SEXTILHA DO BELO MONTE

É mais do que dizem
O Biato era muito mais que um homem só
Foi radicalizar os conselhos
Vieram sem piedade nem dó
O sangue sertanejo jorrou
Sangrando o açude de Cocorobó
(Sextilha de Belo Monte)

BEBO PRA NÃO ESQUECER

Maria aguarde
Por favor guarde 
A garrafa do aguardente
Chegarei mais tarde
Vamos queimar o dente
Na boca é brasa que arde
Saliva ardente  
Oxente 
Fogo toma conta da gente
Amor e o álcool na mente
Menina, decente

NOS 10 DE GALOPE NA BEIRA DO MAR

Beira mar, beira mar

O sertão é mais distante

Fica bem mais adiante

Dos que não querem enxergar

Mesmo assim eu vou falar

É coco, cantoria e repente 

Improvisado  da mente 

Centelha  pra detonar 

De prontidão  pra disparar 

Nos 10 de galope na beira do mar


Beira mar,  beira mar,  beira mar

Acompanho a ideia 

No tempo da Pangeia 

O sertão foi beira mar 

Esse coco é pra lembrar 



A seca quando encosta 

Raleia a caatinga

Pouca água na moringa 

O trovão não manda respostas

O sol quente nas costas 

Quintura de rachar

Nem adiantou tentar

O que plantou perdeu 

Nem o milho colheu

Nos 10 de galope na beira do mar


Beira mar,  beira mar,  beira mar

Acompanho a ideia 

No tempo da Pangeia 

O sertão foi beira mar 

Esse coco é pra lembrar 


Procurar um serviço fora 

Pra poder sobreviver

Fiado ninguém quer vender

Difícil ver uma melhora

Maldita a classe que explora 

Vive de parasitar

Se ocupando em governar 

Corrupção e maldade 

Dizem fazer caridade 

Nos 10 de galope na beira do mar


Beira mar,  beira mar,  beira mar

Acompanho a ideia 

No tempo da Pangeia 

O sertão foi beira mar 

Esse coco é pra lembrar 


Pro meu avô era assim 

Também no tempo de papai

Vai e vem, vem e vai

A luta não tem fim

Será assim depois de mim

Muita coragem pra encarar 

O que vier enfrentar

Vai saber o quanto custa

A vida é mesmo injusta 

Nos 10 de galope na beira do mar


Beira mar,  beira mar,  beira mar

Acompanho a ideia 

No tempo da Pangeia 

O sertão foi beira mar 

Esse coco é pra lembrar 


Beira mar, beira mar

O sertão é mais distante

Fica bem mais adiante

Dos que não querem enxergar

Mesmo assim eu vou falar

É coco, cantoria e repente 

Improvisado  da mente 

Centelha  pra detonar 

De prontidão  pra disparar 

Noa 10 de galope na beira do mar



Beira mar,  beira mar,  beira mar

Acompanho a ideia 

No tempo da Pangeia 

O sertão foi beira mar 

Esse coco  é pra lembrar 

ARTISTA EU JÁ NEM ERA

Artista já eu nem era
Só andava com a galera 
Artista eu nem sou
Nem sei pra onde vôo
Artista nunca fui 
Tem horas que  a rima não flui
Com a arte  vivo aprendendo 
Mas não tem meu pé tá doendo
Pião,  proletário
Vivo em busca do salário 
Se me paga, eu produzo 
Networking  é o meu valor de uso
Fetiches da mercadoria 
Quem vai querer mais-valia?
Se é  cada um  na sua 
Grito no meio da rua
Rh  me entrevista 
Sou passado em revista
Na carteira publicado 
O contrato assinado 
A primeira obrigação 
Dignamente ganhar o pão 
O pão de cada dia
E, quando der, fazer poesia.

CONJUGAÇÕES DOS PRETÉRITOS

O  pretérito-mais-que-perfeito 
É anterior ao perfeito 
Se  não passara
Talvez passará
Agora palavra acentuada
Antes de ocorrer o  passado
Uma ação foi passada
Vós foreis
Mais uma vez
Não  estivera
Nem quisereis
De modo e jeito
O pretérito virou imperfeito 
Eu queria
Mas talvez não deveria
Vai-e-volta  a acontecer 
O passado  continuamente 
Conjugando o peito da gente .
Sofrimento e sofrer 
O  pretérito  perfeito 
É  um passado incerto
Passando longe do perto
Duvidoso no subjuntivo 
O mal tá no indicativo
Partindo do pressuposto 
Se supostamente for
Futuro do pretérito  é composto 
Teria esquecido, não fosse o amor.


ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...