SURREAL SOLITÁRIO

Um casebre no meio do que um dia já foi estrada

Hoje já não é mais nada 

O mato virou mata

O velho cemitério ruiu

A tranca do portão sucumbiu

Não há horário nem data

O calendário sumiu

Não há  ninguém, não há informações 

Nem primeira, nem segundas intenções 

O barulho do vento sob os paredões 

Rochosas formações 

Mas gente, gente mesmo?

                                  Não há 

Pouco importa que houve

Ou se haverá 

Estrada ou itinerário 

Real ou imaginário 

Só um surreal diálogo solitário 

De mim pra mim

Não digo sim

Não tenho certeza 

Um chute na mesa

Estou de bobeira 

Cansei da cadeira 

Vou sair por aí 

Essa ânsia precisa explodir 

Preciso dizer, preciso dizer

Preciso você 

Cadê, cadê, cadê … você 

Tá no pé da garganta, tá pra explodir 

Será que alguém vai ouvir. 

Me diz, me conta,  qual é….?

Saiba que estou aqui

Pode contar comigo 

Pra briga pro samba, pro trampo 

Que seja tranquilo,  que tenha perigo

Que tire o sono, que perturbe a paz 

Meu samba termina aqui

Desculpa a todos se falei de mais



PESCA DE FACHO

Massa, massa,  massa, Massambão 

Taba, taba, taba Tabaroa

Hoje eu vou pescar e já ouvi falar 

Que no Liberato tem uma lagoa

Que pra pescar É boa

Massa, massa,  massa, Massambão 

Taba, taba, taba Tabaroa

De dia  pescar piaba

Dá de noite e a pescaria não acaba 

Cende a paia faz a pira

Piaba vira isca pra traíra

Hoje eu vou pescar e já ouvi falar 

Que no Liberato tem uma lagoa

Que pra pescar é  boa

Massa, massa,  massa, Massambão 

Taba, taba, taba Tabaroa


A ponte de pau é pra atravessar o rio

Pra quem vai   pescar de facho

Pra poder fazer  clarão

Palha seca acender vira é pavio

A traíra vem  na panada do facão

Saracura canta, bate asa mergulhão

Juruti avoa

Massa, massa,  massa, Massambão 

Taba, taba, taba Tabaroa

Ela foi imbora na buleia do caminhão

Por isso vim pescar

Para não chorar, não ficar a toa

Massa, massa,  massa, Massambão 

Taba, taba, taba Tabaroa

Massa, massa,  massa, Massambão 

Taba, taba, taba Tabaroa

Hoje eu vou pescar e já ouvi falar 

Que no Liberato tem uma lagoa

Que pra pescar é muito boa

Massa, massa,  massa, Massambão 

Samba, samba, samba Tabaroa




 





A CABOCLA DAS ÁGUAS

Mariquinha mandou dizer pra Mariquinha saber

Foi a Cabocla das Águas que vive em Mariquinha

Que Mariquinha não vê

O recado vai para ela mas serve para você

Tanto faz se acredita, duvida ô num crê

Esteje caducano, pessoa feita ou erê

3 dias sem beber água, 3 dias sem dicumê

Tudo tem um motivo, sempre há o porquê

O recado vai para ela mas serve para você

Foi a Cabocla das Águas que vive em Mariquinha

Que Mariquinha não vê

Cabocla das Águas falou:

Traz alfazema! Traz alfazema!

Pra te livrar de problema

Tirar dos espinhos

Perfumar o poema

Abrir os caminhos

Traz alfazema! Traz alfazema!

Isso é catimbó, é catimbó

Batuque antigo, quilombola

No Terreiro de vovó

Bate o Curimá, bate o Curimá

È jongo, é jongo, é jongo!

Moçambique, Angola e Congo

É pra Batucar


TUDO TÃO

Como pés descalços 

Sangrando pelo caminho

Promessas de amores falsos 

Cravejaram seus  espinhos

A carne quer carinhos

Chega de selvageria

Coração tá machucado 

Essa pele áspera já foi macia

Uma flecha atravessada

Com veneno preparada

Acertou o alvo errado 

Tudo, sempre, sempre tão, tão complicado entender

Que fazer,? Que fazer?

