BEGONHA ( Chula do Batuque Virado)

Vô no mato buscar bergonha
Se no caminho achar
Eu panho, eu panho
Pra botar de infusão, fazer chá
Folha, casca, raiz e cipó
Pra levar pra minha bisavó
Fazer banho, fazer banho

Vovó mandou buscar leite
Nas moitas de calumbi, se me distrair
Me arranho, me arranho
Num pode ter medo da vaca e fugir
Passar por baixo da cerca, correr
Se derramar ou beber
Eu apanho, eu apanho.

Tia Nide eu vô embora
Umas coisas no São Joaquim
Eu barganho, eu barganho
Sem dinheiro que será de mim
Se eu num trabalhar
Num correr pro Paraná
Eu não ganho, eu não ganho.

Vô no mato buscar,
Vô no mato buscar,
Vô no mato buscar
Begonha....
Chula do batuque virado
Begonha...
Chula do batuque virado
Chula do batuque virado
Begonha ...


JOGO CATIMBADO ( ENEM rativa radiofônica de futebol)

pra quem hoje sofre com eses negócios de ENEM, PROUNI, SISU: em 2013, passei por isso e escrevi uma redação como se estivesse narrando uma partida de futebol, enquanto enfrentava esses negócios de site fora do ar, sistema congestionado..., eis sem correções, tal qual foi escrito de um fôlego só:

JOGO CATIMBADO ( ENEM rativa radiofônica de futebol)

                         Precisamente o relógio marca o tempo que se faz preciso e as voltas que o ponteiro dá marcam o pouco que ainda resta pro prazo virar finado. É grande a expectativa, sendo de igual intensidade a ansiedade e o stress da torcida estudantil que tenta conseguir os ingressos. Aproxima-se o final do jogo nas inscrições do ENEM 2013 e as inúmeras tentativas de inscrição deste humilde atleta que vos narra esbarram nas insistentes defesas do goleiro Inscrição Sendo Processada e na forte marcação do zagueiro Aguarde. Lembrando aqui que nesta transmissão trabalhamos sob os auspícios patrocinativo do competitivo, inteligente e baladeiro isotônico Chá de Cadeira, aquele que cura bronquite, solidão e choradeira; olhe lá o que você vai tomar, não use qualquer chá; marque um gol, não marque bobeira, só tome Chá de Cadeira, o original que bate legal (Chá-de-Ca-dei-ra-ra) informa o tempooooooooooooooooo: não se perca no tempo nem esquente o quengo, anote aí e veja se confere com o meu roscrofe aqui. Na fração do tempo, estamos localizados no ponto equivalente a aproximadamente 32 minutos de jogo no segundo tempo, comparativamente, se estivéssemos em uma partida de futebol, ou seja, percentual e aproximadamente, 87%, ou, ainda, fracionadamente, 7/8 do tempo regulamentar decorrido; não teremos acréscimos e a catimba do sistema não será acrescida. Este resultado desclassifica meu time e o deixa de fora da próxima fase desse campeonato
. BORA HAMILTON!


EU, TAPUIO


O QUE É QUE TU QUER PILÕES?


vermes e parasitas


ESTEREÓTIPO DEMOCRÁTICO


HORA DO PRAZER


VOLTANO AO MOURÃO VOLTADO


VOLTANO AO MOURÃO VOLTADO


Andando pela vida
Passa o tempo, vem a idade
Se passa a mocidade
Encontro e despedida
Tanta coisa esquecida
Guarita, vigia e cão
Tratados na água e pão
Tinha chave e cadeado
Assim é mourão voltado
Assim é voltar mourão

Tinha chave e cadeado
Assim é mourão voltado
Assim é voltar mourão


Tinha cadeado e chave
Na certa também tramela
Pra libertar a donzela
Ache água que te lave
Num buraco que tu cave
Pra tirar o poeirão
Das quebradas do sertão
Onde teve hospedado
Assim é mourão voltado
Assim é voltar mourão

Onde teve hospedado
Assim é mourão voltado
Assim é voltar mourão


Hospedado estava
Num lugar hospitaleiro
Nem precisou de dinheiro
Não ganhava nem gastava
merendando mocotó e fava
era muita distinção
Não queria vim mais não
Tava muito bem tratado
Assim é mourão voltado
Assim é voltar mourão

Tava muito bem tratado
Assim é mourão voltado
Assim é voltar mourão









POR DENTRO DAS COISAS RISCADAS À FOGO


Longe  É
              Todo Lugar
Onde Não Possa
                     Estar
Perto De Você

Distante É Aquilo Que,

Embora Próximo,
Não Sinta
Perto De Mim

Riscado Com Tinta Da Cor Do Fogo
Que Os Cabelos
De Uma Cabeça Em Chamas
Deixaram No Rastro
De Uma Devastação
E Se Foi


