CARNE DO SOL, BIBELÔS, FEITICHES, DESEJOS E MERCADORIAS

 Nunca fui de chancelar as datas comemorativas que os niguciantes fazem pressão pra tomar o pouco dinheiro do cristão e do ateu; são muitas datas pra inventar motivo de vender mercadorias em firmas de presentes. Em alguma sofro pressão maior porque envolve com a filhos e destruir fantasias de criança é complicado, internet, a televisão, os parentes, a escola, a galera,  o modismo... São muitos os aliados que  o mercado tem nessa hora. Então, aniversários, páscoa, natal e dia das crianças me corta o coração cumprir o dolorido dever de dizer não; em alguns eu me calo e faço de alguma necessidade um motivo pra escanear a discussão e "presenteio".
Hoje, meu Tingulinho pediu farofa de ovo com toicinho no café da manhã e, no mal costume de comer falando, confessou estar com saudades daquelas farofas refogadas de carne do sol  com toicinho. Expliquei sobre o exorbitante e proibitivo preço da carne do sol, amo passado, a muito custo, comíamos de R$ 22,00 o quilo, hoje está de R$ 40,00 e que por isso eu havia parado de comprar pois hoje eu ganho menos dinheiro do que quando a carne custava menos.
Ele foi indagando e mudou o papo pro dia das crianças, expliquei que  a situação difícil da classe trabalhadora, a qual nós pertencemos não possibilita presentear com mimos w bibelôs nesse momento e que, também, eu, o pai, enquanto sujeito, não sigo essa correia de transmissão capitalista de vender mercadorias aproveitando fetiches que ela cria para se parecem tradição inquestionável. Debate de lá, debate de cá, determinei um consenso:
- Tá bom! Esse ano vou te presentear com 01 kg de carne do sol, 2 pelos, chã de dentro, oficial e ligítima; um pedaço cortado de uma manta traseira, daquelas que toma sereno e foi abanada com palha de licuri pras moscas não sentarem e mais meia libra de toicinho de porco
Aí, eu pego o presente e frito, no capricho, refogo nis temperos pra gente comer com uma farofa d'água.
E viva as crianças, viva o direito de comer carne do sol.

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