O que sobrou dos estilhaços 

Esbagaçados, quase que perto do fim

O que restou de mim

Solicita  teus abracos

Pra no teu colo deitar

E te fazer cafuné 

Na cama levar-te café 

Antes de virares comida

Eis que és tu, minha vida

Vou dizer no seu ouvido 

Já não estou mais dividido 

Tudo que quero é você 

Tudo, sempre, sempre tão, tão complicado entender

BATUQUE DO COBÉ

Você né Silvano
Nem Zé Burquia que dirá Zé Beté
Por mais que faça seu plano
De Brequedeque num chega nos pé
Até que sabe tirar uma chula
Mais tome cuidado, não bula
Com o batuque que vem no Cobé.
Meu avô era Hermínio
Valente cabra-da-peste
Fichado na manutenção da Leste
Deixou prao neto o designio
De levar o samba adiante
Se quiser colher, primeiro que plante
Assunte com muita atenção
Toda certeza no que vai dizer
O verso revela sua intenção
Uma vez dito num vai desfazer
Oi foi lá, oi foi lá
Na vez derradeira, lembrei da primeira
Pra torar essa choradeira
Lajedão da Palmeira
Um dia pretendo voltar.
Pois, foi lá, pois foi lá
Que ficou quem era eu
Um minino que se perdeu
Hoje vivo a procurar
Esperança inda num faleceu
Espero d'agora indiante um dia encontrar .
Diola, diola, diola, diolá
Da terra de onde vim
O corpo já nasce bamba
E tem um ditado que fala
(insansim, sansim, assim)
A criança primeiro samba
Pra só depois caminhar
Insansim, sansim, assim
Oi diola, diola, diola, diolá
Aprendeno uma vez
Posso garantir a vocês
Não vão esquecer como é
A chula corre na veia
O corpo bambeia
Esse Batuque vem do Cobé
Insansim, sansim, ansim

ZABÉ CEGA E O MENINO SE FOSSE GUIA DE CEGO

 

Zabé foi uma cega pedinte de profissão, pois outra opção na vida nunca lhe apareceu e no sertão daquele tempo, que nem hoje, viver é, antes de tudo, não morrer de fome. Quando minha mãe Isabel era criança, Zabé já tava na lida era do tempo da minha vó solteira. Eu não lembro do trem porque o Ramal da Grota (Sr do Bomfim- Iaçuvis) foi desativado em 76 quando a queda do vão do meio do pontilhão do Paraguaçu na boca dofinal de linha do ramal despencou pra dentro do rio. Eu vi uns 2, 3 trens passando oir esses trilhos mas eram da manutenção da Leste.
Sim, Zabé fazia o percurso da linha do trem, ficava reversão as feiras do trecho e fazendo ponto no comércio e pedia nos corredores do trem e mesmo depois de desativada a linha ela continuou no roteiro pois já fazia a combinação do seu deslocamento com o transporte rodoviário que ampliava sei raio de ação e ela chegava a lugares onde o trem não passava.

Acabou o trem, tinha o ôndibus lembro dela pela última vez por volta de 1984, Jacobina era a principal praça do seu labor, então cresci a vendo pela cidade e pela região. Lembro de já tê-la visto em Itaberaba, Migué Camon (morei nas 2), Caén, Capim Grosso, Várzea Nova, Junco, França, Ruy Barbosa..;1989 quando por um tempo voltei a morar na cidade não mais a vi, me nuticiaro que havia falecido.
Zabé era uma cega criada na brutalidade da aridez sertaneja, no carrancismo do lajedo, seco, teve que se virar sozinha quase sempre viajava sozinha, poucas vezes a vi com guia.
Eu sempre ficava imaginando o que uma pessoa que se deslocava constantemente pelo mundo já tinha passado sem ter visto; nunca soube aonde era a sua casa, nem da sua parentagem, ela morava embaixo de um capacete de alumínio que sempre estava usando.
Se fosse pra ter sido guia de cego, queria que tivesse sido dela.
O outro cego que tive mais proximidade foi seu Nelson, um negro alto que tinha uma padaria e ele mesmo despachada e passava o troco; contava os pães, pegava o pacote de bolacha, tateava as notas e as moedas e passava o troco; era dono da casa que morava e da padaria, tinha 2 filhas que enxergavam, 1 que não lembrei o nome jogava futebol com as meninas no colégio e sempre me chamava pra pegar no gol. Com seu Nelson, com certeza não teria emprego de guia, só pra entregar pão.

QUERO ATÉ ESQUECER QUE VOCÊ EXISTE

A certeza que jamais tive
Que se deixar de te amar
Meu coração, coitado, ele sobrevive
Uma grande ilusão 
De todas, a maior que tive
E este é o instante, o momento de acabar
Nada mais vai restar
Mesmo que agora deixe-me triste
Quero até esquecer que você existe
Pra não ter que lembrar
Pensar não ser permitido
Nada vai significar
Esse tempo que foi perdido
Idealizado uma paixão 
Ter sonhado iludido
Coisas da imaginação 





