MARTELO DE FOGO AGALOPADO

Escundido no munturo

Taxado na covardia

Pela luz que alumia

O verso não fica no escuro

Passa por cima do muro

Continua a ser cantado

Não deixa ser apagado

Com ou sem alarde

A chama sempre arde

É martelo de fogo agalopado


Um fogo não destrói

O que tem dentro do peito

Assanhando o sujeito

Naquilo que o corrói

Labareda que não dói

Mas que deixa o cinzaréu

Tomando conta do céu

Que logo fica nublado

Tornano o tempo fechado

Toma conta o nivueiro

Vale mais que teu dinheiro

Meu martelo de fogo agalopado


O dinheiro compra casa

Pode escolher a merenda

Garantindo fama e renda

Sensação de que arrasa

Mas a lenha vira brasa

Da cadeia ser livrado

Ser juiz ou delegado

Mandar prender e soltar

Se não puder labutar

No martelo de fogo agalopado


Pra se livrar da prisão

Pode tentar outro embargo

Ganhar um outro cargo

Mediante comissão

Mesmo alegando comunhão

Difícil ser liberado

Pelo fogo ateado

Terá que responder

Quando tudo acender

No martelo de fogo agalopado


A pira sempre acesa

Consome inteiro pavio

Traga água de navio

Trafegado em alto mar

A lagoa vai secar

E o chão esturricar

Deixano tudo rachado

De tanto ter esquentado

Tano seco o açude

Não vai ter quem te ajude

No martelo de fogo agalopado


Começano de faísca

Logo tudo se clareia

O combustível incendeia

Quem tá perto se arrisca

Quando o fogo trisca

Deixa tudo queimado

Destruído, devastado

Exalando o bafo quente

Este é o comburente

Do martelo de fogo agalopado

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