NOTÍCIAS TRISTES: SEM CELSO, SEM DONA NEGA

Hoje fui na CEF ajeitar uma conta salário e participando das conversas na fila depois de relembramos a Cachaça Santa Rosa, lembrando do povo de Tapiranga e da ruindade de Horácio Pires,  que cobrava metade da renda do licuri que fosse  catado na imensidão do seu latifúndio nas Fazendas Roque, Sossego e Pernambucana onde meu avô foi tratorista logo depois de aposentar-se na Codevasf; saiu de lá depois de escorar o lazarento na ponta do punhal por causa de desaforo. Tá fazendo 40 anos que meu pai fez a ligação da estrada que liga Tapiranga (Tanquinho)  a Itapura  (Mucambo); antes disso pra ir de carro de Tapiranga pra sede de Miguel Calmon tinha que fazer a volta por Serrolândia e passar em Jacobina, isso devia aumentar o trajeto em uns 60, 70 quilômetros,.
Esse companheiro que tava proseando comigo era de Cachoeira Grande, caminho por onde a Kombi de seu Davi levava a gente de Jacobina pro Tanquinho. Falou da Cachoeira eu perguntei se conhecia Celso, Vaqueiro e sua ex-mulher e amiga, Dona Nega, xará da minha vó. Foi mesmo que receber um murro ca caixa dos peitos: Dona Nega morreu no corona e Celso  faleceu de outra coisa depois.
Eles, praticamente me viram nascer, meu pai conheceu Celso em Mirangaba eu ainda era menino, meu pai tratorista e ele vaqueiro.
Negro forte, altura mediana, pro eu menino nordestino, fã de vaqueiro, era  meu herói de infância; fim de semana eu ia pra fazenda em que ele trabalhava e ficava até seginda; ia nos feriados. Aprendi a montar cavalos com ele, selou e disse que eu fizesse amizade com o animal antes de querer que ele me carregasse, nunca mais ninguém precisou me ensinar de montaria, tirar leite também sei. 
Na mudernage foi afamado corredor de vaquejada,  argolinha e montão. Pegador de marruá,
amansador de burro afamado, aboiador afinado e um artista dos arreios ; quando cansou de ser mandado largou a profissão de vaqueiro e foi viver de selaria e passou os últimos 30 anos, fazendo selas, cabeçadas e arreios, deixou de  montar pros outros. De ruim,  separou de Dona Nega e agravou o alcoolismo. 
Tem uns 3 anos que o vi pela última vez na saída da cidade, fala mansa reforçada pela educação e o cuidado que sempre teve comigo. . Dona Nega faz mais tempo que eu não via, vivi prometendo visitá-los na Cachoeira e agora sei que perdi a oportunidade pra sempre. 
Fica a eles minha gratidão e a certeza da importância que tiveram na minha vida.

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