PINGADEIRA


Com muita ternura eu venho te informar 
Que você é muito importante 
Nessa vidinha tão desimportante
Que a gente vive por aqui
Esqueço de tudo
Menos de ti
Que em mim estás
A todo instante
As lágrimas que choras
Sofro por cada uma, por horas
Até que cesse a derradeira 
Os meus olhos se transformam em pingadeira
É só água que desce
Mundo vai desabar
Não tem jeito que cesse
Enquanto você não parar (de chorar)
Nossos abraços 
Te tenho entre meus braços
Sempre prontos a lhe receber
O aperto é o conforto 
Que esse seu poeta torto
Tem pra te acolher
Se fica no seu coração o lugar aonde moro
Toda vez que ficar triste 
Se você chorar eu choro
Não espero pra depois
Sou a outra parte triste que existe
Pois quando sofres, sofremos os dois

NO TEMPO DO BISCÓ

Subia pelos ares

Fedia na cidade Baixa, Largo dos Mares

Barraco na beira do rio

Curtino fastio

Segurei as pontas

Morei ás margens

Beira do Rio das Contas

Tenho aquelas imagens

Na lavoura cacaueira

Sustentou uma oligarquia inteira

Regando uma flor murcha

Parasita brasileira

Veio a vassoura-de-bruxa

A conta chegou

Galinha dos ovos secou

O sonho dourado daquela burguesia

Que vivia que nem lesma

Mudou da noite pro dia

A coisa ficou séria

trabalhador ficou na mesma

Já vivia na miséria.


Eu já lavrei cacau

Mas me dei mal

Plantação do coronel

Mel com gosto de fel

Tinha que catar cajá

Gomo de Jaca pra chupar

O povo que empunha o biscó

Sempre levou a pior


A AMIGA DELA

Não tens dimensão
Do estrago que causaste
Em meu pobre coração
Quando vais numa viagem
Fica sem mandar mensagem
De mim não queres saber mais não
Porque cê foi embora?
Te perdi na multidão
Volta, venha logo sem demora
Fosse eu vinha agora
Quero tanto  botar pra fora
Essa cruel solidão

E, findando, tenho algo a dizer
Quero que fique sabeno
Tem um coração sofreno
Com saudades de você


Inda ontem tava nois aqui de boa
Apareceu outra pessoa
começaste a flertar
Então eu fiquei a toa
Foram as 2 passear
Sabe lá que fizeram além do passeio
Eu levei foi um vareio
Com certeza estavam a namorar
Dizes que é só uma amiga
Não quero fazer intriga
Mas me custa acreditar

E, findano, tenho algo a  dizer

Quero que fique sabeno

Aqui tem um coração sofreno

Com saudades de você





VALTER VELHO DE GUERRA

Esculpiu sua arte nas sobras da caatinga destruída
fez chinelo pra garantir sua comida
Um artesão de arte, de trabalho
de produção
ganhador do pão
artista pião.
Um homem brabo
Sem conchavo
Um nativo Operário
Fazedor de percata
Rebeldia nata 
Daqueles amigos que não mais se acha
Pensava fora da caixa
o mundo lhe pertubava
Ele se revoltava
Na justa rebeldia
Vida livre
O rebelde queria
sonhou um outro mundo
Viveu o desgosto profundo
Dos inquietos
Era do couro, da madeira
do chá e da bebedeira
O mais talentoso artesão
dos que sonharam na minha geração
Disposição pra labuta
Sem medo de topar a luta
Hoje embaixo da terra
Saudades para sempre
Valter Velho de guerra 
Um  artista  
que não abaixou a crista

BAGANA (Terça-feira no Parque Santo Antônio)

Vários dias que não comia
Vivia do wi-fi emprestado  pela vizinha 
Que chamava de tia
E há dias  não via 
Será que também padece? 
(Taí alguém que não merece)
Na net a gente  esquece
Espairece o sofrimento 
Virtualmente  as coisas são boas
Se ao menos o INSS desse Deferimento
Ao seu pedido de LOAS
Vendia o ferro de passar roupa, o dvd 
Prancheta, escova de fazer o black 
(Já dava pra comprar um back)
Vendia o som 3 em 1
(disco nenhum)
Tinha outro celular na fita, tela trincada
As cartelas de remédios acabando
Os cara da biqueira avisando
Tá foda Djhow
A fatura chegou
O futuro acabou
No desespero
Apontando a marmita fria de comida sem tempero
Ofereceu, meu, o violão 
Já não bastava não ter o que comer 
Ter fogão 
E não poder acender
Depois que acaba o gás 
Do botijão
O isqueiro tá só a pedra,  também dem gás
Nem uma bagana perdida pelo chão 
Caso ache (de praxe) não vai poder acender maisss


