ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho próximo.
Compositor de mais de 200 músicas e gravado por algumas dezenas de artistas, Jacobina fez parte do Grupo Vocal Negro Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, tendo sido co-autor (com Murilo Latini) de O Uirapuru, a música mais marcante do grupo, gravada em 1962. 
Antes disso, no ano anterior, ele emplacou, ao lado de Jair Amorim , Água Com Areia, sucesso na voz do rebento de Dalva de Oliveira e Erivelto Martins, o menino Peri Ribeiro.
Tempos depois, em 1966, o grande Maestro Peruzzi incumbiu o cantor Nilson do Trio 3 Tons que formasse um grupo pra gravar um disco de músicas selecionadas no estilo Nilo Amaro. Nilson (em 70 rebatizado de Denilson) entendeu muito bem o recado pois havia feito parte dos Cantores de Ébano tendo entrado no grupo com 15 anos de idade e formou "Os Uirapurus” com o baiano ex colega dos Cantores de Ébano, Jacobina e Paula (mineira), Caetano (carioca), Hermes Rezende, o Cuiabano que fazia o baixo (matogrossensse), Jorge (fluminense), Adéila (paulista) e Darci (paulista).
Após muitas ensaios e apresentações, 2 anos depois foi lançado esse disco que ficou uma belezura harmônica lançado pelo Odeon com produção do próprio Peruzzi e Milton Miranda e direção musical de Lyrio Panicali.
Houve um outro grupo Os Uirapurus que gravou o compacto Subi No Morro em 1962.
Maria Rita (Geraldo Vandré), Vola Enluarada (Marcos e Paulo Sérgio Valle), Capoeira (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), Por Isso Estou Aqui (Roberto Carlos), Menino Do Braçanã (Luiz Vieira), Saudade De Você (Darci Chagas), Sabiá Lá Na Gaiola (Hervé Córdovil e Mário Vieira),Chô Chô Tristeza (Jacobina), Eu Vou Mandar Buscar O Meu Amor (Jacobina)
Como É Grande O Meu Amor Por Você (Roberto Carlos), Nuvem Branquinha (Sérgio Reis) e Travessia Milton Nascimento e Fernando Brant)

O NEGRO ESPIRITUAL (Nobody Knows the Trouble I've Seen)

Marian Anderson fez o primeiro registro dessa música em 1925 e ela fez sucesso imediato pois era SPIRITUALS originária dos tempos da escravização e se tornado popular nis tempos da Guerra de Secessão. cantada pelos negros. Logo em seguida a arte musical negra começou a abrir espaços na chamada música clássica através de artistas como Samuel Coleridge-Taylor , Henry Thacker Burleigh e J. Rosamond Johnson que, em 1917 apresentou os arranjos para voz e piano de "Nobody Knows the Trouble I See" em uma apresentação com seus alunos do New York Music School Settlement for Colored People, instituição que dirigia e foi um farol que serviu de abrigo para artistas negros que de lá disseminaram o que podemos conhecer como a moderna música negra afro-americana.
Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano foi a minha primeira audição dessa música, inda bem menino aquele jogo vocal me impressionava; comi não entendia nada de inglês aprendi a escutar sem a conotação de servidão ideológica que a letra traz, aliás, por ser uma canção espiritual recolhida na oralidade, o textual se apresenta sob diversas versões, mas todas com o tom religioso. 
A procura de versões diferentes dessa música me fez descobrir que muitos artistas da música negra americana a registraram, alguns que vim a descobrir nessa pesquisa e isso abriu portas para conhecer trabalhos maravilhosos. 
É difícil escolher uma só pra dizer que é a versão preferida mas escolhi essa de Chat Baker pois sua rebeldia pra mergulhar nos precipícios abissais das notas explorando loucamente o infinito delas sem obedecer os limites das claves, coisa de quem jamais esquece da dor. Mas já ouvi com: Louis Armstrong, The Brother Fours, Sam Cooke, Paul Robeson, Magalhães Jackson, The Dixie Hummigbirds, Pastor T.L. Barrett And The Youth For Christ Choir, Golden Gate Quartet, Nat King Coke, Randye Jones, Winton Marsals, Grant Green, Lena Horne, Richie Havens, Sam Cooke, Louis Armstrong e Ella Fitzgerald, Albert Ayler, Lilian Boutté, Andy Hamilton, Ben Webster, Charles Brown, Bayard Hustin e mais umas dezenas de gente

