3 de carimbó no notebook. Ela não ficou, pegou o ônibus pra baldear em Brasília e eu fui pro mercado ali perto. Nem usei a tal wi-fi.

A CABOCA E O PEIXE 

Piramutaba, pira. piramutaba é o nome do peixe
pescado e trazido lá do Pará
que hoje na feira eu fui buscar
andei por todo o mercado
só que você não estava lá
bateu a saudade, me deixou só
pra Ananindeua resolveu voltar
porque na Bahia não viu carimbó
não toca Vieira, não toca Solano
nao se escuta Pinduca e nem Cupijó

Aí eu vi o peso
do nós dois se acabar
não apareceu pro almoço
sei que não vem pr'eu jantar
não dorme mais comigo
não consigo sonhar
nem bem começou
n'era hora de terminar
era tão bom, era tão lindo
tô na cachaça ,perdi a cabocla
pra Verequete e Mestre Lucindo
 
Piramutaba, pira. piramutaba é o nome do peixe
pescado e trazido lá do Pará
que hoje na feira eu fui buscar
andei por todo o mercado
só que você não estava lá
bateu a saudade, me deixou só
pra Ananindeua resolveu voltar
porque na Bahia não viu carimbó
não toca Vieira, não toca Solano
não se escuta Pinduca e nem Cupijó

ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...