MESTRE NILO AMARO E OS ESQUECIDOS CANTORES DE ÉBANO.

ANJOS QUE CANTAM- Um disco seminal 

Moisés Cardoso Neves adotava o nome artístico de Nilo Amaro era Maestro de Arranjo e Regência autodidata que fazia música negra religiosa  mas experimentava peças do cancioneiro nacional e os "spirituals:, música religiosa americana. Nilo era Tenor e formou um  coro de 9 vozes negras femininas e masculinas:  um soprano, um mezzo soprano, um contralto, dois baixos, um tenor e três barítonos. Gravaram 2 LP's pela Odeon em 61 e 63, fizeram vários shows pelo Brasil e no exterior. Douglas Júnior contava que nos EUA o empresário sumiu com a grana e eles só voltaram ao Brasil com ajuda da Embaixada. 

Amaro foi o primeiro a trazer pra nossa música os "spirituals", que eram os cantos dos negros escravizados no Sul dos EUA. Estas cantigas  evocavam a  religiosidade,os costumes  tradicionais ou davam a letra de revoltas  e rotas de fuga, os spirituals foram super importantes para a preservação da cultura e da identidade do povo negro na América do Norte. Toda black music veio daí: gospel,  jazz, soul, blues, R&B, Be Bob…

Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano em referência a árvore  nobre, densa e escura africana. Eles  foram inovadores misturando o  jazz e a música brasileira tradicional ou moderna. 

Lançaram três compactos, em 78 rotações, um pela Dó Ré Mi e dois  Odeon, no terceiro "A Noiva" e "Greenfields", e "Leva Eu Sodade", fizeram sucesso que possibilitou gravar este L, Anjos Que Cantam, um disco fundamental pra história da música brasileira e, mais ainda, da música negra neste país 

 Após o término do grupo Nilo Amaro se virou dando aulas de canto (Jair Rodrigues e Wando estudaram com ele) e formando corais até que em 2004 veio a falecer aos 76 anos em Goiânia onde residia desde 1998.

Douglas Junior, radialista  que morreu em 2010 aos 74 anos, Darci Gonçalves era cantor evangélico e foi o único a comparecer ao enterro do Mestre onde declarou que além de Noriel, uma das vozes femininas também falecera . Noriel, com extensão  vocal de baixo profundo ,  a voz de mais destaque no grupo, morreu ainda jovem aos 38 anos em 1975;  seu disco Eis o Homem, lançado em 1969  vendeu 200 mil cópias. Outro integrante do grupo foi Noel, que formou o Trio Melodia ao lado de Fredson e Nilton, trio muito popular entre 63/73. Meu conterrâneo Jacobina, compositor de algumas músicas gravadas oelo grupo como Uirapuru (com Murilo Latini) tem uns 20 anos que voltou pra terrinha s, pelo que sei, inda tá vivo pra testemunhar.

Nada mais pude apurar sobre estes negros pioneiros da nossa música e me sinto envergonhado pela memória deles; suas histórias eram pra serem conhecidas, seus feitos glorificados, cantados e ensinados como exemplo da altivez da música negra brasileira. 

ANJOS QUE CANTAM é o primeiro dos 2 discos lançados pelo grupo é pelo contexto um disco seminal. Quando lançado não havia nada igual na música brasileira  