VALEU CONTERRÂNEO

 
Nascido em 08 de julho de 1931, na Fazenda Xique-Xique, município de Jacobina-Ba, o cantor, músico e compositor Valdemar Ramos de Oliveira faleceu ontem (10/04/2024) na cidade de Várzea do Poço na Bahia. Mais conhecido nas Quebradas sonoras pelo nome de Jacobina, o compositor foi gravado por artistas como: Miltinho, Ângela Maria, Sérgio R eis, Pena Branca e Xavantinho, Caetano Veloso, Agnaldo Timóteo, Anísio Silva, Jair Rodrigues, Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano  dentre outros.
Jacobina deixou o Sertão aos 17 anos e chegou ao Rio de Janeiro em 1948 em busca do seu sonho de artista e por mais de 40 anos sobreviveu exercendo diversas funções pra complementar o orçamento enquanto batalhava com suas composições e, como músico, acompanhou vários artistas.  Fez parte do lendário grupo de Nilo Amaro, Os Cantores de Ébano e participou da fundação do grupo Os Uirapurus. 
Dentre seus parceiros, destaque para Dorival Caimi e Murilo Latani com quem compôs um clássico do cancioneiro nacional,  o Uirapuru, música registrada em mais de 30 fonogramas mas que ficou marcada pelo baixo vocal de Noriel Vilela com Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano,  os primeiros a trazerem pra nossa música os "spirituals", que eram os cantos dos negros escravizados no Sul dos EUA. Estas cantigas  evocavam a  religiosidade,os costumes  tradicionais ou davam a letra de revoltas  e rotas de fuga, os spirituals foram super importantes para a preservação da cultura e da identidade do povo negro na América do Norte. Toda black music veio daí: gospel,  jazz, soul, blues, R&B, Bebop.
Fazia por volta de 30 anos que o Réio voltara pro sertão onde continuou a sua produção artística, contando as histórias e fazendo amigos. 



PROCEDER DE QUEBRADA

O Bairro do Capão Redondo tem a fama de ser a Quebrada de SP mais citada Brasi a fora, todo mundo sabe. O que poucos sabem é que antes da fundação do bairro existia a rua homônima. Aliás, ainda existe com placa na esquina e tudo; conheço essa rua há mais de 30 anos, desde que comecei andar pelos lado da Vila Remo e da Curva do Figueira pra pegar ônibus na M'Boi Mirim.
Hoje eu fui na citada rua pra ver uma instalação elétrica pra reparar; fui direto do trampo e um pequeno cochilo eu já estava na Menininha, havia passado um ponto; desci e peguei outro voltando.
No caminho de casa vim, de ônibus, pelas Estradas do Giavirutiba e Guarapiranga e desci na Antena da Record e fui caminhando pra casa, são 10 minutos pela sombra e a visão parcial da Represa do Guarapiranga e Interlagos na outra margem.
Domingo de manhã, uma senhora que não conheço seguia no mesmo caminho, um meio metro à frente. Como não avistei mais ninguém ativei o protocolo do proceder; parei embaixo de uma árvore e esperei que a senhora se diatanciase uns 50 metros e continuei a caminhada no mesmo ritmo que ela seguia pra não me aproximar.
Isto dá tranquilidade à mulher e permite que a distância da sua presença iniba algum ataque caso ela sofra alguma importunação. O Bairro do Capão Redondo tem a fama de ser a Quebrada de SP mais citada Brasi a fora, todo mundo sabe. O que poucos sabem é que antes da fundação do bairro existia a rua homônima. Aliás, ainda existe com placa na esquina e tudo; conheço essa rua há mais de 30 anos, desde que comecei andar pelos lado da Vila Remo e da Curva do Figueira pra pegar ônibus na M'Boi Mirim.
Hoje eu fui na citada rua pra ver uma instalação elétrica pra reparar; fui direto do trampo e um pequeno cochilo eu já estava na Menininha, havia passado um ponto; desci e peguei outro voltando.
No caminho de casa vim, de ônibus, pelas Estradas do Giavirutiba e Guarapiranga e desci na Antena da Record e fui caminhando pra casa, são 10 minutos pela sombra e a visão parcial da Represa do Guarapiranga e Interlagos na outra margem.
Domingo de manhã, uma senhora que não conheço seguia no mesmo caminho, um meio metro à frente. Como não avistei mais ninguém ativei o protocolo do proceder; parei embaixo de uma árvore e esperei que a senhora se diatanciase uns 50 metros e continuei a caminhada no mesmo ritmo que ela seguia pra não me aproximar.
Isto dá tranquilidade à mulher e permite que a distância da sua presença iniba algum ataque caso ela sofra alguma importunação. 