ESTRADA DO DESAGUAR

Seguino a estrada do desaguar
Não adiantam mais as semanas
Se quem já não mais vai chegar
Deixou seus passos na areia da  água 
Represada de tanta mágoa
Carrancismo por pirraça
O que não foi forjado na raça
Se evaporou, virou fumaça
A bordo de um comboio de cometas
Combo que  explode pedras
Com a força de 77 mil marretas
Estridentes que nem as trombetas
da Serra do Tombador
Vento assovia na ribanceira
Zanza na Macaqueira
E o som da carranca na raiz do maracujá
Enramado na sombra do Jatobá
Casca na cana caiana
Colher-de-pau, pilão de umburana
Mandacarú de facho
Cascável de rodilha na toiceira
Desceno rio abaixo
Na curva do Roncador
Lajedão do Riacho
Fazeno currião  e percata
Curtino o couro cru da vida ingrata
Chinelo de dedo
Pisa o espinho da  caatinga
carregano garotos sem medo 
Meu amigo, nunca mais
O mundo lhe foi pesado
A vida não lhe trouxe paz
8, 9 amigos te choram
E ninguém mais

PESCARIA CÓSMICA

 

Quando saio pra pescar
nuca esqueço os anzóis
passei pelo Maciel
eu fiz um corre pra nóis
se fizer frio de noite
abrigo embaixo dos lençóis
outro tipo de devoção
nem santos, tampouco heróis
a mais bonita das flores
num campo de girassóis
por ti viro uma fera
Ghengis, rei dos Mongóis
seus olhos queimam no escuro
são dois potentes faróis
que brilham no universo
o mais potente dos sóis
acendem pela galáxia
explodindo paióis

Una Payada

É oral e espontânea
Essa cantoria sucedânea
De quem, de certo, não morreu
Improvisada a palavra
Imprime a marca de  quem a  lavra
Que, neste caso, por acaso, sou eu
No traço da lida do dia-dia
Frases conduzem  a melodia
O que algum dia, foi dia de glória
Hoje, na parte ocultada da nossa  história
Esconde a  dor da  melancolia
Devastações   viram pastagens
Animais ruminando dores
Seus donos, quantificam valores
Atores recriam imagens
Cenas de ódio pra morrer de amores
Cessam mensagens
Estão mortas as flores!
Recicladas.  são  placas na estrada
Exibem a logo dos patrocinadores
Passo com a seta mirada
Evito os locais indicados
Sigo  porque tenho asas longas
Fui criado sem muitos cuidados
Sem muitas delongas
Sendo mais um da estirpe dos Bardos
Na payada faço  minhas milongas

BIITA

Morasse tu nessa poesia
Apaixonado a despertaria
Num amor maior que o dia
Antes dele ter começado 
Numa cama amarrado 
Em você eu ficaria
De teu corpo me alimentaria
Comendo o que de ti me fosse dado
De sopinha, de colher 
Minha dose de mulher
Tanta teia pra destecer
Muito sexo por fazer
Feliz só é quem acredita
A verdade seja dita
Eis que ouso  dizer
És a coisa mais biita 
Que me poderia acontecer

MUITO-MUITO

Uma declaração de amor 
Explícita 
Com uma proposta de cumplicidade 
Implícita 
Muita vontade de ser o seu amor, o seu safado, o seu nego
Habitar seus sonhos, sonhar carinho, colo e chamego
Tudo do bom e do melhor, sossego
Se antes não consegui dizer
Agora dou ciência e conhecer
É como imã esse apego
Estar junto de ti é um prazer
Quero o repouso do teu aconchego 
Tenho muito-muito amor a oferecer
Tive bem perto, nas fiquei paralisado
Não dominei meu querer
Mais dia, menos dia era certo que terias que saber
E me doía o que queria ocultado
Seja lá o que possa acontecer
Confirmo agora que estou apaixonado
E me interesso muito-muito por você.



PERFORMÁTICA

Seu louco requebrado 

Tem a ginga que é só tua

Esse corpo que adoro

Que à libido insinua 

Vou sair de onde moro

E mudar pra sua rua

Nas 4 estações do ano

Nas 4 fases da lua

Todo sonho que tô sonhando 

Sempre com presença sua

Segues  me negando 

Mas o sonho continua

Agressiva e formosa

Por entre o fogo flutua 

De roupa já tá gostosa 

Quem me dera quando nua


SOB O SOL DE SANTO AMARO 

Uma fresta de claridade
Rompe a névoa matinal
São Paulo,  capital
Perda de identidade 
Crack, cachaça e fumo
Despertando a cidade
Substratos do consumo
Gente desperta sem rumo
Sem forças, já  nem lutam
Jardim sem flores 
O cinza sobressai-se entre as cores
Filhos choram mães não escutam
Nem os choros, nem  as dores 
Nas vitrines objetos tentadores 
Qualquer desejo é caro
Sob o sol de Santo Amaro 
Á noite, a lua
Clareia  quem dorme na rua
A criança cantou ciranda 
No adulto a tristeza quem manda
Futuro é palavra inexistente 
Na pronúncia de sobrevivente
Quem vive é quem sente
Desorganiza a mente
Sonhou a Disneylândia
Acordou na cracolândia


ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho próximo.
Compositor de mais de 200 músicas e gravado por algumas dezenas de artistas, Jacobina fez parte do Grupo Vocal Negro Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, tendo sido co-autor (com Murilo Latini) de O Uirapuru, a música mais marcante do grupo, gravada em 1962. 
Antes disso, no ano anterior, ele emplacou, ao lado de Jair Amorim , Água Com Areia, sucesso na voz do rebento de Dalva de Oliveira e Erivelto Martins, o menino Peri Ribeiro.
Tempos depois, em 1966, o grande Maestro Peruzzi incumbiu o cantor Nilson do Trio 3 Tons que formasse um grupo pra gravar um disco de músicas selecionadas no estilo Nilo Amaro. Nilson (em 70 rebatizado de Denilson) entendeu muito bem o recado pois havia feito parte dos Cantores de Ébano tendo entrado no grupo com 15 anos de idade e formou "Os Uirapurus” com o baiano ex colega dos Cantores de Ébano, Jacobina e Paula (mineira), Caetano (carioca), Hermes Rezende, o Cuiabano que fazia o baixo (matogrossensse), Jorge (fluminense), Adéila (paulista) e Darci (paulista).
Após muitas ensaios e apresentações, 2 anos depois foi lançado esse disco que ficou uma belezura harmônica lançado pelo Odeon com produção do próprio Peruzzi e Milton Miranda e direção musical de Lyrio Panicali.
Houve um outro grupo Os Uirapurus que gravou o compacto Subi No Morro em 1962.
Maria Rita (Geraldo Vandré), Vola Enluarada (Marcos e Paulo Sérgio Valle), Capoeira (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos), Menino Do Braçanã (Luiz Vieira), Saudade De Você (Darci Chagas), Sabiá Lá Na Gaiola (Hervé Córdovil e Mário Vieira),Chô Chô Tristeza (Jacobina), Eu Vou Mandar Buscar O Meu Amor (Jacobina)
Como É Grande O Meu Amor Por Você (Roberto Carlos), Nuvem Branquinha (Sérgio Reis) e Travessia Milton Nascimento e Fernando Brant)

O NEGRO ESPIRITUAL (Nobody Knows the Trouble I've Seen)

Marian Anderson fez o primeiro registro dessa música em 1925 e ela fez sucesso imediato pois era SPIRITUALS originária dos tempos da escravização e se tornado popular nis tempos da Guerra de Secessão. cantada pelos negros. Logo em seguida a arte musical negra começou a abrir espaços na chamada música clássica através de artistas como Samuel Coleridge-Taylor , Henry Thacker Burleigh e J. Rosamond Johnson que, em 1917 apresentou os arranjos para voz e piano de "Nobody Knows the Trouble I See" em uma apresentação com seus alunos do New York Music School Settlement for Colored People, instituição que dirigia e foi um farol que serviu de abrigo para artistas negros que de lá disseminaram o que podemos conhecer como a moderna música negra afro-americana.
Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano foi a minha primeira audição dessa música, inda bem menino aquele jogo vocal me impressionava; comi não entendia nada de inglês aprendi a escutar sem a conotação de servidão ideológica que a letra traz, aliás, por ser uma canção espiritual recolhida na oralidade, o textual se apresenta sob diversas versões, mas todas com o tom religioso. 
A procura de versões diferentes dessa música me fez descobrir que muitos artistas da música negra americana a registraram, alguns que vim a descobrir nessa pesquisa e isso abriu portas para conhecer trabalhos maravilhosos. 
É difícil escolher uma só pra dizer que é a versão preferida mas escolhi essa de Chat Baker pois sua rebeldia pra mergulhar nos precipícios abissais das notas explorando loucamente o infinito delas sem obedecer os limites das claves, coisa de quem jamais esquece da dor. Mas já ouvi com: Louis Armstrong, The Brother Fours, Sam Cooke, Paul Robeson, Magalhães Jackson, The Dixie Hummigbirds, Pastor T.L. Barrett And The Youth For Christ Choir, Golden Gate Quartet, Nat King Coke, Randye Jones, Winton Marsals, Grant Green, Lena Horne, Richie Havens, Sam Cooke, Louis Armstrong e Ella Fitzgerald, Albert Ayler, Lilian Boutté, Andy Hamilton, Ben Webster, Charles Brown, Bayard Hustin e mais umas dezenas de gente