01. Leva Eu Sodade (Tito Neto & Alventino Cavalcante)

02. Boa-Noite (Francisco J. Silva & Isa M. Da Silva)

03. Fiz a Cama na Varanda (Dilu Mello & Ovidio Chaves)

04. Canção de Ninar Meu Bem (Bidu Reis & Gracindo Junior)

05. Down By The Riverside (Dazz Jordan)

06. Greenfields (Terry Gilkson, Richard Deher, Frank Miller & Romeo Nunes)

07. A Lenda do Abaeté (Dorival Caymmi)

08. Azulão (Jayme Ovalle & Manuel Bandeira)

09. Eu e Você (Roberto Muniz & Jairo Aguiar)

10. Minha Graúna (Tito Neto & Avarese)

11. Dorinha (Tito Neto & Ary Monteiro)

12. A Noiva (La Novia) (Joaquim Prieto & Fred Jorge)

13. Uirapuru [Bonus] (Murillo Latini & Jacobina)

SUJEITO HISTÓRICO

Tenho pensado na vida

Sem compromisso com nada

Olhando pela janela 

Pensando em cair na estrada 

Pronto pra caminhada 

Voltar por onde passei

Descobrir o que não conheço 

O que vivi eu já sei 

Me servirá de começo 

Tesouros não encontrarei 

Não buscarei por riqueza

Não parto em busca de glória 

Do futuro não tenho certeza 

Sou  parte da história 

O QUE SERÁ DE NÓS

Em qualquer dia
Solteiros na pista
Soltos na buraqueira 
Sem eira nem beira 
Com a sua anuência 
Sendo da sua querência 
Embora já seje da minha preferência 
Os 2 de bobeira 
Danasse a se beijar 
Cansados de estarmos sós
Depois da festa partir 
Algum lugar pra ficar 
Um ao outro se entregar
Num tesão navegar
Juntinhos vamos dormir 
E só depois decidir 
O que será de nós 

SONHO COLORIDO

A  janela fica aberta 
O pé de manga abana o vento 
Que sopra em cima da cama 
Embaixo da janela 
Só faltava quem tá no meu sonho
Ao meu lado dormindo nela
Eu me transformaria em brisa 
Ao mar num barco à vela 
O vento que vem das monções 
Percorreno os pelos dela
Em delírio eu pinto
A palavra mais bela
Balbucio seu nome 
A mais colorida tela

MINA DANÇADEIRA

Moça dancadeira 
Desimpedida e solteira
Quando entra no samba 
É  covardia 
É como sonhar acordado
Até raiar o dia

No tempo dos antigo 
Os mais velho condenava 
Era muita ousadia 
As mais nova iscutava 
Mas o conselho não seguia 
Entrava por uma zoreia 
Na mesma  hora pela ota saía 
Era o barulho do batuque 
Por quem desobedecia
Pela sua silhueta 
Esse toque  se  cadencia 
Conheço muita mina formosa 
Mas que nem você não conhecia 
Até mesmo pensava 
Que a mulher da minha vida
Jamais existiria 
Mas eis que era você  
Que nos meus sonhos  aparecia 
Agora pode ser real
O que era fantasia 
És  a tentação 
Que meu coração 
Jamais resistiria  

Moça dancadeira 
Desimpedida e solteira
Quando entra no samba 
É  covardia 
É como sonhar acordado
Até raiar o dia

    

SEGUNDA OPÇÃO

Pronunciaste que vai me abandonar 

Sente-se  ainda  comigo 

Tanto que eu me dedico 

Indignado fico 

Contigo 

Dói ouvir você me chamar de simplesmente de amigo.

Mas se queres ir,

Vá!

Se pra ti  nesse momento 

É tudo que importa

Estou ciente

Que mais dia menos dia

Retornarás por aquela porta Estará sempre  aberta 

Pois é a estrada certa 

Se der errado a tua caminhada 

A cama ficará sempre  arrumada

Terás sempre seu lugar

E se por acaso,

Saibas coração, 

Se acaso  outra estiver, temporariamente,    

Enquanto estiveres fora,

Com meu corpo e  o meu tesão 

Na hora 

Peço que vá embora 

Avisada estará de antemão 

Que por mais que diga que me adora

Será sempre......

...... a segunda opçãoooooo

http://prosiado.blogspot.com/2023/04/segunda-opcao.html

VALEU TONHÃO

Quando morre um sambador 
O batuque  não se acaba
Nem emudece a dor 
A chula é homenagem 
Da batida do tambor 
Reconhecendo a história 
Do valoroso lutador 
Valeu Tonhão, valeu Tonhão !
Você sempre será lembrado 
Na nossa recordação.
Essa chula é redigida
E vai ficar de decreto
Da saudade que deixou 
Antonio Aniceto.
Seu amigo muito  sente 
Valeu Tonhão 
Estarás sempre presente!

