O MAIS PESADO DISCO JÁ PRODUZIDO NO RIO, BLACK FUTURE.

Eles lançaram apenas 1 disco, o suficiente pra deixarem marcas indeléveis em quem escutou. Fundada em 1.984 por Lui ( que seria inspiração para o primeiro álbum dos Paralamas do Sucesso "Passo do Lui" ), Satanésio e Tantão eram o núcleo, Olmar e Edinho completavam o bonde. Fazem 30 ANOS, não tem como esquecer, de tão estupefato fiquei, quase sem acreditar como tava rolando isso por aqui e a maioria das pessoas não sabiam; saiu na Revista Bizz, alguém comentou mas o disco, parece, que nasceu e morreu na Lapa, ficou restrito aquele território, a mídia só queria saber do roquizinho água com açúcar que servia pra trilçha sonora da globo. Era música pra tempos de caos, soou-me meio Siouxie, PIL, coisas lá de for, nada semelhante por aqui. Samba, hip-hop, funk, hardcore, rock industrial, e outras misturas pesadas; pela voz de Satanésio, eles escancaravam críticas ácidas e mordazes ao sistema e as suas instituições, nada de coisas comportadas; o surreal aparecia contando sobre alucinações, estados de pré overdose com realismo fantástico, uma psicodelia mais pesada, anúncio de coisas tenebrosas, a realidade apontava essa perspectivas e esse som que passou incompreendido era a forma deles anunciarem, que a coisa tava tenebrosa.
Uma galera do pós-punk nacional, Edu K e Biba Meira (DeFalla), Alex Antunes (Akira S. & As Garotas que Erraram), Ronaldo Pereira (Finis Africae), Edgard Scandurra (Ira!) e Thomas Pappon (Fellini), dentre outros, participaram das gravações. Nada nesse disco é bonitinho, é tudo sujo, ele se refere a um Rio oposto a falácia de Cidade Maravilhosa, país tropical, garotas em Ipanema, Chopp que distrai, é uma coisa cruz. Hoje vemos que eles falavam do Rio verdadeiro que vivia escondido, como escondido ficou esta disco. Ouçam e compreenderão porque a cidade maravilhosa, hoje está horrorosa; ele vinha sendo fabricada por aqueles que sempre se beneficiaram da miséria e da exploração. Lima Barreto denunciava esta perspectiva e anunciava o que a Black Future atualizou nos anos 80. Um disco atual, aliás, atualíssimo.
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CANINOS BRANCOS de Jack London

CANINOS BRANCOS (1906)
 Alasca, uma terra onde tudo parece sempre estar paralisado e em silêncio, também existe a diária batalha pra sobreviver e só os fortes conseguem vencer; o americano Jack London foi um dos mais importantes autores do Realismo, e suas obras são recheadas de episódios vividos pelo próprio autor. ele viajou muito conheceu várias pessoas e esteve em diversos lugares e esse ambiente é transportados pros seus livros
Utilizando o ponto de vista do lobo, imaginando como os animais veem o homem,.este livro foi publicado pela primeira vez em 1906 e demonstra a habilidade do autor em escrever com riquezas e sutilezas suas reflexões. Caninos Brancos é um lobo nascido no território de Yukon, no norte congelado do Canadá, ainda filhote, antes de completar um ano de idade, é capturado para ser usado como puxador de trenó, isto o obriga, desde cedo, a enfrentar matilhas hostis e lutar por sua sobrevivência. Mas as coisas ainda ficam piores quando ele é repassado e seu novo dono é um inescrupuloso que detesta animais e o transforma em um cão de luta, para brigas de rinhas, sendo obrigado a enfrentar outros animais selvagens e servir como centro das atenções para os seres humanos, que empolgados se deleitam com a barbárie dos animais se engalfinhando.
     A convivência nesse ambiente de violência, horrores e morte ensinou Caninos Brancos a não confiar mais nos seres humanos e aguçou seus instintos furiosos que assustava a todos e impedia que se aproximassem dele. Em dado momento ele conhece um humano diferente, que lhe mostra coisas desconhecidas até então como amor e o afeto
O livro é narrado na terceira pessoa e a escrita é detalhista nos levando a sentir-se muito próximo do lobo, torcer por ele nas suas lutas diárias contra os perigos da vida selvagem e contra a tirania do ser humano, vivemos com ele as dificuldades da sua adaptação aos novos ambientes e como ele absorve e internaliza esse processo
Uma leitura indispensável para a vida, fala de um lobo mas passa longe da superficialidade, as metáforas são bem construídas e a narrativa nos permite questionar sobre a solidão, a sobrevivência, o medo, o poder, o amor.... Sentindo-se animal, refletimos sobre a condição dos bichos e muitas emoções afloram e a experiência mundana de Caninos Brancos tem muito a nos ensinar.