VALEU CONTERRÂNEO

 
Nascido em 08 de julho de 1931, na Fazenda Xique-Xique, município de Jacobina-Ba, o cantor, músico e compositor Valdemar Ramos de Oliveira faleceu ontem (10/04/2024) na cidade de Várzea do Poço na Bahia. Mais conhecido nas Quebradas sonoras pelo nome de Jacobina, o compositor foi gravado por artistas como: Miltinho, Ângela Maria, Sérgio R eis, Pena Branca e Xavantinho, Caetano Veloso, Agnaldo Timóteo, Anísio Silva, Jair Rodrigues, Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano  dentre outros.
Jacobina deixou o Sertão aos 17 anos e chegou ao Rio de Janeiro em 1948 em busca do seu sonho de artista e por mais de 40 anos sobreviveu exercendo diversas funções pra complementar o orçamento enquanto batalhava com suas composições e, como músico, acompanhou vários artistas.  Fez parte do lendário grupo de Nilo Amaro, Os Cantores de Ébano e participou da fundação do grupo Os Uirapurus. 
Dentre seus parceiros, destaque para Dorival Caimi e Murilo Latani com quem compôs um clássico do cancioneiro nacional,  o Uirapuru, música registrada em mais de 30 fonogramas mas que ficou marcada pelo baixo vocal de Noriel Vilela com Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano,  os primeiros a trazerem pra nossa música os "spirituals", que eram os cantos dos negros escravizados no Sul dos EUA. Estas cantigas  evocavam a  religiosidade,os costumes  tradicionais ou davam a letra de revoltas  e rotas de fuga, os spirituals foram super importantes para a preservação da cultura e da identidade do povo negro na América do Norte. Toda black music veio daí: gospel,  jazz, soul, blues, R&B, Bebop.
Fazia por volta de 30 anos que o Réio voltara pro sertão onde continuou a sua produção artística, contando as histórias e fazendo amigos. 



PROCEDER DE QUEBRADA

O Bairro do Capão Redondo tem a fama de ser a Quebrada de SP mais citada Brasi a fora, todo mundo sabe. O que poucos sabem é que antes da fundação do bairro existia a rua homônima. Aliás, ainda existe com placa na esquina e tudo; conheço essa rua há mais de 30 anos, desde que comecei andar pelos lado da Vila Remo e da Curva do Figueira pra pegar ônibus na M'Boi Mirim.
Hoje eu fui na citada rua pra ver uma instalação elétrica pra reparar; fui direto do trampo e um pequeno cochilo eu já estava na Menininha, havia passado um ponto; desci e peguei outro voltando.
No caminho de casa vim, de ônibus, pelas Estradas do Giavirutiba e Guarapiranga e desci na Antena da Record e fui caminhando pra casa, são 10 minutos pela sombra e a visão parcial da Represa do Guarapiranga e Interlagos na outra margem.
Domingo de manhã, uma senhora que não conheço seguia no mesmo caminho, um meio metro à frente. Como não avistei mais ninguém ativei o protocolo do proceder; parei embaixo de uma árvore e esperei que a senhora se diatanciase uns 50 metros e continuei a caminhada no mesmo ritmo que ela seguia pra não me aproximar.
Isto dá tranquilidade à mulher e permite que a distância da sua presença iniba algum ataque caso ela sofra alguma importunação. O Bairro do Capão Redondo tem a fama de ser a Quebrada de SP mais citada Brasi a fora, todo mundo sabe. O que poucos sabem é que antes da fundação do bairro existia a rua homônima. Aliás, ainda existe com placa na esquina e tudo; conheço essa rua há mais de 30 anos, desde que comecei andar pelos lado da Vila Remo e da Curva do Figueira pra pegar ônibus na M'Boi Mirim.
Hoje eu fui na citada rua pra ver uma instalação elétrica pra reparar; fui direto do trampo e um pequeno cochilo eu já estava na Menininha, havia passado um ponto; desci e peguei outro voltando.
No caminho de casa vim, de ônibus, pelas Estradas do Giavirutiba e Guarapiranga e desci na Antena da Record e fui caminhando pra casa, são 10 minutos pela sombra e a visão parcial da Represa do Guarapiranga e Interlagos na outra margem.
Domingo de manhã, uma senhora que não conheço seguia no mesmo caminho, um meio metro à frente. Como não avistei mais ninguém ativei o protocolo do proceder; parei embaixo de uma árvore e esperei que a senhora se diatanciase uns 50 metros e continuei a caminhada no mesmo ritmo que ela seguia pra não me aproximar.
Isto dá tranquilidade à mulher e permite que a distância da sua presença iniba algum ataque caso ela sofra alguma importunação. 