97 DISCOS LANÇADOS EM 1974

Relacionei 97 álbuns  lançados em 1974 que já escutei nessa orelhuda jornada de apreciador sonoro.
O Blues, o jazz, a soul, a música latina e a  africana mereceriam capítulos à parte, falta uma maior incursão no brega,  no forró  e na música  caipira. 
Inda falta destacar a música africana 

Mote e Glosa- Belchior 
A Dama do Nordeste  - Marinês 
Paulo  Diniz - Paulo Diniz
Montanha Russa - Trio Nordestino 
O Fole Roncou - Luiz Gonzaga 
Secos e Molhados  - II
Dracula  O Love You- Tuca
Molhado de Suor - Alceu  Valença 
Fernando  Mendes - Fernando Mendes 
Você  Prometeu  Voltar  - Diana 
On the Border -  Eagles
Snegs - O Som Nosso de Cada Dia
Do Romance ao Galope Nordestino - Quinteto Harmonial 
Tem Fuzuê - Abdias dos 8 Baixos
Isto É Que É Carimbó - Conjunto De Carimbó Canarinho De Marapanim · Mestre Lucindo
Rejuvenation - The  Meters
Too Much Too Soon - New York Dolls
Vanusa - Vanusa 
Rock'n Roll Animal - Lou Red
Casa das Máquinas - Estreia do Grupo 
Ave Sangria - O Disco Icônico 
Autobahn -Kraftwerk
Cangaceiros do Nordeste  -  Ary Coutinho, Joãozinho da Sanfona, Severino Barros e Severino Januário.
Coro dos Tribunais - Zeca Afonso 
Burn - Deed Purple
Borboletta - Santana 
Dominguinhos e Seu  Acordeon - Dominguinhos
Retrato de Um Forró  - Mestre Camarão 
Cartola- Primeiro Disco Solo
Crime of the Century - Supertramp 
Down to Earth - Nektar
Flavíola e Os Filhos do Sol - Flavíola
Volume  2 - Pinduca
Volume 3 - Noca do Acordeon
Fulfillingness' First Finale - Stevie Wonder 
Gita - Raul Seixas
O Rei do Carimbó Volume 2 - Alípio Martins
Lembranças  - Odair  José 
Siriá - Mestre Cupijó e Seu  Ritmo 
Heroes Are Hard to Find - Fleetwood Mac
Hell  - James Brown 
Light Of Love  - T-Rex
Naty Dread - Bob Marley & The Wailers
War Child - Jethro Trull
Waterloo - ABBA 
José Roberto e Seus Sucessos Volume 8 - Zé  Roberto
Volume 8 - Paulo Sérgio  
Segue Teu Caminho  - Waldick Soriano
Nossas Raízes- Jackson do Pandeiro 
Samba Sem Hora Marcada - Noite  Ilustrada  
José Ribeiro  1974 - Zé Ribeiro 
Destellantes - Los Destellos
El Picottero - The Latin Brothers 
Con Sabor a Cuba- Pedro Miguel Y Sus Macaraibos
 É Proibido Cochilar -  Os 3 do Nordeste 
El Poder Verde  - Los Mirlos
Un Pobre No Mas - Los Humildes 
Recuerdos de Una Noche - Los Pasteles Verdes
Lo Máximo  - Hector Rivera e His Orquestra
En Una Nota - Monguito Santamaria 
Pra Que Tristeza  - Os Originais do  Samba
Toma Mi Saxo - Toño Reyes Y Sus Psicodélicos 
Celia e Johnny - Celia Cruz e Johnny Pacheco 
Latin Soul-Rock - Fania All Stars
Heavy Reggae - The Innercircle  
Mi Vida Como Un Carrusel - Los Angeles Negros
In The Dark - Toots & The Maytals
Dub Frpm The Roots - King  Tubby
Rocking Time  - Burming Spears
Skyp Aroy  - The O'Jays 
The Revolution Will Not Be Televised - Gil Scott-Heron
Sweet Exorcist - Curtis Myfield
Body Heat - Quincy Jones
Street Lady - Donald  Byrd
Heady Hunters - Herbie Hancock
Blacks  and Blues - Bobby Humprey
Singels  Billie Holiday  - Nina Simone 
Graham  Central Station - Graham  Central Station
Up For The Down Stroke - Parliament
Truck Turner - Isaac Reyes
Nutbusch City Limits -  Ike & Tina Turner
Black Eyed Blues - Ester Philipps
Friends - B.B. King
I Can't Stand The Rain - Anna Peels
Come A Little Closer - Etta James
Makossa Man - Manu Dibango
Three The Hard Way- The Imoressions
Luiz Gonzaga Jr. - Gonzaguinha
Assim Assado - Assim Assado 
El Arbor Que Tu Olvidaste - Atahualpa Yupanqui
Triângulo  (Volumen V) - Pappo's Blues
She Was Too Good To Me - Chet Baker 
Dois Sujeitos Incrementados - Elino Julião e Messias Holanda
Canta, Canta Minha Gente - Martinho da Villa
Nightlife - Thyn Lyzzy
À Queima-Roupa - Sérgio Godinho
Eu Chego  Já  - Jacinto  Silva



