A DANÇA DA RAÇA

Malandro  e  sambista 
Pé de balcão em  buteco 
Poeta e ritmista
Metido a artista 
Toco cuíca, contra-surdo, pandeiro, Tamborim, caixa tambor 
Também  reco-reco
Maluco esperto 
Não tô de  bobeira 
Ando  prevenido 
E vagabundo não tira partido 
Saio do trampo à tarde com a certeza do dever cumprido
E o corpo dolorido 
Acontece  que desde menino 
Criado em casa de  bamba 
Quem nasce com esse destino 
Não foge do samba 
A noite é curta e o dia é  longo 
No  fim se semana pro Quilombo  a gente  descamba 
Tem roda de jongo  
Balançar o couro pra rima girar
Corpo de borracha 
Língua de mola 
Foi o passatempo 
Que veio de Angola 
E jongo só joga quem sabe jogar 
Quem da sua raiz pode se orgulhar 
Juntar com seu povo pra celebrar
Nunca desistir, insistir, lutar 
Jamais  foi fácil, nem nunca  será 
A história taí para confirmar 
Nada vem de graça se não for buscar 
Vai  ficar sentado vendo o tempo passar 
Dessas amarras nunca vai se livrar 

Aí é  o jongo e foi vovó
Foi a véa Ermina 
Negra gente fina 
Mestrada nas artes da sobrevivência  
Dominou a ciência 
da subsistência  sem  subserviência 
A cabeça nunca abaixou 
Botou tabuleiro, lavou de ganho,também  garimpou
Filha de Santo a vida do terreiro 
Nunca que deixou 
Fechou o meu corpo 
com galho de Guiné , jurubeba e fumaça 
A véa me saravou 
Me ensinou o jongo 
A dança  da raça 
E até hoje no jongo eu estou 
Agrradeço vovó 
Muito obrigado vovó 
adúpé   baba agda


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