SIMPLES E IMENSO; DENSO E INTENSO. JOÃO BÁ O VERSADOR DA INDIGNAÇÃO E DOS ENCANTOS
DR. MASTRUZ
TERRA PARA QUEM NELA TRABALHA
ELSIE HOUSTON E O FOLCLORE LÍRICO
ELSIE HOUSTON E O FOLCLORE LÍRICO
Elsie Houston era filha de um boticão estadunidense com uma carioca da comunidade portuga nascida em 1902, foi compositora e cantora dona de uma potente voz de soprano lírico spirito, passou a adolescência na Europa onde estudou canto com Lili Lehman.
Aos 20 anos conheceu o maestro e compositor Luciano Gallet e passou a harmonizar canções populares em estilo lírico. Ficou amiguxa de expoentes modernistas como: Mário de Andrade, Heitor Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Flávio de Carvalho, Jayme Ovalle, Lívio Xavier, Mário Pedrosa, Ninon Vallin, Luciano Gallet assim como dos surrealistas de Paris. Reconhecida como grande cantora lírica apresentou-se na capital francesa ao lado de nomes famosos à época e também com Heitor Villa Lobos. Ainda, em Paris, em 1927 se casou com Benjamin Péret, poeta surrealista e trotisquista, o casal morou no Brasil nos anos 1929/31 quando pesquisaram o folclore e as religiões afro-brasileiras em viagens pelo norte/nordeste. Como resultado dessa imersão enquanto o mancebo escrevia na Revista de Antropofagia e publicou “O Almirante Negro" e Candomblé e Macumba, Elsie lançaca em Paris, o livro "Chants Populaires du Brésil" e, no ano seguinte, o ensaio "La Musique, La Danse Et Les Cérémonies Populaires Du Brésil" ao tempo em que gravou várias canções com arranjos próprios.
Em 1931, nasce 1 filho do casal, enquanto Benjamin se ocupa na criação da trotisquista Liga Comunista de Oposição junto a Lívio Xavier e Mário Pedrosa, cunhado de Elsie. A agitação política lhes rendeu o distanciamento dos amigos modernistas chocados com a afronta de costumes, pelo proceder e linguajar surrealista do casal (dizem que Drummond e Mário de Andrade eram 2 dos que evitavam os encontrar). A prisão e expulsão do país pelo governo Vargas obrigou o casal voltar pra França, deixando a criança aos cuidados dá avó materna. Acabaram se distanciado e Péret, em 1936, partiu para lutar na Guerra Civil Espanhola ao lado dos Republicanos e vai morar com a pintora Remédio Varo, uma hispano-mexicana. Informada sobre o fato, Elsie retorna ao Brasil de onde ruma pra Nova Yorque; em difícil situação financeira apresenta performances de "macumba" estilizada, assim como houvera feito na noite parisiense, em boates sofisticadas; chamando a atenção pelo exotismo da cerimônia vodu (como chamavam os americanos).
Entre 1939/1940 teve um programa semanal de música brasileira pela NBC chamado "Fiesta Pan Americana".
Faleceu em fevereiro de 1943.
Em 2019 foi lançado o livro/disco "Cantos Populares do Brasil de Elsie Houston" pelo Coletivo Goma Laca formado por · Biancamaria Binazzi · Ronaldo Evangelista · Alessandra Leão · Marcos Paiva · Júnior Kaboclo · Alessandra Leão, Jussara Marçal e outros.
A Prisão de J. Carmo Gomes, as preocupações anti-integralistas de Graciliano Ramos
Projetado como capítulo inicial de um romance com 4 capítulos que Graciliano Ramos tencionava publicar no final da década de 30, “A Prisão de J. Carmo Gomes” relata a instabilidade emocional de D. Aurora, uma integralista que não se conformava com o fato do seu mano J. Carmo Gomes ser um comunista.
Num realismo longe de ser espontâneo ou, até, orgânico, mas, antes de
tudo, crítico e na sua habitual ironia mordaz, Mestre Graça desnuda as nuances
do discurso integralista em sua caracterização do que seriam “comunistas”,
gente disfarçada dentro da sociedade, agentes pagos por Moscou para prejudicar
o país, a família, a sociedade, a propriedade e a moral cristã. Não bastasse,
estariam dentro do próprio partido pagos para criar distenção interna inimigos
dentro do próprio partido que pregavam o diálogo.
A ideologia racial fascistas foi incorporada pelo integralismo, o
comunista era associado ao indígena: estampas horrorizavam imagens de índios
pelados, com orifícios nos lábios, roubavam. Pilhavam, destruíam os valores da
civilização cristã, ordeira e pacífica de um Brasil verde, da cor da esperança,
como nossas florestas
O conto desenvolve a melancolia de D. Aurora, sua frustração em não ver
o comunismo extirpado de uma vez por todas pela raiz e sua tristeza é
potencializada pela constatação da contaminação dentro da sua própria casa, na
pessoa do seu irmão J. Carmo que fora “corrompido” e militava na divulgação do
vermelhismo. Decidida a não ser acusada de esconder o inimigo dividindo o teto
com ele, ela entrega o irmão à polícia.
Nesse curto texto, Graciliano discute agitação política e suas tensões
no Brasil dos anos 30 que ilustrariam muito bem a “família” brasileira hoje em
dia
*"A
prisão de J. Carmo Gomes", apareceu como conto, numa tradução para o espanhol
em La nación, de Buenos Aires, em janeiro de 1940, e em português na revista do
brasil, ano III, n.24, do Rio de Janeiro, em junho de 1940, em 1947 foi
adicionado a Insônia como Primeiro Capítulo
*“A Prisão de
J. Carmo Gomes” foi adaptado para o cinema em 1980 por, Luiz Paulino dos Santos
como segmento ao filme homônimo ao livro, Insônia. Emmanuel Cavalcanti
(segmento “Dois Dedos“) e Nelson Pereira dos Santos (segmento “Um
Ladrão”) completam a película.
