TERROR DE INVERNO, PESSOAS MORREM DE FRIO PELAS RUAS DE SP

Ouvi a notícia de que um homen que morava na rua morreu de frio no Parque D. Pedro em SP. Isto me trouxe á memória uma madrugada do inverno de 1994 quando eu era vigia noturno num prédio da Baixada do Glicério, há uns 200 metros do D Pedro.
Aquela é uma região de várzeas do rio Tamanduateí  a caminho da confluência com o Tietê, então, em tempos de frio, além das baixas temperaturas do ar, a umidade várzea aterrada subterrânea das vias, ruas e calçadas torna a região muita mais fria ainda.
Um dia, por volta de 1 hora da manhã, de dentro da portaria percebi que tinha alguém de calça, camisa de mangas e chinelo na porta do prédio que se agarrava ao poste; imediatamente sai pra saber e um homem negro, um pouco mais alto que eu tremia o corpo todo. Tirei meu jaco e lhe passei, tive que ajudá-lo a vestir pois seus braços não esticava, endurecidos estavam, a rua do Glicério estava deserta, enquanto consegui colocá-lo na marquise do açougue vizinho corri pro orelhão e liguei pro 192 e pro 190 pedindo ajuda praquele homem em hipotermia e foi doloroso a espera e as tentativas. Uma noite de terror, eu me  revezava entre conversar com ele que mal tinha forças para pronunciar respostas monossilábica e correndo pro orelhão para cobrar o socorro quando chegou a ambulância já eram 4 e pouca da manhã. O levaram e, dias depois, soube pela galera que ele não havia resistido e morreu.
Isto me causou uma grande tristeza,  não me perdoei por não tê-lo colocado para dentro do prédio desafiando as ordens do sindico e do zelador que, avisados na madrugada, além de não descerem pra ajudar, me proibiram de adentrar o condomínio com o homem pois aquilo era muito comum na região. Eu tinha 23 anos, me faltou uma atitude mais incisiva e desafiadora e,  ao obedecê-los também me considero cúmplice daquela morte.
Eu deveria, poderia ter lutado mais pra evitar aquilo, ter esquecido das responsabilidades condominiais.

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