MANO CRIS (EU DISSE QUE IA)

Trabalhei de 6 da noite

Até 6 horas do dia 

Serviço de manutenção 

Horário de vigia

Só quem trampa no ABCD

E tem que voltar pra Osasco 

Pode mensurar a dificuldade  da jornada 

Que eu enfrentaria 

Ia na Quebrada do Cris 

Achando que o surpreenderia

Com certeza ele duvidara 

Quando disse que seu convite 

Eu atenderia 

Marquei que na sua Quebrada 

No domingo eu iria 

A logística do transporte 

Obra de Engenharia 

No ponto da Anchieta 

6 e meia  embarcaria

8 e meia em Osasco 

Do trem  eu desceria 

Dali em diante ficou certo 

Ele orientaria

Qual ônibus que pegava

Em qual ponto desceria 

Depois do cemitério 

Do farol eu voltaria 

De logo encontrei uma treta

Na porta da bicicletaria

Vagabundo vai pro chão 

Mecânico providencia

Noia não dorme de noite 

Pra atrapalhar o dia

E agora o que faço 

Entrei na mercearia

Bom dia Dona Menina

15  balas de banana 

Da sua mercadoria 

Cadê Cris que demora 

De subir a Escadaria 

Mas logo ele chegou

Fez valer a correria

Uma volta na Quebrada

Gastamos uma micharia 

Ficamos muito loucos 

Domingão só alegria



ESTILO NEGO DITO (Nas Quebradas do Itamar )

Vem Neném,
Neném Venha 
Caso objeção não tenha
Ou não precise de senha 
Venha !
Caso não lhe seja vilte
Aeh o convite,
Pastel na Vila Matilde,
Como !
Como não ?
E se fosse na Penha?
Então venha!
É como se fosse na Penha. 
Ficamos de bobeira 
Debaixo da figueira 
Sem eira nem beira
Feito pastel desfeito 
Caldo de cana na Feira

OUTRA VEZ O AMOR

Na beira do Maracaçumé

Assobiando  e fazendo canções 

Adelino fez sua profissão de fé 

A sina de confortar corações

Cantando as peças que o amor prega 

Com suas  tristezas e desilusões 

Sucessos  inesquecíveis da música brega 

Cantados por um passarinho 

Aninhado no Maranhão 

Estava triste por ter  amado

A quem só lhe devolveu  a ingratidão 

Uma dor alojada em seu coração

Movia e comovia o embriagado 

Cantor apaixonado do povão


Bebia, bebia porque sofria

Bebia assim como eu

Quem nunca bebeu algum dia

Nem amou nem tampouco sofreu

Bebe chora  feito  menino

Quem lembra é  porquê  não esqueceu 

Quando lembrou doeu

Tava escutando  Adelino


Quando  conheci Madalena 

Ouvindo Adelino eu estava

O passado hoje condena

Bebia cachaça e chorava

Inda choro pois ainda  sei

Que quem tanto amei

Na verdade não me amava.


