Quem tem que chiar é quem sofre
Destrancar os sonhos trancados no cofre
Não pode calar nem emudecer
Tem ser dito o que há pra dizer
O verso só tem serventia se puder protestar
Seu sentido é a utilidade do gritar
Dá tristeza ver a cozinha
E o dicumê que não tinha
Faz tempo que se comeu
Coçou o bolso, o cobre não deu
A fome atormenta o dia
A dispensa tá vazia
Acabou o dinheiro
Farei o meu próprio pandeiro
Um batuque pra ser escutado
Couro de bode espichado
Esquentado na brasa de angico
Sei que calado eu não fico
O aro é cipó de embira
Cada palavra uma mira
Vou botar o meu coco na rua
E a embolada crua
A verdade nua
Debaixo do sol, sob a luz da lua
Sua dor igual a minha
Minha dor igual a sua
Debaixo do sol, sob a luz da lua
A verdade nua
E a embolada é crua
Sua dor igual a minha
Minha dor igual a sua
E a embolada é crua
A embolada é crua
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