UM ROTINEIRO TIPO DE ESTEREÓTIPO

imagem retirada da internet*
     Trajando bermuda, surrada, jeans, uma velha camisa polo e um chinelo que viria a quebrar as correias horas depois, me dirigia ao Beco da Morte no Mercado Municipal . Em dias de sábado muita gente evita de passar nas cercanias nesse conjunto de boxes destinados ao consumo de cachaça e tira gosto, particularmente prefiro passarinha de boi. Por lá também circulam, além de lavradores e vaqueiros, malandros, ladrões, prostitutas e puxa sacos de políticos em geral.
     Bom, na feira havia uma atividade dos alunos de letras que incentivava a leitura doando um exemplar à escolha, dentre variados títulos. Bastava responder umas perguntinhas de um questionário e escolher.A moça, simpaticamente procurou meu nome, se eu morava na cidade, grau de escolaridade: 
     - Meio envergonhado (não gosto de ficar citando escolaridade fora dum ambiente profissional), apontei-lhe 3 dedos da mão esquerda, ela olhou meus trajes e interpretou firmemente:
     - Terceira série!
     Jacobina é mesmo atrasada, discriminadora, antiga, esclareci meio sem vontade:
     - Superior.
     Ela continuou o questionário meio sem acreditar e disse que poderia escolher um livro; procurei passando por alguns livros de auto ajuda, história oficial, romances e vi um exemplar de Camões, Os Lusíadas, escolhi-o. Falei pra ela sobre as navegações, a conjuntura da época, do Classicismo, fui pro Trovadorismo, voltei pro colonialismo, voltei pra tomada de Constantinopla e recitei-lhe:
               Amor é fogo que arde sem se ver,
               é ferida que dói, e não se sente;
               é um contentamento descontente,
               é dor que desatina sem doer.
     Na última pergunta de porque tinha escolhido o título, disse-lhe que era pra presentear alguém, Camões não era o tipo de título que eu teria em minha biblioteca, achava antiquado sem graça, uma poesia enclausurada em regras, versos burocráticos.
     Me fundamento nos versos finais da Quaderna a mim transmitido por Belchior que resgatou A PALO SECO, onde poeta João Cabral de Melo Neto, afirma: "... não o de aceitar o seco por resignadamente, mas de empregar o seco porque é mais contundente.." Acredito na palavra cortante, não como defesa, mas como ataque.


A PALO SECO 

João Cabral de Melo Neto

1.1.
Se diz a palo seco
o cante sem guitarra;
o cante sem; o cante;
o cante sem mais nada;
se diz a palo seco
a esse cante despido:
ao cante que se canta
sob o silêncio a pino.


1.2.
O cante a palo seco
é o cante mais só:
é cantar num deserto
devassado de sol;
é o mesmo que cantar
num deserto sem sombra
em que a voz só dispõe
do que ela mesma ponha.


1.3.
O cante a palo seco
é um cante desarmado:
só a lâmina da voz
sem a arma do braço;
que o cante a palo seco
sem tempero ou ajuda
tem de abrir o silêncio
com sua chama nua.


1.4.
O cante a palo seco
não é um cante a esmo:
exige ser cantado
com todo o ser aberto;
é um cante que exige
o ser-se ao meio-dia,
que é quando a sombra foge
e não medra a magia.


2.1.
O silêncio é um metal
de epiderme gelada,
sempre incapaz das ondas
imediatas da água;
A pele do silêncio
pouca coisa arrepia:
o cante a palo seco
de diamante precisa.


2.2.
Ou o silêncio é pesado,
é um líquido denso,
que jamais colabora
nem ajuda com ecos;
mais bem, esmaga o cante
e afoga-o, se indefeso:
a palo seco é um cante
submarino ao silêncio.


2.3.
Ou o silêncio é levíssimo,
é líquido e sutil
que se ecoa nas frestas
que no cante sentiu;
o silêncio paciente
vagaroso se infiltra,
apodrecendo o cante
de dentro, pela espinha.


2.4.
Ou o silêncio é uma tela
que difícil se rasga
e que quando se rasga
não demora rasgada;
quando a voz cessa, a tela
se apressa em se emendar:
tela que fosse de água,
ou como tela de ar.


3.1.
A palo seco é o cante
de todos mais lacônico,
mesmo quando pareça
estirar-se um quilômetro:
enfrentar o silêncio
assim despido e pouco
tem de forçosamente
deixar mais curto o fôlego.


3.2.
A palo seco é o cante
de grito mais extremo:
tem de subir mais alto
que onde sobe o silêncio;
é cantar contra a queda,
é um cante para cima,
em que se há de subir
cortando, e contra a fibra.


3.3.
A palo seco é o cante
de caminhar mais lento:
por ser a contra-pelo,
por ser a contra-vento;
é cante que caminha
com passo paciente:
o vento do silêncio
tem a fibra de dente.


3.4.
A palo seco é o cante
que mostra mais soberba;
e que não se oferece:
que se toma ou se deixa;
cante que não se enfeita,
que tanto se lhe dá;
é cante que não canta,
cante que aí está.


4.1.
A palo seco canta
o pássaro sem bosque,
por exemplo: pousado
sobre um fio de cobre;
a palo seco canta
ainda melhor esse fio
quando sem qualquer pássaro
dá o seu assovio.


4.2.
A palo seco cantam
a bigorna e o martelo,
o ferro sobre a pedra
o ferro contra o ferro;
a palo seco canta
aquele outro ferreiro:
o pássaro araponga
que inventa o próprio ferro.


4.3.
A palo seco existem
situações e objetos:
Graciliano Ramos,
desenho de arquiteto,
as paredes caiadas,
a elegância dos pregos,
a cidade de Córdoba,
o arame dos insetos.


4.4
Eis uns poucos exemplos
de ser a palo seco,
dos quais se retirar
higiene ou conselho:
não o de aceitar o seco
por resignadamente,
mas de empregar o seco
porque é mais contundente.


*
https://www.google.com/search?q=palavra+s+cortantes&safe=off&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjYy9HJ-YvdAhWBgZAKHUrVCCcQ_AUICigB&biw=1366&bih=631#imgrc=yze5Ux5S3uyz2M:

97 DISCOS LANÇADOS EM 1974

Relacionei 97 álbuns  lançados em 1974 que já escutei nessa orelhuda jornada de apreciador sonoro. O Blues, o jazz, a soul, a música latina ...