CADA QUAL EM SEU LUGAR

De repente acordei atrasado e sem vontade 
De ir trabalhar 
Uma pessoa que veio no meu pensamento
Esteve em meu sonho
Me fez relembrar
E o lúdico sempre que é melhor que a vida
Meu inconsciente me dizia que ali
Era o melhor lugar pra ficar
Tentava me convencer 
A não levantar 
Escravo do trabalho que sustenta o capitalismo
A conjuntura é mais forte
Sujeição, desengano
A vida tem que girar
No sobressalto acordar
Sinto, mas meu desejo
Era sempre contigo estar
Mas, separados.
Assim se longe
É cada qual em seu lugar

DISTA DA RAZÃO

O meu coração
Dista da razão
Vive de ilusão 
Já não tem mais jeito
Indaga dentro do peito
E me desatina
Reconsidero
Ele reexamina
Pronuncia o nome
De quem tá no seu gostar 
É a mesma mina
O resolveu deixar
Que mandou recado
Para lhe esquecer
Foi semana passada
Perdi a namorada
Não consigo esquecer

PRONTA PRO CRIME

Do verbo querer
Conjugaria
Do Verbo querer, quereria
(Futuro do pretérito condicional)
Estar no seu rolê 
Em sua mesa
Em sua companhia 
Contigo beberia
Com certeza me embriagaria 
Se soubesse em que buteco
Hoje você decidiu beber
Pras desavenças com seu amor resolver
A estas horas já deve tá bem alta
Embriagada não sentirá nenhuma falta
Mesmo sendo uma mulher incrível
Nessas horas se transforma em previsível 
De cara um dose pura de aguardente
Garganta queima
Peito não sente
Com o coração em chamas
Nada gelado
Somente bebida quente
Quando no amor se desentende
Se embriaga, sente o baque
Pra esquecer
Com algumas  doses de conhaque
E fica louca, 
Sobe na mesa
Tira a roupa
Não se reprime
Quando tão doida
Pronta pro crime

FLOR DA QUIXABEIRA

Do lado de fora da janela do barraco
Tá forrado o chão
Flor de Quixabeira
Folha, fruto, madeira
Resistindo no sertão
Rancho, de palha
Pedra que afia, navalha
Corta o corte, facão
Estrovenga, machado, foice
Bicho bruto, acerta coice
Tempo de apartação
Porta aberta, cama vazia
Boca da noite, romper do dia
Morada da solidão

E ela se foi, assim ela se foi
Dizendo que iria embora
Nem sei como se foi
Mas caiu fora
Caiu fora, caiu fora 

UMA FOTONOVELA DIGITAL

Oi sumida
A nossa vida 
Se for resumida 
Uma fotonovela digital
Mediada por essa distância 
Que oculta o real
Tornou a saudade
Uma palavra esquecida
Eu que o diga
Ê vida, ê vida!

Sem estar perto
Pra se aproximar 
Uma garrafa de vinho
Pra compartilhar 
Molhar a saliva 
Minha boca em tua boca
Beijar
Um monte de coisa
Sobre nós dois
Que a gente tem pra contar
Ficar pra depois
Bem depois
De se amar 

Oi sumida
A nossa vida 
Se for resumida 
Uma fotonovela digital
Mediada por essa distância 
Que oculta o real
Tornou a saudade
Uma palavra esquecida
Eu que o diga
Ê vida, ê vida!

ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...