Vou deixar este bar

Sair pela rua, vou caminhar

Me iludi novamente 

Vou me apaixonar 

Sempre na minha mente 

A ideia é  quente 

Um dia a gente 

Vai se encontrar 

Seja por onde for

Quero ver o desejo se realizar 

Ao som do considerado cantor

Aprecio a sua  beleza 

Esqueço a  tristeza 

Outra vez o  amor 

BATUQUE NO MEU CORAÇÃO

Frevo, galope, merengue, baião
Frevo, galope, merengue, baião
Tum, tum, tum, tum
Tum,  tum por você 
Batuque no meu coração 

Na Estação do Metrô 
Fingiu desconhecer
Nem me viu entristecer
Esqueci onde vou
Desembarcou no caminho 
Trecho sigo sozinho 
Faz frio onde estou 
Vazio  é  o ambiente 
Passado, futuro, presente 
Parece que se acabou 

Frevo, galope, merengue, baião
Frevo, galope, merengue, baião
Tum, tum, tum, tum
Tum,  tum por você 
Batuque no meu coração

RAPIDINHA ( A Crônica do Dia Seguinte)

Bom dia mina bela
Esse cheiro  de tabela 
Me deixou instigado  
Vamos bolar  outro  baseado
Só  porque  tu quer que tu se vai 
De por mim você não sai
Me causaria  ciúmes
Se tivesse nos perfumes 
Passeando por aí 
Imbecada e cheirosa 
Altiva e gostosa 
Enquanto eu aqui
Lavando louças  e talheres 
E a mais bela das mulheres 
Me deixando louco 
Uma noite foi, é,   pouco 
Vou dar um talento na cozinha 
Deixa o chão pra limpar depois
Inda dá  tempo nós 2
Dá  uma rapidinha 
Aproveitar a hora 
Antes que voce vá embora

ONDE NENA ESTÁ ?

A casa onde ela morou 
Ainda está lá 
Lá no mesmo lugar
A casa onde ela morou 
Ainda está lá 
Lá no mesmo lugar.
Nena não mais mora lá 

De cima do   morro
Deu  pra avistar 
Naquele mesmo lugar
Reparei  em certa casa
Pra que fui  me lembrar ?
Uma certa tristeza 
Tempo não vai voltar 
Mas o passado tá lá 
Lá no mesmo lugar 
Fui me apaixonar 
Danei a recordar 
Dicidi no rompante 
Eu vou é lá 
Onde Nena morou
Quem sabe ela tá  lá 
Lá no mesmo lugar
Onde a casa está 
Porta  fechada 
Casa distiorada
Sem ninguém pra informar 
O que iria perguntar 
Que foi que aconteceu?
Onde Nena está ?
Pr'eu poder encontrar 
Isso me entristeceu 
Serviu pra confirmar 
Parte de mim que morreu 
Não quis acreditar
No tempo já se perdeu 
E eu a procurar 
Esquecer não dá 
É difícil aceitar
Nena não mais mora lá 

A casa onde ela morou 
Ainda está lá 
Lá no mesmo lugar
A casa onde ela morou 
Ainda está lá 
Lá no mesmo lugar.
Nena não mais mora lá