97 DISCOS LANÇADOS EM 1974

Relacionei 97 álbuns  lançados em 1974 que já escutei nessa orelhuda jornada de apreciador sonoro.
O Blues, o jazz, a soul, a música latina e a  africana mereceriam capítulos à parte, falta uma maior incursão no brega,  no forró  e na música  caipira. 
Inda falta destacar a música africana 

Mote e Glosa- Belchior 
A Dama do Nordeste  - Marinês 
Paulo  Diniz - Paulo Diniz
Montanha Russa - Trio Nordestino 
O Fole Roncou - Luiz Gonzaga 
Secos e Molhados  - II
Dracula  O Love You- Tuca
Molhado de Suor - Alceu  Valença 
Fernando  Mendes - Fernando Mendes 
Você  Prometeu  Voltar  - Diana 
On the Border -  Eagles
Snegs - O Som Nosso de Cada Dia
Do Romance ao Galope Nordestino - Quinteto Harmonial 
Tem Fuzuê - Abdias dos 8 Baixos
Isto É Que É Carimbó - Conjunto De Carimbó Canarinho De Marapanim · Mestre Lucindo
Rejuvenation - The  Meters
Too Much Too Soon - New York Dolls
Vanusa - Vanusa 
Rock'n Roll Animal - Lou Red
Casa das Máquinas - Estreia do Grupo 
Ave Sangria - O Disco Icônico 
Autobahn -Kraftwerk
Cangaceiros do Nordeste  -  Ary Coutinho, Joãozinho da Sanfona, Severino Barros e Severino Januário.
Coro dos Tribunais - Zeca Afonso 
Burn - Deed Purple
Borboletta - Santana 
Dominguinhos e Seu  Acordeon - Dominguinhos
Retrato de Um Forró  - Mestre Camarão 
Cartola- Primeiro Disco Solo
Crime of the Century - Supertramp 
Down to Earth - Nektar
Flavíola e Os Filhos do Sol - Flavíola
Volume  2 - Pinduca
Volume 3 - Noca do Acordeon
Fulfillingness' First Finale - Stevie Wonder 
Gita - Raul Seixas
O Rei do Carimbó Volume 2 - Alípio Martins
Lembranças  - Odair  José 
Siriá - Mestre Cupijó e Seu  Ritmo 
Heroes Are Hard to Find - Fleetwood Mac
Hell  - James Brown 
Light Of Love  - T-Rex
Naty Dread - Bob Marley & The Wailers
War Child - Jethro Trull
Waterloo - ABBA 
José Roberto e Seus Sucessos Volume 8 - Zé  Roberto
Volume 8 - Paulo Sérgio  
Segue Teu Caminho  - Waldick Soriano
Nossas Raízes- Jackson do Pandeiro 
Samba Sem Hora Marcada - Noite  Ilustrada  
José Ribeiro  1974 - Zé Ribeiro 
Destellantes - Los Destellos
El Picottero - The Latin Brothers 
Con Sabor a Cuba- Pedro Miguel Y Sus Macaraibos
 É Proibido Cochilar -  Os 3 do Nordeste 
El Poder Verde  - Los Mirlos
Un Pobre No Mas - Los Humildes 
Recuerdos de Una Noche - Los Pasteles Verdes
Lo Máximo  - Hector Rivera e His Orquestra
En Una Nota - Monguito Santamaria 
Pra Que Tristeza  - Os Originais do  Samba
Toma Mi Saxo - Toño Reyes Y Sus Psicodélicos 
Celia e Johnny - Celia Cruz e Johnny Pacheco 
Latin Soul-Rock - Fania All Stars
Heavy Reggae - The Innercircle  
Mi Vida Como Un Carrusel - Los Angeles Negros
In The Dark - Toots & The Maytals
Dub Frpm The Roots - King  Tubby
Rocking Time  - Burming Spears
Skyp Aroy  - The O'Jays 
The Revolution Will Not Be Televised - Gil Scott-Heron
Sweet Exorcist - Curtis Myfield
Body Heat - Quincy Jones
Street Lady - Donald  Byrd
Heady Hunters - Herbie Hancock
Blacks  and Blues - Bobby Humprey
Singels  Billie Holiday  - Nina Simone 
Graham  Central Station - Graham  Central Station
Up For The Down Stroke - Parliament
Truck Turner - Isaac Reyes
Nutbusch City Limits -  Ike & Tina Turner
Black Eyed Blues - Ester Philipps
Friends - B.B. King
I Can't Stand The Rain - Anna Peels
Come A Little Closer - Etta James
Makossa Man - Manu Dibango
Three The Hard Way- The Imoressions
Luiz Gonzaga Jr. - Gonzaguinha
Assim Assado - Assim Assado 
El Arbor Que Tu Olvidaste - Atahualpa Yupanqui
Triângulo  (Volumen V) - Pappo's Blues
She Was Too Good To Me - Chet Baker 
Dois Sujeitos Incrementados - Elino Julião e Messias Holanda
Canta, Canta Minha Gente - Martinho da Villa
Nightlife - Thyn Lyzzy
À Queima-Roupa - Sérgio Godinho
Eu Chego  Já  - Jacinto  Silva