HUMILDE MÍDIA
Minha humilde mídia
Não celebra
a pátria
Em seu
desígnio
Não defende
a família
Não tem
patrocínio
Tampouco merchand
Na
inquietude
Combate a moral cristã
Em sua plenitude
Celebra amores
Relata o
cotidiano
Não esquece
das dores
Revela o
engano
Não defende propriedade
Não aceita
oferenda
Não negocia
sua liberdade
Não está
à venda
Não aceita
censura
O que
pensa é publicado
Contra a
superestrutura
Defende a ciência
Do proletrariado
PED'INCARNADA
A pedra com que quebro meu licuri
Que nem aricum toda encarnada
É da cor da vermelha
O coco que foi catado já
foi juntado
E num desafio pego
parelha
Bate, bate, baticum da
pedra ritmo ritmado
Zuada diferente em cada
orelha
Acende o fogo dessa embolada
Cada casca de coco
quebrado faz vez de centelha
Licuri maduro caino do
ingaço no meio do mato
Tão doce que o doce mel
da própria abelha
Agua dos Calderão
salobra e cristalina
Quando o sol tá quente
ela o espelha
Palha cortada, trazida
e virada
Aqui no barraco é quem
serve de telha
A pedra com que quebro
meu licuri
Que nem aricum toda encarnada
É da cor da vermelha
FUFUCA É PAÇOCA
Paçoca é fufuca
Fufuca é paçoca
É merenda das antiga
Dos trabaiadô da roça
Paçoca é fufuca
Fufuca é paçoca
Pra enganar a fome
Antes de terminar o eito
Seja por não poder comprar
Seja por não ter outro jeito
A fufuca pode a fome enganar
Cata o licuri bem seco
Ou põe ele pra secar
Se for licuri do gado
O sabor vai realçar
Se não tiver rapadura
Pode ser açúcar
Lá do pote na cozinha
Aproveita que abriu a dispensa
Traz uma cuia de farinha
Paçoca é fufuca
Fufuca é paçoca
É merenda das antiga
Dos trabaiadô da roça
Paçoca é fufuca
Fufuca é paçoca
Senta na pedra
Pra quebrar o coco
Toda essa força bruta
Vê se manera um pouco
Pro bago não esbagaçar
Fica muito trabaioso
Se com as cascas misturar
Vai ser perda de tempo
Se tiver que catar
bagaço não pode não
Terminano o serviço
Hora de pegar o pilão
limpe o bicho direitinho
Solta o braço, desce a mão
Tritura essa mistura
Esbagaça grão em grão
Passano na peneira
Tá pronta a ração
Paçoca é fufuca
Fufuca é paçoca
É merenda das antiga
Dos trabaiadô da roça
Paçoca é fufuca
Fufuca é paçoca
É merenda das antiga
Dos trabaiadô da roça
MURRO EM PONTA DE AÇO
No lombo bate a pancada
Como se fosse ingaço
A dor por cima do ombro
Enverga o espinhaço
A carne cortada
Pela ponta do estilhaço
Moe, remoe
Devolveno só o bagaço
Do pescoço capturado
Pela ponta do laço
Desde então resistir
É tudo que faço
Dando murros
Na ponta do aço
GALOPE DA PEDRA QUEBRANO
A pitangueira fulorou
Manheceu na lua nova
Natureza em movimento
É vida que se renova
Divaga meu pensamento
Na batida da pedra tiro a prova
É na curva do gavião da foice
Que seu Tsiu pica o fumo
Depois de 2 baforadas
A conversa toma rumo
No fogo da sua cabeleira
Brilhante que nem seu olhar
É aonde a minha chama
Vai se alimentar
Licuri na caatinga é coco
Com coco se faz cocada
Além de se fazer o repente
A cocada é doce
Adoça a vida amarga
Quebra um pedaço no dente
Alivia o peso da carga
dibaxo desse sol quente
Beijei os seios dela
Imbaxo da cachoeira
Meio afoito, meio sem jeito
Saboreando e delirando
língua no bico do peito
Não pude conter, me apaixonei
Por uma moça, que já era, comprometida
Guardei isso pra mim, eu me calei
Fiquei na minha, não disse nada
Desde então, por mais ninguém me interessei.
Sempre que ela passa na minha rua
É lindo o seu vestido
Mais belo deve ser
ela nua
Os seus cabelos sobem
ao vento
Geram uma brisa
Que sopra no meu pensamento
Arreparo a parede
Sem saber o que dizer
Nem o tempo ou a distância
Conseguirão fazer
Não tem jeito nem maneira
Pra que possa
esquecer
Porque fui me
apaixonar
Por esse par de olhos
Amendoados, encantadores
Sem saber que me trariam
Tristezas e dissabores
A pitangueira fulorou
Manheceu na lua nova
Natureza em movimento
É vida que se renova
Divaga meu pensamento
Na batida da pedra tiro a prova
Que seu Tsiu pica o fumo
Depois de 2 baforadas
A conversa toma rumo
No fogo da sua cabeleira
Brilhante que nem seu olhar
É aonde a minha chama
Vai se alimentar
Licuri na caatinga é coco
Com coco se faz cocada
Além de se fazer o repente
A cocada é doce
Adoça a vida amarga
Quebra um pedaço no dente
Alivia o peso da carga
O GENRO SEM SORTE
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