ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho próximo.
Compositor de mais de 200 músicas e gravado por algumas dezenas de artistas, Jacobina fez parte do Grupo Vocal Negro Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, tendo sido co-autor (com Murilo Latini) de O Uirapuru, a música mais marcante do grupo, gravada em 1962. 
Antes disso, no ano anterior, ele emplacou, ao lado de Jair Amorim , Água Com Areia, sucesso na voz do rebento de Dalva de Oliveira e Erivelto Martins, o menino Peri Ribeiro.
Tempos depois, em 1966, o grande Maestro Peruzzi incumbiu o cantor Nilson do Trio 3 Tons que formasse um grupo pra gravar um disco de músicas selecionadas no estilo Nilo Amaro. Nilson (em 70 rebatizado de Denilson) entendeu muito bem o recado pois havia feito parte dos Cantores de Ébano tendo entrado no grupo com 15 anos de idade e formou "Os Uirapurus” com o baiano ex colega dos Cantores de Ébano, Jacobina e Paula (mineira), Caetano (carioca), Hermes Rezende, o Cuiabano que fazia o baixo (matogrossensse), Jorge (fluminense), Adéila (paulista) e Darci (paulista).
Após muitas ensaios e apresentações, 2 anos depois foi lançado esse disco que ficou uma belezura harmônica lançado pelo Odeon com produção do próprio Peruzzi e Milton Miranda e direção musical de Lyrio Panicali.
Houve um outro grupo Os Uirapurus que gravou o compacto Subi No Morro em 1962.
Maria Rita (Geraldo Vandré), Vola Enluarada (Marcos e Paulo Sérgio Valle), Capoeira (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos), Menino Do Braçanã (Luiz Vieira), Saudade De Você (Darci Chagas), Sabiá Lá Na Gaiola (Hervé Córdovil e Mário Vieira),Chô Chô Tristeza (Jacobina), Eu Vou Mandar Buscar O Meu Amor (Jacobina)
Como É Grande O Meu Amor Por Você (Roberto Carlos), Nuvem Branquinha (Sérgio Reis) e Travessia Milton Nascimento e Fernando Brant)

O NEGRO ESPIRITUAL (Nobody Knows the Trouble I've Seen)

Marian Anderson fez o primeiro registro dessa música em 1925 e ela fez sucesso imediato pois era SPIRITUALS originária dos tempos da escravização e se tornado popular nis tempos da Guerra de Secessão. cantada pelos negros. Logo em seguida a arte musical negra começou a abrir espaços na chamada música clássica através de artistas como Samuel Coleridge-Taylor , Henry Thacker Burleigh e J. Rosamond Johnson que, em 1917 apresentou os arranjos para voz e piano de "Nobody Knows the Trouble I See" em uma apresentação com seus alunos do New York Music School Settlement for Colored People, instituição que dirigia e foi um farol que serviu de abrigo para artistas negros que de lá disseminaram o que podemos conhecer como a moderna música negra afro-americana.
Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano foi a minha primeira audição dessa música, inda bem menino aquele jogo vocal me impressionava; comi não entendia nada de inglês aprendi a escutar sem a conotação de servidão ideológica que a letra traz, aliás, por ser uma canção espiritual recolhida na oralidade, o textual se apresenta sob diversas versões, mas todas com o tom religioso. 
A procura de versões diferentes dessa música me fez descobrir que muitos artistas da música negra americana a registraram, alguns que vim a descobrir nessa pesquisa e isso abriu portas para conhecer trabalhos maravilhosos. 
É difícil escolher uma só pra dizer que é a versão preferida mas escolhi essa de Chat Baker pois sua rebeldia pra mergulhar nos precipícios abissais das notas explorando loucamente o infinito delas sem obedecer os limites das claves, coisa de quem jamais esquece da dor. Mas já ouvi com: Louis Armstrong, The Brother Fours, Sam Cooke, Paul Robeson, Magalhães Jackson, The Dixie Hummigbirds, Pastor T.L. Barrett And The Youth For Christ Choir, Golden Gate Quartet, Nat King Coke, Randye Jones, Winton Marsals, Grant Green, Lena Horne, Richie Havens, Sam Cooke, Louis Armstrong e Ella Fitzgerald, Albert Ayler, Lilian Boutté, Andy Hamilton, Ben Webster, Charles Brown, Bayard Hustin e mais umas dezenas de gente

VALEU CONTERRÂNEO

 
Nascido em 08 de julho de 1931, na Fazenda Xique-Xique, município de Jacobina-Ba, o cantor, músico e compositor Valdemar Ramos de Oliveira faleceu ontem (10/04/2024) na cidade de Várzea do Poço na Bahia. Mais conhecido nas Quebradas sonoras pelo nome de Jacobina, o compositor foi gravado por artistas como: Miltinho, Ângela Maria, Sérgio R eis, Pena Branca e Xavantinho, Caetano Veloso, Agnaldo Timóteo, Anísio Silva, Jair Rodrigues, Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano  dentre outros.
Jacobina deixou o Sertão aos 17 anos e chegou ao Rio de Janeiro em 1948 em busca do seu sonho de artista e por mais de 40 anos sobreviveu exercendo diversas funções pra complementar o orçamento enquanto batalhava com suas composições e, como músico, acompanhou vários artistas.  Fez parte do lendário grupo de Nilo Amaro, Os Cantores de Ébano e participou da fundação do grupo Os Uirapurus. 
Dentre seus parceiros, destaque para Dorival Caimi e Murilo Latani com quem compôs um clássico do cancioneiro nacional,  o Uirapuru, música registrada em mais de 30 fonogramas mas que ficou marcada pelo baixo vocal de Noriel Vilela com Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano,  os primeiros a trazerem pra nossa música os "spirituals", que eram os cantos dos negros escravizados no Sul dos EUA. Estas cantigas  evocavam a  religiosidade,os costumes  tradicionais ou davam a letra de revoltas  e rotas de fuga, os spirituals foram super importantes para a preservação da cultura e da identidade do povo negro na América do Norte. Toda black music veio daí: gospel,  jazz, soul, blues, R&B, Bebop.
Fazia por volta de 30 anos que o Réio voltara pro sertão onde continuou a sua produção artística, contando as histórias e fazendo amigos. 



ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...