http://prosiado.blogspot.com/2023/12/onde-nena-esta.html

DE SANFONA E SANFONEIROS


Fui vizinho de 2 sanfoneiros, um deles, Zé  inda vivo, diz que foi Luiz Gonzaga o maior sanfoneiro de todos,  Zé Paraíba, o segundo ; pro outro , Manoel, era Zé Paraíba (o que mais vendeu discos) e pronto! Pra mim que já devo ter ouvido mais de mil discos de forró, foi Noca do Acordeon, mas Luiz  Gonzaga dizia qie 0 Rei da Sanfona, era  Mário  Zan. Dominguinhos tá no time dos craques, modernizou o modo de ser tocador, agregava, era humilde e tocava e trabalhava muito. Mas tem a trinca dos 8 Baixos,  Gerson Filho, Zé Calixto e Abdias que além de fazer seus discos ajudou quase todos nos primeiros 30 anos do forró fonográfico . Outros como Camarão, o visionário que montou a primeira banda pra  forró, Arlindo dos 8 Baixos,  Manoel Maurício, Geraldo Correia são menos conhecidos do público mas muito respeitados por seus pares que o tratavam em pé de igualdade. Cesar do Acordeon  o Abianto, foi fantástico; Duda da Passira gravou ne mais de 3 mil fonogramas 3 também um disco só Tocano Noca, que nem fez Chico Justino, o talento rústico da sanfona cearense. Voninho no rasqueado araguaia-pantaneiro é outro tocador  de lascar. Lili Meio, uma alagoana muito retada que gravou alguns discos tocando sanfona  se vestia dw cangaceira
A Casa de Januário é um caso à parte, a família chegou a ter um programa semanal de rádio, Chiquinha, a caçula era danada e no xaxado num perdia pra ninguém; Zé Gonzaga era retado e tirava onda quando queria tocar só nos baixos, era o mais moderno, autor de Baião Psicodélico e Baile da Tartaruga. Severino Januário era o dono das 8 Baixos e tocava o baião bem batucado. Na casa de Dideus, pai de Zé  Calixto, ainda  saiu Luizinho Calixto e Bastinho, figura importante na popularização do brega ao lado da companheira,  Hermelinda e seu cunhado Oseas, também sanfoneiro do Trio Mossoró que virou  Carlos André  um dos maiores vendedores de disco do gênero 
Lindu além dw grande voz era excelente o instrumentista e arranjador do Trio Nordestino. O gaúcho Chiquinho do Acordeon era maestro arranjador  e foi parceiro de Abdias durante seu tempo de CBS fazendo a direção musical 
Pedro Sertanejo é o pai do pé de serra e ainda trouxe o seu filho Oswaldinho, talvez o mais completo sanfoneiro da história ao lado de Sivuca.  Ao lado desses 2 últimos, Dominguinhos formou a fabulosa trinca que gravou  discos pra Zé Ramalho, Genival Lacerda e pra Gonzagão; também gravaram Cada Um  Belisca Um Pouco,  ápice do imstrumental sanfônico.
Certa feita, fazendo um show em Jequié, terra de Noca, Dominguinhos disse que certa feita fez uma música e deu a fita pra Noca gravar mas ele ninca respondeu. Noca tinha um temperamento difícil e era meio retraído do "mundo artístico " preferia se enfrentar em temporadas pelo sertão onde ia curtindo a vida e fazendo os shows que apareciam e em todo lugar queriam show de Noca.
Boto na conta de Sivuca e Dominguinhos de na marcha modernizatica pra ampliar o mercado do forró  eles acabaram acelerando a derrocada de uma cena muito popular, arraigada no Nordeste e entre os imigrantes no sul; muita mesa focou sem comida  enquanto os  artistas da classe média foram tomando o lugar da turma forrozeira com ajuda da televisão e das fm's.
Oswaldinho eu acho um grande produtor desde o primeiro de Tororó do Rojão e depois o de Jacinto Silva onde o piano entrou no coco de embolada, os discos de Raimundo Sodré e até desenvolvimento da primeira sanfona eletrônica contou com a sua consultoria pois os anos de sanfona castigaram sua coluna e p peso  dela a tornou dolorosa pra ele. 

AS COISAS DAS ALAGOAS

Há 60 anos o Trio Nordestino lançou, do baiano Gordurinha Carta a Maceió  falando sobre o deslumbramento de um alagoano com a então capital federal.  Maceió que ganhou outro hino quando Carlos Moura escreveu Minha Sereia, que fez grande sucesso na Bahia  onde toca  até  hoje.  

Pode reparar que muitos ritmos  e modalidades têm sua variante alagoana: xaxado, martelo, pagode, baião, galope, pife, maxixe, samba, coco de roda, folguedos, reisado , chegança, coco-ciranda  .... e está por lá um dos nossos berços musicais. Baião das Alagoas gravado ppr Paulo Diniz gravou, de uma parceria com Juhareiz Correya, el Baião das Alagoas em 76 eu acho um dos baiões mais bem arranjados que já  ouvi . Gonzaga  e Clara  Nunes gravaram Viola de Penedo  de Luiz Bandeira, lindo   baião de viola. Alceu,  no ápice do udigrudi fez Espelho Cristalino que batizou o disco e a mina da história era uma baiana que morava em Maceió  Alceu também gravou Martelo Alagoano no disco Cavalo de Pau; Zé Ramalho também tem uma música batizada de Martelo Alagoano.   Tororó do Rojão, o Manoel  Apolinário, craque de bola e do ritmo, alagoano que viveu e faleceu em Maceió, Sigura Minino