MANO CRIS (EU DISSE QUE IA)

Trabalhei de 6 da noite

Até 6 horas do dia 

Serviço de manutenção 

Horário de vigia

Só quem trampa no ABCD

E tem que voltar pra Osasco 

Pode mensurar a dificuldade  da jornada 

Que eu enfrentaria 

Ia na Quebrada do Cris 

Achando que o surpreenderia

Com certeza ele duvidara 

Quando disse que seu convite 

Eu atenderia 

Marquei que na sua Quebrada 

No domingo eu iria 

A logística do transporte 

Obra de Engenharia 

No ponto da Anchieta 

6 e meia  embarcaria

8 e meia em Osasco 

Do trem  eu desceria 

Dali em diante ficou certo 

Ele orientaria

Qual ônibus que pegava

Em qual ponto desceria 

Depois do cemitério 

Do farol eu voltaria 

De logo encontrei uma treta

Na porta da bicicletaria

Vagabundo vai pro chão 

Mecânico providencia

Noia não dorme de noite 

Pra atrapalhar o dia

E agora o que faço 

Entrei na mercearia

Bom dia Dona Menina

15  balas de banana 

Da sua mercadoria 

Cadê Cris que demora 

De subir a Escadaria 

Mas logo ele chegou

Fez valer a correria

Uma volta na Quebrada

Gastamos uma micharia 

Ficamos muito loucos 

Domingão só alegria



ESTILO NEGO DITO (Nas Quebradas do Itamar )

Vem Neném,
Neném Venha 
Caso objeção não tenha
Ou não precise de senha 
Venha !
Caso não lhe seja vilte
Aeh o convite,
Pastel na Vila Matilde,
Como !
Como não ?
E se fosse na Penha?
Então venha!
É como se fosse na Penha. 
Ficamos de bobeira 
Debaixo da figueira 
Sem eira nem beira
Feito pastel desfeito 
Caldo de cana na Feira

OUTRA VEZ O AMOR

Na beira do Maracaçumé

Assobiando  e fazendo canções 

Adelino fez sua profissão de fé 

A sina de confortar corações

Cantando as peças que o amor prega 

Com suas  tristezas e desilusões 

Sucessos  inesquecíveis da música brega 

Cantados por um passarinho 

Aninhado no Maranhão 

Estava triste por ter  amado

A quem só lhe devolveu  a ingratidão 

Uma dor alojada em seu coração

Movia e comovia o embriagado 

Cantor apaixonado do povão


Bebia, bebia porque sofria

Bebia assim como eu

Quem nunca bebeu algum dia

Nem amou nem tampouco sofreu

Bebe chora  feito  menino

Quem lembra é  porquê  não esqueceu 

Quando lembrou doeu

Tava escutando  Adelino


Quando  conheci Madalena 

Ouvindo Adelino eu estava

O passado hoje condena

Bebia cachaça e chorava

Inda choro pois ainda  sei

Que quem tanto amei

Na verdade não me amava.


Vou deixar este bar

Sair pela rua, vou caminhar

Me iludi novamente 

Vou me apaixonar 

Sempre na minha mente 

A ideia é  quente 

Um dia a gente 

Vai se encontrar 

Seja por onde for

Quero ver o desejo se realizar 

Ao som do considerado cantor

Aprecio a sua  beleza 

Esqueço a  tristeza 

Outra vez o  amor 

BATUQUE NO MEU CORAÇÃO

Frevo, galope, merengue, baião
Frevo, galope, merengue, baião
Tum, tum, tum, tum
Tum,  tum por você 
Batuque no meu coração 

Na Estação do Metrô 
Fingiu desconhecer
Nem me viu entristecer
Esqueci onde vou
Desembarcou no caminho 
Trecho sigo sozinho 
Faz frio onde estou 
Vazio  é  o ambiente 
Passado, futuro, presente 
Parece que se acabou 

Frevo, galope, merengue, baião
Frevo, galope, merengue, baião
Tum, tum, tum, tum
Tum,  tum por você 
Batuque no meu coração

O GENRO SEM SORTE

 (uma toadinha de Vaquejada lembrando de Kara Véia) Gostaria de chamar de meu sogro Sinobilino  Que me conhece derna de minino Lá da Várzea ...