BELA ERA ELA

Vou contar num release
Um lance forte do meu coração
Essa mina  fazia streap-tease
Nas boates da Augusta e da São João
Voltava por volta das 5 da matina
Com a sua dopamina
Tinha largado um ladrão de carros
Me dava dinheiro pra comprar cigarros
Trazer pra ela se destruir com pedrinhas
Que  chamava de lindinhas.
Mas linda era ela, linda era ela
Quando me lembro, que mulher foi aquela.
No princípio tratou de amigo
Depois quis um love comigo
Loira, bonita e vistosa
Na cama mó gostosa
Eu nem acreditei
Tão fácil me apaixonei
Porteiro noturno do seu edifício
Resistir me foi difícil
Eu fazia o que ela queria
Mais drogas que ousadia
Pra ela só importava o agora
Cansei, pedi as contas, fui embora
Linda era ela, tão louca, tão bela, linda era ela
Depois que fui embora
Nunca mais eu soube dela
Linda era ela
O nome já rimava com beleza
O nome daquela beleza,  tão belo quanto ela, era Andreza
Louca era ela, bela era ela

CARNE DO SOL, BIBELÔS, FEITICHES, DESEJOS E MERCADORIAS

 Nunca fui de chancelar as datas comemorativas que os niguciantes fazem pressão pra tomar o pouco dinheiro do cristão e do ateu; são muitas datas pra inventar motivo de vender mercadorias em firmas de presentes. Em alguma sofro pressão maior porque envolve com a filhos e destruir fantasias de criança é complicado, internet, a televisão, os parentes, a escola, a galera,  o modismo... São muitos os aliados que  o mercado tem nessa hora. Então, aniversários, páscoa, natal e dia das crianças me corta o coração cumprir o dolorido dever de dizer não; em alguns eu me calo e faço de alguma necessidade um motivo pra escanear a discussão e "presenteio".
Hoje, meu Tingulinho pediu farofa de ovo com toicinho no café da manhã e, no mal costume de comer falando, confessou estar com saudades daquelas farofas refogadas de carne do sol  com toicinho. Expliquei sobre o exorbitante e proibitivo preço da carne do sol, amo passado, a muito custo, comíamos de R$ 22,00 o quilo, hoje está de R$ 40,00 e que por isso eu havia parado de comprar pois hoje eu ganho menos dinheiro do que quando a carne custava menos.
Ele foi indagando e mudou o papo pro dia das crianças, expliquei que  a situação difícil da classe trabalhadora, a qual nós pertencemos não possibilita presentear com mimos w bibelôs nesse momento e que, também, eu, o pai, enquanto sujeito, não sigo essa correia de transmissão capitalista de vender mercadorias aproveitando fetiches que ela cria para se parecem tradição inquestionável. Debate de lá, debate de cá, determinei um consenso:
- Tá bom! Esse ano vou te presentear com 01 kg de carne do sol, 2 pelos, chã de dentro, oficial e ligítima; um pedaço cortado de uma manta traseira, daquelas que toma sereno e foi abanada com palha de licuri pras moscas não sentarem e mais meia libra de toicinho de porco
Aí, eu pego o presente e frito, no capricho, refogo nis temperos pra gente comer com uma farofa d'água.
E viva as crianças, viva o direito de comer carne do sol.

MACHUCAR FEIJÃO NESSA VIDA JÁ TÃO MACHUCADA

Este utensílio se chama machucador de feijão feito de madeira lavrada e pode também ser improvisado com uma garrafa de vidro. Esta ferramenta voltou a ter grande serventia na casa do pobre pois feijão duro é mais barato e também demora mais de cozinhar, mesmo na pressão. E com o preço do gás proibitivo pra maioria, o negócio é carvão ou lenha pra amolecer a caroceira de legumes.
Quando o feijão tiver começado a amolecer é a hora em que o machucador entra em cena. Sem tirar a panela do fogo, vai macerando e girando o cabo do trem. Dar, meio, uma esbagaçada no cozinhado para ajudar no cozimento pra pegar o tempero e engrossar o caldo.
Se aparecer feijão mais duro, o negócio é usar um parente mais radical do machucador, o cortador de feijão que pode ser feito adaptando esse tipo de machucador com a colocação de pregos. Existem modelos já prontos feitos com pedaços de zinco recortados e tem o tradicional aqui da região, feito de hélices de madeira de umburana de cambão ou pau de leite fixadas numa gaste de madeira.
Bom mesmo é feijão novo, orgânico que chega a derreter na boca e vira papa se demorar no fogo mas, o corpo padece de sustança e o feijão é uma fonte fundamental de energia calórica, seu ferro nos fortalece; aí lado do arroz, da farinha formam o trio mais requisitado nas cozinhas desse sertão da Bahia. Meu preferido é o de arranca, não o catioca mas bage roxa, mulatinho, rosinha, casimira sai mais saborosos. Meu Tingulinho parece sertanejo mais de cima, adora o feijão de corda; eu gosto de troperar, mas, todo dia no almoço  pra mim é castigo. A não ser se for no baião de 2, minha janta preferida .

ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...