Foi nas Alagoas que Manoel Biano há 100 anos iniciou  o Zabumba Cabaçal que ainda hoje vive no Zabumba Caruaru. Chiquinha Gonzaga gravou Xaxadinho  das Alagoas com seu irmão Zé Gonzaga;  Lili Melo  gravou Xote Alagoano; Pedro Sertanejo gravou Forro. Alagoano e seu filho Oswaldinho o imitou  

No  célebre disco de Waldete e Seus Cometas, Adeus Jacobina  tem samba de zabumba e isto é coisa do sertão baiano na divisa alagoana. Joana Flor das Alagoas  acho uma das mais belas de Elomar 

Das Alagoas vem o batuque de Palmares, tronco raiz da insubordinação negra e esse é  um capítulo muito grande pra fazer aqui. O Aboio e a Cantoria de Repente, assim como o  Coco de Embolada, também. Sabido que vem de lá  a literatura universal de Graciliano  de Vidas Secas   São Bernardo. 

A  cultura alagoana chegou até mim através dos imigrantes que vieram pra região trabalhar nas monoculturas do algodão nos anos 30/40 do século passado; depois vieram o feijão, a mamona e o sisal. Muitos acabaram ficando  por aqui e a proximidade do Rio São Francisco  tornava não tão longe esse o intercâmbio.  Atraves desse povo nas visitas, conversas, convivência muito aprendi sobre lá.

Tanto ainda teria pra dizer o quanto me influenciou as coisas da terra alagoana 

https://youtu.be/jBgT4_qQMog?si=rFH5T8hJg2hCMf3q


A LITERATURA ME FEZ ESCREVEDOR

     O  uso intenso da capacidade de enxergar que tive ao longo de longos  45 anos de leitura interpretativa me remeteram ao uso do auxílio luxuoso de óculos; diei uns 6 anos pra me resignar ao fato e já tem 2 meses da adquerência do bólido ótico e ainda não acostumei.
   A leitura foi um dos grandes prazeres que desfrutei e na tentativa de acostumar-me com a careta nessa cara que já é feia, vou revisitar os livros mais impactantes que li nessa sofrida vida de leituras 
Vidas Secas, de Graciliano Ramos , abrirá a lista pelo impacto de ver no livro o que eu menino via na realidade  do meio pobre desse sertão do qual eu descendia e fazia parte. A escrita concisa, estilo árido e único de um homem mais que cético, um desacreditador, um incrédulo na bondade e  na fraternidade humana, ele previa que o  triunfo da usura e da avareza seria duradouro; não haveria amor. De lá até hoje o tempo mostra que havia razão pra angústia do escriba alagoano de Quebrângulo; aliás, Angústia é outra magistral obra dele assim como Insônia, São Bernardo, Memórias do Cárcere, Alexandre e Outros Heróis é o realismo fantástico do escritor; a parte lúdica assim como Terra dos Meninos Pelados fantástico conto surreal de quem domina a ciência da transmissão pela linguagem da imensidão imaginativa .
Pra mim, Graça tá entre os maiores da literatura universal .
Clara dos Anjos do outro monstro universal, Lima Barreto que tem obras da estatura de Recordações do Escrivão Isaías Caminha,  Triste Fim de Policarpo Quaresma; sua coleção de contos é insuperável, consciente da sua classe, da sua cor e do destino reservado à gente da sua cor, combateu com a escrita, corroendo-se no álcool, a morfina dos sonhadores do impossível e,  cientes disso, caminham corajosamente para o fim. Ele deixa esse recado através do consciente delírio final do poeta Leonardo Flores .
     0s Irmãos Karamazov de Dostoievsky e Guerra e Paz também é incrível, O Cortiço de Aluízio Azevedo, Terra e Paz de Tolstói, Germinal de Émile Zola, A Mãe de Gorki,  O Romance Histórico de Luckacs, Crônica de Uma Morte Anunciarada de Garcia Márquez, A Montanha é Muito Mais Que Uma Imensa Estepe Verde de Tómas Borges, 
Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva, 10 Dias Que Abalaram o Mundo de John Reed, Enterrem Meu Coração na Curva De Um Rio  de Dan Brown...
Já dobrei a esquina da vida e sei que não revisitarei todos até porquê tem dezenas de outros que não li e... quem sabe?
Hamilton Britto

ADEUS JACOBINA

O Vei Jacobina, pseudônimo de Valdemar Ramos Oliveira que faleceu essa semana no sertão da Bahia dend'os 93 anos que ia interar em julho...