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IVSON VANDERLEY, o Ivinho. GRANDE GUITARRISTA E VIOLEIRO


Eu não conheci Ivinho; mas conheço um cara que conheceu, um poeta do Norte que fazia arte urbana, pra lá de contemporânea; mais, ele viveu entre os artistas olindenses e recifenses no final dos anos 80 e Ivinho era figura frequente na cena e esse poeta muito próximo do grande guitarrista nesse período. Após alguns anos ao ir embora de Pernambuco, esse poeta desembarcou em Salvador pra continuar a divulgação da sua poesia, se enturmou com os Poetas na Praça, que eu frequentava e já conhecia uma pá de figuras; o poeta também frequentava, na Soterópolis,  a Livraria Graúna, que era referência da galera que havia enfrentado a Ditadura na Bahia e onde trabalhava meu amigo cearense, caririrense que eu havia conhecido em 87 em Fortaleza me apresentado a História de Gregório Bezerra, o som de Abidoral Jamacaru, Lula Fidélis, Eugênio Leandro, Tiago Araripe e Papa poluição. Fomos muito amigos e mantemos diálogo até hoje.
Ivinho eu havia, primeiramente, escutado sem saber quem era. Nos discos de Alceu! Antes dos 10, eu já ouvia e gostava daquele som; menos o álbum VIVO! Somente vim a escutá-lo em 1990, já casado e com 20 anos de idade.  AVE SANGRIA, antes disso, eu devia ter uns l6, 17; as coisas dele antes dessa banda, descobri a pouco tempo: Os Selvagens, Feira Experimental, Tamarineira Village, essas coisas só recentemente.  Paebiru, o lendário disco encabeçado por Lula Cortez e Zé Ramalho, foi bem mais tarde, em 2005 que vim descobrir que existia.  Com 11, 12 lembro de em casa ter aparecido o uma fita do disco solo de Montreaux (também gravou o de Gil) , meu Coroa era antenado com as coisas e ele sabia quem tocava com quem naquele tempo porque ele escutava, pois possuía e pesquisava, discos lendo capa, contra capa , selo e encartes. O som daquela viola me marcou pra sempre, trouxe um enorme apreço pelo cara que fez aquele som e, sempre estive atento à sua produção, procurando conhecer mais a sua obra e, sempre que se trata dele a minha admiração só tem aumentado com o passar dos anos, me identifico.
É o meu preferido dentre todos os guitarristas que já escutei, pela sua história, suas lutas, suas incoerências, sua lucidez e, assim como sua loucura. Sem desmerecer Hendrix, o maior de todos; Chucky Berry, Robertinho, Van Hallen, Robert Johnson, Lanny Gondim, Luiz Wagner e tantos outros, são muito bons mas Ivson Vanderley, sobretudo, é meu preferido porque em sua breve carreira e existência tocava guitarra tanto quanto vocês, na Viola vocês não chegavam nem perto dele e tinha uma atitude que me cativou
Como eu gostaria de tê-lo visto tocar.
Esse texto é dedicado ao ivinho, ao poeta que tomou vários porres de vinho com ele e vários de cachaça comigo.
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ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...