AS SINFONIAS DE BEETHOVEN

Vocês ouvem 

Em que e com qual frequência 

As Sinfonias de    Ludwig van Beethoven?


O que tá mais pro classicismo 

Rigidez racional 

Propriamente pro romantismo

Mais harmônica e estrutural

Com drama, tensão, exploração. 

É visto que se trata 

De uma obra de transição 

Parece absurdo  

O cara da peça musical  mais famosa

Compôs e ao finalizar estava surdo  

O seu segredo 

Era que tinha medo 

Medo do que aconteceu

Não teve remédio

A trompa de Eustáquio rompeu 

Encheu de líquidos o ouvido médio 


Vocês ouvem 

Em que e com qual frequência 

As Sinfonias de    Ludwig van Beethoven?


Antes a sinfonia 

Era tudo instrumental 

Na  harmonia 

Veio o  Bethoven  valorizou  o vocal

Trincou Solista e coro

Germe revolucionário

Falta de decoro 

Portador da transgressão 

Ouvido imaginário

Destruidor da tradição 


Vocês ouvem 

Em que e com qual frequência 

As Sinfonias de    Ludwig van Beethoven?

Moleque Calabar

Reumatol com fitopó

Guaraná do Amazonas 

Pomada do peixe elétrico

Castanha do Pará 

Ponta de zagaia 

Mingau de tapioca 

Farinha de copioba

Chifre de  marruá

Ferrão de arraia

Jundiá de loca 

Folha de maniçoba

Água de gravatá 

Cera de mandassaia

Paçoca, milho de pipoca 

Salada de taioba

Arroz doce, mugunzá 

Melancia da praia 

Vara de taboca

Óleo de andiroba

Bico de carcará

Bago de Sapucaia

Mocotó de vaca

Leite de mangaba

Caroço de ingá

Pena de anun

Batata de teiu

Doce de goiaba 

Alcalóide de pitiá

Semente de girimun

Flor de mandacaru

Chá  de jabuticaba  

Raiz de dandá

Mel de jataí

Raspa do pau do quati

Ponta de faca 

Unha de tamanduá 

Casca de catuaba

Visgo de jaca

Maria do grito

Apronte seu patuá 

Que deu no Cabrito 

Moleque calabar

Carrega na mente

O que não vai no caçuá.

“Caveira My Friend” (1970), de Álvaro Guimarães. P&B/B&W 35mm 86

As aventuras de um grupo de ladrões e assassinos liderada violentamente por Caveirinha, talvez influenciados pelo manifesto  de Hélio Oiticica em Cara de Cavalo  (Seja Marginal, Seja Herói), a ação do grupo serve de fio condutor  em sequências que exaltam ao jeto fora-da-lei de ser; regras e tabus são ignorados com deboche pra ilustrar o descontentamento daquela geração com  o ambiente  repressor  da ditadura militar. A liberdade narrativa representava um radicalismo dispostos a romper os enunciados do Cinema Novo e trazia a periferia soteropolitana à cena

Álvaro Guimarães, falecido há 15 anos (2008) assina  "Caveira, my Friend" mas  é  um filme colerivo, no espirito comunitário , coisa comum à época. Contam que  Álvaro queimou  uma cópia do filne na Praça dos Três Poderes em Brasília pra marcar seu protesto contra a Censura Federal. Inda bem que não era a única película existiam outras para que pudéssemos embarcar nessa vuagem telúrica 

A Lauper Filmes, de Luiz Sérgio Person e Glauco Mirko Laurelli, co-produziu “Caveira My Friend” com Joaquim Guimarães e Orlando Senna. Parceria entre Bahia e São Paulo (sede da Lauper), que possibilitou a Glauko assinar a montagem. 

Produção, Zé Américo; fotografia, Sérgio Maciel; montagem, Luiz Martins e Jovita Pereira Dias.

Elenco

Caveirinha, Baby Consuelo, Manoel Costa, Orlando Sena, Conceição Sena, Sônia Dias, Gessy Gessi, Nilda Spencer, Nonato Freire, 

Trilha Sonora

Novos Baianos





ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...